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Kristhen Furquim

Sento em uma ambulância para limpar meus joelhos que estão machucados. Tomo bastante água, nunca pensei que ficaria tão molhe após beber água. Isso está muito bom.

Olho para toda essa bagunça que virou. Mas fico feliz por voltar e salvado aquele garoto. Consegui... pela primeira vez em toda minha vida, ouvir que sou uma heroína e ver uma mãe feliz graças a mim.

De alguma forma isso me reconforta. Isso me agrada muito.

- E por que você voltou?

Olho para o lado. Não muito longe, Haydée está de frente ao seu irmão, esperando pela resposta dele.

- Porque-... - Pierre não continua sua resposta, apenas bebe sua água

- Você poderia ter continuado. Como percebeu que ela ficou para trás? Ninguém mais percebeu. Você olhou para trás para procurá-la, certo? Para ver se ela estava seguindo o grupo. Estava a observando, e quando não viu a garota você-

- Sim, eu voltei por causa dela. Quando olhei para trás e não a vi, eu senti um certo... desespero... tinha que a procurar, então eu voltei.

- Por quê? Você nem a conhece.

- Eu a conheço, Hay - ele encara a irmã bem nos olhos - A conheço desde pequeno...

Pierre desvia seu olhar, mas foi bem na minha direção. Foi poucos segundos até eu cortar tudo isso. Encaro apenas a enfermeira limpando meu joelho e passando algum remédio para o curativo.

***

Sento em uma cadeira no ônibus após tudo isso ter acalmado. Fui até o garoto quando ele acordou. Leo me agradeceu por ter o salvo, e também agradeceu o Pierre por ter o ajudado.

Realmente sou grata ao Pierre. Não sabia o que fazer se tivesse apenas eu e o Leo naquela floresta. Eu iria ficar desesperada e entraria em pânico. Me conheço o suficiente para saber disso.

Respiro fundo por finalmente voltar para casa. Sei que vai demorar um pouco, mas posso cochilar até lá.

Não falei com Alessia, estou tão cansada que quero a evitar. Estou com zero clima de ouvir sua voz agora. Sinto alguém se sentar ao meu lado direito.

Pierre arruma seu corpo, fechando seus olhos em seguida. Desço meu olhar para seu braço esquerdo, observando cada tatuagem. Tem alguns animais, como um rosto de águia, um de leão, um coelho e um... de lobo... O desenho do lobo é bem bonito, realista e super bem detalhado...

Há também um ano, 1998. Mas Pierre nasceu em 2000... Isso é estranho, porque 1998 é o ano que nasci.

Enfim, também tem uma tatuagem no antebraço de um telescópio, um astronauta, alguns planetas... e também algumas estrelas espalhada em volta disso tudo, como se fosse o espaço.

As tatuagens são bonitas. Em seu pulso tem uma letra... É... a letra K. Ela também faz parte do espaço, porque a letra K é feita de estrelas.

Fazer uma tatuagem no pulso esquerdo é muito significativa para mim. Tem que ser algo muito importante e único. Porque a veia que tem no pulso esquerdo é conectada ao coração, e quando se faz uma tatuagem ali, você faz o desenho também ser conectado... faz ser uma parte do seu coração. Bem, eu penso assim, não sei se outras pessoas pensariam da mesma forma.

Mas, por que ele tem a letra K feita de estrelas em seu pulso? Isso é um pouco estranho...

Pierre escondeu seu braço na mesma hora, os cruzando em seu peito. Desvio o olhar, tentando fazer meus pensamentos esquecerem o fato de ter muitas coisas minhas, em seu braço.

Ele está me fazendo pensar e criar várias perguntas, e eu não gosto nada disso. Talvez nem seja para mim, só estou criando paranoia demais.

As luzes do ônibus se apagam. Fecho meus olhos sentindo ele andar. Foi segundos para tudo realmente ficar mudo.

***

Quando finalmente cheguei no bairro, eu voltei com Alessia para sua casa. Não disse um piu, mesmo a ruiva pedindo desculpas e perguntando se eu estava bem. Poderia retrucar, mas continuo muito cansada.

Cheguei em sua casa e apenas peguei minhas coisas. Alessia ofereceu carona, mas recusei e agora estou voltando a pé meia-noite e duas. Sou burra de ter feito isso? Claro! Mas estou brava com a Alessia e meu orgulho não deixou ela me dar uma carona.

Agora estou com a alma na mão, andando pela calçada vazia com apenas o vento fazendo barulho. Alguns carros passam, mas não me deu segurança o suficiente. Tenho que voltar a pé, e moro super longe.

Mordo meu lábio e sinto que já o machuquei muito. Estou com medo dessa merda. Depois daquela ligação tenho certeza que esse assassino me conhece. Droga! Odeio meu orgulho, preciso mudar isso.

Olho para trás, sem nenhuma alma além da minha. A rua toda vazia me dá um arrepio tão horrível que sinto até ânsia. Suspiro bem alto e continuo andando.

Uma loja de conveniência chama a minha atenção. Tenho fome, fiquei o dia todo perdida e não tive tempo para comer nada. Pego meu celular e vejo no aplicativo do meu cartão se tenho algum crédito ou débito.

Tenho pouco crédito e isso vai ser o suficiente. Empurro a porta do lugar e sou recebida por um "boa noite" de um senhor do balcão. Apenas o cumprimento com um sorriso e vou na direção da prateleira de besteira.

Compro um monte de coisa que pode me fazer mal comendo nesse horário, mas realmente é a única coisa que tenho para comprar com o resto do dinheiro que tenho. Não vejo a hora de receber logo.

Escuto a porta da loja ser aberta, e o que mais chama a minha atenção são seus olhos pretos em mim assim que entrou.

Continua...

NOTAS DA AUTORA

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NOTAS DA AUTORA

As tatuagens 👀
7/7 Fim da maratona!

Obrigada por ler! Espero que tenham gostado da maratona. Não se esqueçam de votar, me ajuda muito, beijo, vejo vocês amanhã❤️

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