Não Me Iluda

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Eu estava péssima, eu não sabia diferenciar tudo o que eu estava sentindo e me sinto pior ainda em não colocar isso que está acontecendo para fora.

Mais uma vez eu estava perto o bastante, perto o bastante daquela maldita sala para conseguir escutar o que ele cantava e novamente senti uma tontura. Então eu corri para a sacada, me deixei enganar e lá estava eu compondo mais uma música para ele.

Vamos tentar novamente organizar os meus pensamentos, pelo menos tentar novamente e mostrar pra minha cabeça que isso é loucura. Demetria, você simplesmente não pode se envolver com esse cara. Fácil falar, difícil era sentir o contrário e isso era péssimo.

Durante toda a minha vida eu achei que eu era uma espécie de ímã para coisas erradas, ímã para dores e ímã para tristeza. O erro sempre me atraiu, olhe agora... Estou mais uma vez caindo!

- Estou preocupada - Beth disse enquanto eu ainda estava sentada envolta da grande mesa vazia escrevendo.

- Não fique - Murmurei e dei um gole no meu café enquanto tentava encontrar mais palavras para se encaixar no meu pequeno papel.

- Você quer conversar? - Ela disse se sentando ao meu lado e segurando a minha mão tentando me fazer parar com a caneta.

Era exatamente assim que minha mãe fazia, sempre que eu ficava sobrecarregada ela me segurava e me implorava para conversar com ela.

Meus olhos se encheram de lágrimas pela lembrança, pela dor que se misturava com a saudade e eu larguei a caneta empurrando o meu caderno para o lado.

- Eu só estou cansada - Murmurei levando as mãos para o meu rosto - Cansada de tanta dor.

- O que aconteceu? - Beth insistiu enquanto apertava a minha bem forte como se fosse me dar coragem.

Respirei fundo, eu gostava tanto da Beth e ela me trazia tantos sentimentos bons como eu sentia com a minha mãe.

- Primeiro de tudo é que eu fui arrancada da minha vida, de um certo ponto eu estava feliz e derrepente fui jogada numa maré de infelicidade - Murmurei - A segunda coisa mais estranha que eu sinto é que eu estou sendo atraía exatamente pra essa pior emoção, a tristeza. É isso que normalmente eu sinto aqui, é somente dor.

Ela me olhou atenta, sua mão acariciando a minha e me dando mais forças enquanto as pequenas lágrimas ameaçavam cair.

- A coisa mais estranha ainda é que eu me deixei levar, deixei minha razão de lado e segui as emoções que estavam aqui - Murmurei - Eu me apaixonei por um corpo, não satisfeita eu desejei um coração que não existia e foi exatamente isso que aconteceu. Eu só precisei de dois meses para sentir tudo isso, toda essa bola de neve com tantas coisas juntas e eu descobri que eu sou muito pra alguém que é tão pouco.

Ela continuou me olhando, sua mão limpou uma pequena lágrima que escorreu pelo meu rosto e eu suspirei.

- Esse é meu problema, eu sempre fecho os olhos e procuro sempre sentir. Isso é um problema não é? - Sussurrei e ela balançou a cabeça levemente enquanto negava.

- Claro que não - Ela disse - Sabe de uma coisa? Você é a garota mais incrível que eu conheci. Você vê as coisas de outras formas, você é tão intensa e julga as suas qualidades como um erro. Sentir não é um erro, você sente demais e isso pode prejudicar, mais azar daqueles que não sabe dar valor para essa grande pessoa que você é.

- Eu tentei olhar, tentei achar alguma coisa boa nesse lugar e francamente, isso não passa de um vazio! - Disse suspirando novamente - Minha mente diz exatamente o que vai acontecer e meu coração, bom... Ele sempre foi bobo nessa questão.

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