70

4.8K 517 186
                                    

UMA SEMANA DEPOIS

Pierre Vinceti

- Notícias urgentes. Hoje foi achado pedaços de corpo humano por várias praças de Roma! No momento não sabemos quem foi a vítima, porém, quem fez isso, não tem coração. A cabeça do falecido estava pendurada em cima de uma fonte no meio da praça principal. Foi horrível para quem passava lá.

- Hm... Pelo menos fiz o que você queria, Kristhen. - olho para a garota deitada na maca toda encubada

Já se faz uma semana, e nada dela acordar. Estou preocupado, a ver todo dia nessa cama cada vez mais pálida. Se eu tivesse ajudado, ela... não teria que ter ficado nesse estado.

O corte fundo em sua barriga quase a matou. Se eu tivesse chegado minutos depois, Kristhen já não estaria mais comigo. Acaricio sua mão, a observando dormir.

Converso com ela todo dia. Sinto-me só, por não a ter aqui.

A porta do quarto de hospital é aberta, chamando minha atenção. Era a garota de antes. Ashley, eu acho...

- Agente secreta do governo americano - ela ergue seu distintivo - O presidente mandou informar que está grato pelo que Kristhen Furquim, ou Kristhen Zillord, fez com o Shogo. Não achou cruel de ter espalhado o corpo dele por todas as praças de Roma, pelo contrário, ele te parabeniza por isso.

Ah... bacana...?

- O presidente mandou dizer... - ela olha para a Kristhen, e depois para mim - Que a história de vocês foram apagadas. Se mudem, e sejam pessoas diferentes. Todas as despesas do hospital serão pagas, e para onde vocês forem, o presidente dará um jeito de conseguirem o visto de cidadão. - Ashley encara meu rosto - Obrigada mais uma vez, Pierre.

- Disponha. Diga ao presidente que, rejeito tudo. Já tenho um futuro com a Kristhen, e só vou me mudar se ela quiser.

- Está bem. - ela abaixa sua cabeça levemente

- Mas pode agradecer também por ter nos dado uma segunda chance, e ter apagado tudo que fizemos durante esse tempo.

- Claro, direi a ele - ela disse, mas permaneceu parada encarando meu rosto

- É...? Precisa de mais alguma coisa?

- Diz a Kristhen quando ela acordar... que sou grata pelo que fez por mim. Eu já sabia que ela iria vencer. Kristhen é guerreira, e eu a amo por isso.

- Você é aluna dela, não pode dizer?

- Minha vida... é corrida. Da mesma forma que a Kristhen teve uma vida ruim, eu também tive. - ela sorri - Enfim, hoje voltarei aos Estados Unidos, por favor, diga a ela minha mensagem. Espero poder vê-la no futuro.

- Está bem, tenha uma boa viagem de volta.

Ela se curvou como forma de respeito, e saiu pela porta. Essa Ashley fala bem italiano. Volto encarar a Kristhen, seu sono profundo machuca meu peito. Quero ouvir sua voz, olhar para seus olhos.

Até quando terei que esperar?

Deitei minha cabeça na cama, a observando dormir. Não desviei meu olhar dela nenhuma vez, foi horas a encarando, horas! Enfermeira entrava às vezes para me falar o estado dela, mas eu, nem se quer, prestava atenção.

Queria que ela acordasse, queria encarar seus olhos!

O sol se foi, e a noite chegou. Não saí do seu lado, e nem tirei os olhos dela. Fiquei assim durante uma semana, a observando, ansiando para acordar. Estava triste... Muito triste.

- Não sou um cara durão, quero ouvir sua voz... - sussurro, alisando sua mão - Você precisa acordar meu amor. Estou tão triste... me culpando por não estar sorrindo ao meu lado. Droga... uma semana está sendo tortura para mim, amor.

Ergo minha cabeça, encarando sua mão. Aliso com o polegar. Um aperto em minha mão acelera meu coração. Levantei meu olhar para o rosto dela, Kristhen abria levemente seus olhos.

Levantei da cadeira e apertei o botão ao lado da cama dela. Toquei em seu rosto, tão feliz por a ver acordada, que não aguentei ficar sem chorar.

- Oi... meu amor... - sussurrei tocando seu rosto - Estou tão feliz... que acordou.

Ela parecia querer sorrir, mas seus lábios estavam bem secos.

Saí de perto quando um doutor entrou no quarto. Ele começou a checar os batimentos. Foi informado para sair do quarto, mas mesmo não querendo, eu saí.

Fiquei olhando pelo pequeno vidro da porta, Kristhen beber água. Eles fazem perguntas, que parecem demorar horas. Começo roer minha unha, controlando minhas emoções.

Limpo meu rosto quando o doutor vem até a porta e se retira.

- Precisamos checar o corpo dela, mas os sinais vitais estão ótimos. Por favor, não pressione muito ela, pense nas palavras que usar.

- Sim, senhor.

Ele sorriu e se retirou de frente a porta. Apressei ao lado dela, segurando sua mão. As enfermeiras também se retiram, nos deixando a sós.

- Oi...

A voz dela falha. Mas tudo bem, é o suficiente para me deixar feliz.

Levanto sua mão, colocando meu rosto nela.

- Oi! - digo ao encarar por um tempo seus olhos - Você quase me matou de susto.

- Desculpa... - ela sussurrou, dando um leve sorriso - Mas estou bem agora. E viva.

- Eu fiz o que você pediu.

- O quê?

- Espalhei o corpo do Shogo por todas as praças de Roma. - beijo sua mão - Eu senti muito sua falta. De poder te olhar, ouvir sua voz... Estava ficando louco.

Ela solta uma risada, mas acaba tossindo.

- Não se esforce muito, querida - sussurro - Você ainda não está cem porcento.

- Obrigada... pelo que fez com o Shogo. E também, eu te amo.

Meu coração acelera por ouvir isso após uma semana apenas a observando dormir. Droga... estou tão feliz por estar bem, que não consigo falar, apenas demonstrar com meu olhar.

Foi um grande tempo a observando, não queria quebrar o contato visual.

- Eu também te amo

Estava tão feliz por dizer isso. Por a ver sorrir, mesmo sendo fraco. Por... poder encarar seus olhos pretos.

Continua...

NOTAS DA AUTORA

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

NOTAS DA AUTORA

Segue viva e firme!

Obrigada por ler! Não se esqueçam de votar, me ajuda muito. Beijos, vejo vocês depois ❤️

KristhenOnde histórias criam vida. Descubra agora