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UM MINUTO ATRÁS

Kristhen Furquim

Estava cansada. Não sabia há quanto tempo estávamos lutando. Meu corpo está falhando, mal consigo ficar em pé. Estou coberta de cortes, mas Shogo também não fica para trás. Só de olhar, ele parece pior do que eu.

Coloco a ponta da lâmina no chão, tentando ficar em pé primeiro que aquela merda.

- Era isso que eu queria! É tão bom brigar com você, Kristhen. Sempre foi a única com força o suficiente para bater de frente comigo - ele geme de dor, mas se colocou de pé primeiro que eu

Solto uma risada, mas de desespero. Meu corpo não está respondendo mais. Acho que perdi muito sangue com tantos cortes. Porém, estava forçando a ficar de pé. A cada passo que Shogo dava, eu desesperava, porque meu corpo não movia.

Peguei a arma atrás das minhas costas, ele já estava perto. Ergui, porém, ele passou o facão, cortando a arma em duas.

- Sem armas, Kristhen

Minha blusa foi agarrada. Sou colocada de pé, vendo o rosto todo fodido dele. Perdeu um olhar, mas isso não importa, ele tem que perder a cabeça. Estou... tão fraca... Não consigo nem erguer meu braço.

Lutei muito... Dei tudo de mim.

- O triste, é que você está bem fraca. Está vendo o que sentimentos fazem com nós, humanos? Nos deixa fracos, por isso que éramos treinados a não sentir nada! Você falhou, Kristhen, em ser uma La Mort. Fica honrada por morrer pelas minhas mãos.

NÃO! Eu me nego a morrer por esse merda! Vamos corpo, você não pode falhar agora.

- Darei as notícias para seu amor.

Ele largou minha camisa e se afastou, o suficiente para chutar meu rosto com tudo. Andei para trás, até bater em um pilar. Abri meus olhos, mas algo enfiou em minha barriga. Senti uma dor tremenda por todo meu corpo.

Encarava o rosto do Shogo, seus olhos estavam sorrindo. Ele estava sorrindo. Sentia gosto de sangue e algo em minha garganta. Cuspi o que estava vindo, perdendo toda a força do meu corpo.

Shogo puxou a faca de volta, e parece que a dor se multiplicou. Caí de joelhos no chão, colocando a mão por cima do corte. Era perto do meu quadril, e sangue jorrava. Perdia a consciência cada vez mais

- Foi bom lutar com você. Queria te fazer sofrer, mas... já que veio até mim, valeu a pena.

Mal conseguia enxergar ele, minha visão estava escurecendo. Morrer? Eu iria mesmo morrer? Não! Não aceito morrer por esse merda.

Vamos, Kristhen! De pé!

- Agora vou dar um jeito no seu namorado

Shogo caminhou em direção à porta. Caí no chão de vez, estava simplesmente fraca, perdendo a consciência aos poucos. Meus olhos lagrimejavam, eu estava chorando? Sim, estava. Momentos bons se passavam em minha cabeça.

Não aceito morrer aqui! Isso não é digno para mim! Não é hora para chorar, Kristhen!

Escuto a porta de metal ser aberta. Shogo saiu, porém, não escutei tiros. Estava perdendo muito sangue, mas não iria morrer aqui. Coloquei a ponta da faca de novo no chão, e forcei a ficar de pé.

Primeiro foi um pé, depois outros. Respirei fundo, e coloquei mais força do que o normal, ficando de pé. Me segurei no pilar para não cair. Minha visão ficava cada vez mais embaçada. Acho que deveria estar morta, mas minha força de vontade não deixava.

- Por que... não atirou... Pierre...?

Caminhei em direção à porta, toda cambaleando. Escutei Shogo conversar com ele. Mas minha audição estava muito abafada para poder entender. Estava na porta, vendo Shogo um pouco distante dela.

Pierre o encarava em espanto, ele não acreditava, nem eu poderia acreditar. Com toda força que tinha, caminhei em direção ao Shogo. Ergui meu facão, furiosa.

- Vá para o inferno, Shogo!

Passei ele em sua cabeça, a jogando para longe. Sangue respinga em meu rosto, e o mesmo cai morto no chão.

- Deveria ter verificado se eu estava morta. Não aprendeu com o meu erro? - sussurrei, encarando sua cabeça

Deixo o facão cair no chão. Minha visão escureceu, senti alguém amortecer minha queda.

- Por que não atirou... quando ele saiu? - perguntei ao Pierre, forçando ficar acordada

- Eu... estava em choque.

Senti algo pingar em meu rosto, era suas lágrimas.

- Que merda... Kristhen...

- Você não está sendo durão.

- Eu não sou durão! - ele segura meu corpo - Você precisa aguentar até o hospital mais perto. Promete para mim.

- Eu prometo. Vou aguentar até o hospital.

Pressionei minha ferida, mas já tinha perdido sangue demais. Pierre me colocou deitada no banco de trás. Rapidamente entrou no carro e o ligou. Encaro seu rosto, a preocupação que ele me olha a cada vez que vira sua cabeça para trás.

Já não conseguia escutar ele. A última coisa que vi, foram seus olhos entristecidos.

Continua...

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