Cap. 134

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- Posso me sentar aqui?  - perguntou minha mãe

- Claro né mamãe, o que esta fazendo acordada ainda? - perguntei

- Seu pai me acordou, me ligando. - disse ela pegando um pouco de água também.

- E o que ele queria? - perguntei assustada

- Perguntar se eu já estava saindo da casa. E que era para eu fazer isso rápido pois ele precisava da casa livre e então eu disse para ele não dirigir a palavra a minha pessoa e qualquer assunto deve ser tratado com o meu advogado e tudo que ele havia dito vou fingir que nunca aconteceu. - disse ela.

Ficamos quietas por um tempo, ela mexendo no celular e eu olhando pro tempo.

- Mas e você querida, por que esta acordada? - perguntou ela fechando os aplicativos no celular.

- Sem sono apenas mãe. - disse

Ela deu uma risadinha e não insistiu, me deu boa noite e voltou para o quarto. Nos duas nunca tivemos aquela coisa de mãe e filha que contam tudo uma para outra, também sei de coisas sobre minha mãe que jurei guardar comigo para sempre, tipo o fato de quando meu pai viajava a trabalho ela chamava homens para ir em casa. Mas é claro que ela sabia também que meu pai não era nenhum santo, ainda mais com as secretarias dele que sempre foram quase modelos.

Continuei tomando água e pensando na vida enquanto meu celular vibrava constantemente.

- Ema estou de procurando sua doida. - disse Thomas entrando na cozinha

- Nada, só fiquei sem sono, discuti com o Gustavo, e vim tomar água. - disse

- Gente, vocês dois são terríveis, se eu não soubesse da história de vocês e dos seus incontáveis motivos para não dar outra chance para ele te chamaria de idiota porque ele é um partidão além de gostoso. - disse ele pegando uma maça.

Rimos um pouco e ele se sentou ao meu lado, começou a cortar a maça e a me dar alguns pedaços.

- Só você mesmo. - disse

- Sobre o que você estava refletindo quando entrei? - perguntou ele

- Sobre como sou parecia com minha mãe. Em tudo. - disse

- Tipo ? - perguntou ele

- Não é o tipo de assunto para se ter por aqui, quem sabe outra hora, em outro lugar. - disse

- Entendi. - disse ele.

Me levantei e abri a geladeira, peguei alguns morangos, chantilly, uma garrafa de vinho e outra de água e fomos nos sentar na garagem.

Entramos dentro do meu carro, e o perfume do Miro ainda estava lá.

- Nossa que cheiro gostoso. - disse Thomas ao fechar a porta.

- Perfume do Miro. - disse.

- Que com certeza você já pegou também. - disse ele colocando chantilly nos morangos.

- E como. - disse.

- Mas me conte sobre o que você tem de tão parecido com sua mãe. - disse ele de boca cheia.

- Acho que nunca contei isso para ninguém, quando eu era pequena minha mãe traia meu pai em cada viagem que ele fazia. - disse

- Como assim to chocado, sua mãe. - disse ele espantado.

- Fala baixo seu doido. Sim minha linda mãezinha que tem aquela carinha de anjo. Lembro que uma vez levamos meu pai no aeroporto e depois fomos ao shopping, sentamos numa cafeteria, pedi um chocolate quente e ela um café e uma porção de pão de queijo. Logo que a bandeja chegou havia um bilhete escrito num guardanapo "Duvido que ela seja sua filha. Você tem o corpo mais belo que já vi para quem já é mãe." minha mãe olhou em volta e no fundo da cafeteria havia um homem, bonito pelo que me lembro, de barba não muito grande, aparentava ter uns 40 anos, nem magro e nem gordo, de terno, assim que minha mãe o viu ele levantou a xícara de café. Então ela respondeu "Sou mãe de duas, duas lindas meninas adotada, embora uma não viva mais comigo, só essa princesa." e embaixo seu nome e telefone. - disse

- Caramba e você lembra de tudo isso assim. - disse ele

- Nunca me esqueci ele foi o primeiro de muitos dela, mas ele vinha em casa quase sempre, me trazia perfumes e presentes importados, quando meu pai perguntava, ela falava que havia encomendado de uma amiga. - disse

- Mas até quando você viu ele, ela ainda tem contato com ele? - perguntou Thomas.

- Bom, ele é o advogado dela. - disse - Na primeira vez que ele veio, foi no mesmo dia na verdade, eu estava correndo pela casa que nem uma doida como fazia sempre, a campainha tocou e então a mãe do Miro foi abrir a porta e convidou para entrar, eu estava acho que descendo a escada pois estava na hora da minha janta e trompei com ele. Lembro que ali foi o primeiro presente, uma boneca toda rosa, eu agradeci e sai com a tia (mãe do Miro). Vi minha mãe chegando e convidando ele para entrar no escritório dela. Lembro que toda noite ele vinha e minha mãe não jantava comigo, então eu parei de jantar em casa e jantava na casa da tia com o Miro. - disse comendo mais um morango e tomando um pouco de vinho.

- Continua to adorando. - disse Thomas.

Eu dei risada da cara dele todo atento e com um bigode de chantilly na cara.

- Bom eu cresci me envolvi com o Gustavo, e um tempo depois de perder a virgindade com ele veio a primeira decepção com ele também né, claro, meu pai viajou e minha mãe ficaria até tarde da noite na empresa. Vim pra casa aos prantos e ele estava no quarto da minha mãe vendo tv, ele ouviu a tia perguntando o que havia acontecido, por que eu estava chorando, eu entrei no meu quarto e fui tomar um banho para me acalmar, minha mãe sempre disse um banho acalma tudo, até um coração. Não lembro quanto tempo fiquei lá embaixo do chuveiro sentada na banheira, sei que ele sempre foi muito bonito. Lembro que um dia antes ele também estava lá na minha mãe e a Maria tinha ido em casa e eu contei para ela, que havia perdido a virgindade com o Gustavo que infelizmente não foi nada magico como falam e que eu tinha pegado gosto pela coisa e foi ai também quando começamos a nos envolver, Maria já era bi e me beijou naquele dia. - disse

- Depois você come, me conta tudo logo. - disse Thomas puxando a bandeja de morangos.

- Ai ta bom. - disse colocando o morango na boca. - Ele entrou no meu quarto e foi até a porta do banheiro, e ficou lá encostado não sei quanto tempo, só sei que me levantei, tomei banho e quando fechei o registro para pegar a toalha ele estava parado lá. Eu me assustei na hora e pedi para ele sair, ele fingiu sair e me espero no quarto, sai enrolada na toalha e percebi que a chave não estava na porta e que meu quarto estava meio escuro, com as cortinas fechadas, ele estava sentado na minha cama, eu parei e fiquei olhando para ele ali e ele apenas bateu a mão na cama, como quem pede para que você sente ao lado, conversamos bastante naquele dia e ele me disse que me ensinaria como um homem de verdade faz. - disse

- Não, você não vai parar por ai não, quero detalhes Ema. - disse Thomas.

- Sério. não vale, eu contei muito, sua vez. - disse enquanto tomava um pouco de vinho.

- Não tenho muito o que te contar, eu dediquei a minha vida a me tornar um ótimo profissional, cansei de quebrar a cara com relacionamentos frustados, então só saia, me divertia e nada de amores eternos, hoje tenho o meu salão de sucesso em Campinas e é tudo que eu queria mesmo. Estou com o meu boy magia como você mesma diz e por enquanto estamos indo. - disse ele

- Ah mas não tem nada marcante para você me contar, não mente pra mim eu sei que tem. - disse

- Claro que tem, mas hoje quem conta é você. - disse ele rindo e bebendo um pouco de vinho.

A Vida Da EmaOnde histórias criam vida. Descubra agora