Kristhen

72 - FIM

Kristhen Furquim

Nunca imaginei que iria sair daquela vida, que iria parar de matar e arranjar um namorado, construir uma família, sentir amor e ser amada. Isso nunca se passou pela minha cabeça. Sempre fui ensinada para matar, para não ter sentimentos. Mas hoje, eu amo alguém.

Amo tanto ele, que daria minha vida para o protegê-lo. Que faria grandes sacrifícios apenas para o ver feliz. Ele me completa. Pierre me tirou daquela escuridão, daquele mundo. Sinto como é ser amada de verdade, sem enganações! Não consigo ver meu futuro sem ele.

Todas as aquelas crianças sequestradas, obrigadas a fazer um trabalho ainda jovens, eu quero que vocês possam sentir isso. Possam sentir o verdadeiro amor. Aqueles que já se foram, eu sinto muito. Sinto muito por não ter os salvo antes. Queria que todos pudessem sentir este amor.

Não é difícil amar, mas também, não é fácil. Porém, isso não é motivo para desistir da pessoa que você ama. Se os dois estão sentindo amor, vão até o fim de suas vidas, mesmo com brigas ou ciúmes. Quero ter esse amor com o Pierre.

Ele é o homem da minha vida. O ver brincar com uma criança que apareceu aleatória, me faz dar grandes risadas. Sim, talvez no futuro eu queira ter uma família ao seu lado, mas agora, não sinto que serei uma boa mãe.

Fiquei presa muito tempo da minha vida com os La Mort, foi difícil para mim, agora, quero poder aproveitar antes de ter uma família. Já se foi quatro meses desde que matei Shogo, e saí do hospital.

Nesses quatro meses, coisas maravilhosas aconteceram. Pierre disse que me ama diariamente e horas que conseguia. Abraçava meu corpo, dormia colado comigo, e ainda... me pediu em casamento.

Foi um pedido estranho vindo dele. Estávamos transando, ele ainda estava com o pau dentro de mim... quando disse.

"Quer se casar comigo?"

Lembrar disso me faz rir muito. Era um momento de ouro prazer e de repente ele soltou uma dessas. Eu aceitei, óbvio, mesmo com o pau dele ainda dentro de mim. Que constrangimento... Tenho medo de alguém perguntar como foi o meu pedido de casamento, e eu falar isso.

Acho que todo mundo iria rir.

Mas isso não importa, nosso casamento está perto. Disse a ele que não queria muita coisa, casar no cartório já seria o suficiente para mim. Infelizmente a família dele ainda não me aceitou, mas isso acho que é com o tempo. Diferente da minha, que logo aceitou o Pierre.

É surreal voltar ao passado e lembrar de tudo, de cada coisa que aconteceu. Agora estou aqui, sentada em uma toalha, fazendo um piquenique com o meu noivo, o vendo brincar, não muito distante de mim, com uma criança aleatória.

Não tenho palavras para descrever como eu o amo. Amar é... tão surreal, não acham? Espero que todos um dia possam ter essa chance, de amar e ser amado.

Abro um sorriso para Pierre, que vira seu rosto para mim, e faz o garotinho acenar. Ergo minha mão, e aceno também para eles. Me pergunto de onde tirou esse garoto.

Ele parou de brincar, e veio até mim, se sentando ao meu lado. Recebo o seu selinho.

- Quem são os pais do garotinho?

- Não sei, ele apenas segurou na minha perna e pediu para brincar - Pierre ri, colocando um pouco de suco em um copo - Ele tem energia, já estou cansado

- Ou você é velho demais.

- Velho? - ele me olha, erguendo uma sobrancelha - Se sou velho, você está idosa, quase no pó.

Apenas encaro seu rosto, o vendo cair em uma grande gargalhada. Dou um tapa em sua cabeça, fazendo essa linda risada se cessar.

- Faz um sanduíche aí para mim - ordeno, e o mesmo larga seu copo e pega um pão integral para começar a fazer - Você quer ter filhos?