Kristhen

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Kristhen Zillord

Procuro pelo Reed com meus olhos, acabei de sair da detenção ilesa, enquanto o idiota ainda está lá, fazendo dez folhas pedindo desculpas mais de mil vezes. Desço as escadas, mas vou diminuindo os passos quando uma roda de pessoas está logo à frente na praça.

Me aproximo, empurrando um pessoal, apenas para poder ver melhor o que está acontecendo.

- Já chega RICK! Qual é o seu problema?!

A voz da ruiva ecoa pelo pátio. Na minha frente tem um garoto de cabelos pretos, ele está com mais dois ao seu lado, a ruiva protege alguém.

Ah... esse alguém é o Reed. Já deveria saber que teria alguém assim nesse colégio, são ricos, gostam de ser maiores dos que os outros, e incomoda os mais fracos.

E pelo visto, Reed é bem azarado.

- Sai da frente, gatinha.

- Ele não te fez nada! O que deu em você? - ela bufa de raiva e o empurra - SAIAM DAQUI!

- Senão, o quê? Hein?! - ele se aproxima dela e a empurra, quase derrubando-a no chão

Me aproximo do meio, até chegar nesse garoto estúpido. Puxo seus cabelos com força, fazendo seu corpo descer um pouco para trás.

- Vou quebrar seu pescoço e te levar para o inferno. Irei te jogar nas chamas escuras e ardentes, e vou te observar ser queimado lentamente. Depois irei rir com os demônios ao te ver pedindo por misericórdia enquanto é torturado.

Empurro ele para o lado, o desespero em seu olhar faz com que se afaste. Observo ele sair desesperado do lugar, deixando apenas pessoas curiosas que perguntam o que aconteceu.

Aproximo do Reed e limpo seus cabelos, ele só está a farinha branca.

- Tudo bem? - a ruiva se abaixa, e como sei que o Reed gostaria de ser ajudado por ela, os deixo sozinhos

Vou até o celular do garoto, a tela está desbloqueada em um jogo. Abaixo e saio do aplicativo, pensei em desligar o aparelho, mas quando uma mensagem de um número desconhecido chega, eu rapidamente aperto.

Fotos cai uma atrás da outra, mostrando cada momento do Reed de hoje. Na hora em que eu e ele chegamos, quando conversamos, e por aí vai. Procuro com os olhos quem seria, mas é tolice da minha parte, o colégio é grande com vários alunos.

A última imagem é ele sendo ajudado pela ruiva, foi tirada agora pouco, mas o local em que foi tirada, não havia ninguém. Pode ser um funcionário, ou até mesmo um aluno.

Mas, por quê? Todos aqui são ricos, não faz sentindo querer sequestrar um da laia deles. Talvez... essa pessoa entrou no colégio e tirou as fotos, é a única explicação.

Desligo o celular e guardo no bolso da minha jaqueta.

- Seu celular quebrou. - minto

- Tudo bem, eu tenho um reserva lá em casa - Reed diz, enquanto limpa seu corpo da farinha

Samy o ajuda, levemente as bochechas do Reed estão coradas. Qual é a dessa garota? Ela finge ser amigável com ele e pelas costas não? Ou só quer si aparecer?

Com seu rosto limpo, consigo ver um vermelho no maxilar. Seguro o queixo dele e viro seu rosto pra mim, toco naquele lugar, ele geme de dor.

- Isso acontece diariamente?

- Não... - ele segura meu pulso e afasta minha mão - Acontece quando eles precisam de dinheiro.

- Eles são ricos.

- É apenas um motivo para me implicar. - ele se vira para a Samy - Obrigado, Samy...

- Está tudo bem?

- Estou bem.

- Certo - ela dá um leve sorriso e me olha - Vai ter uma festa lá em casa, você quer ir? - Samy o olha após fazer a pergunta

Sei não em... Isso me cheira a outra coisa. Aposta...

- T-Tá...

- Legal! - ela sorri e se afasta, dando um último tchau para ele

Reed se vira lentamente para mim, com o sorriso super estranho. Devolvo na mesma intensidade, apenas esperando ele dizer alguma coisa.

- Você vem, né? - ele pergunta, mostrando seus dentes brancos

- Eu tenho que ir.

- Você já foi em uma?

- Já. É chato.

- Sério? - o sorriso dele some

- Eu não curto festas, mas talvez você goste, vai ser uma experiência legal.

Aquele enorme sorriso volta, acho que se a mãe dele visse isso, ficaria tão orgulhosa que iria sorrir por uma semana.

- O que tem nessas festas?

- Bebida alcoólica, drogas... não sei se nessa vai ter, é raro, mas enfim... tem também o jogo verdade ou desafio e-

- Que jogo é esse? - pergunta interessado

- Por exemplo... - penso um pouco, preciso explicar bem para ele entender - Uma garrafa fica no meio de uma roda de adolescentes. Vamos supor que a Samy gira a garrafa e cai nela e em você. A ponta da garrafa é quem faz a pergunta, a parte de trás é quem responde. Então a Samy pergunta, verdade ou desafio.

Olho para ele e ergo as sobrancelhas para que responda.

- Verdade.

- É verdade que... você gosta de alguém desse colégio? - digo - É apenas um exemplo, talvez ela nem faça essa pergunta, e sim, outra. E então, você tem que responder à verdade.

- E se eu não quiser responder?

- Você é obrigado a responder. Bem, quando eu jogava, as regras eram essas. Talvez vocês ricos tem outros tipos de regras.

- Entendi... Mas... você vai ficar perto né?

- Sim. Por quê?

- Não sei... Você me dá uma certa segurança para falar com as outras pessoas - ele coça sua nuca e me dá um leve sorriso - Desde ontem, eu sinto um conforto em conversar com você, sua presença me deixa... seguro, e falar com as pessoas causa o mesmo efeito, mas só quando você está perto. Sozinho eu fico todo nervoso e gaguejando.

Me sinto lisonjeada. Rapidinho ele irá conseguir se enturmar e fazer alguns amigos, talvez essa festa pode ajudar ele se aproximar de algumas pessoas.

Reed se vira e começa a caminhar, sem deixar eu falar. Pensei em ir atrás, mas lembrei que preciso bater em três idiotas.

Continua...

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