Kristhen Furquim
Ando pela calçada procurando por um táxi. Até agora não achei um, estou longe de casa para ir a pé, preciso de um táxi, nem que cobrem caro, eu vou pagar. Além disso, também estou com o dinheiro.
Eu realmente recebi menos, acabei saindo prejudicada. Tiraram quatro mil euros por erros que não cometi, mas fazer o quê...? Não posso retrucar senão tiram tudo que tenho.
Sem falar que sai bem prejudicada, quebrei uma unha que nem vi. Estava tão linda grande, e agora está repartida no meio, deixando minha unha bem feia. Quando chegar no apê preciso cortar com cuidado e lixar as outras para pelo menos ficar um pouco do tamanho certo.
Olho para trás e tento ver um táxi, mas só consigo ver uma luz de moto lá no fundo. Respiro pela falta de sorte que estou tendo ultimamente. A moto diminui a velocidade, o que chama minha atenção.
Ela para na minha frente, e pelo corpo já reconheço que é o Pierre. Ele ergue o visor do capacete e me encara.
- Eu te dou uma carona. - o mesmo apoia suas mãos nas pernas - Deveria ter me esperado.
- Esperado?
- É! Eu queria falar com você sobre o incidente de hoje. Desculpa por brigar com você, acabei recebendo as informações erradas e cometi um erro. Além disso, quero te parabenizar pelo belo trabalho, fez muito bem no seu primeiro dia. - ele me dá um leve sorriso, e tira um pacote da sua jaqueta preta - O resto do seu salário.
Encaro sua mão por um tempo, antes de erguer meu olhar para seus olhos pretos focados bem em meu rosto. Pego o pacote da sua mão e guardo na minha mochila, com o resto do salário e as gorjetas.
- Fiquei sabendo que recebeu muita gorjeta e elogio. Um cliente perguntou se te contratei hoje, e parabenizou pelo seu belo trabalho. As pessoas gostaram de você, alguns voltarão por sua causa.
- Obrigada a mim mesma por trabalhar duro - sorrio forçado para ele, mas Pierre apenas desvia o olhar
- Vou pedir desculpas de novo pelo meu erro... Não vai se repetir - ele levanta o capacete para que eu possa ver seu rosto melhor - Aceita a carona? Você está longe, e é perigoso com um assassino a solta.
- Preocupado?
- Bem, se eu estou praticamente meia hora longe de casa, e ainda insistindo para te levar para casa, isso acaba respondendo sua pergunta, certo? - ele sorri torto, quebrando toda minha postura de durona
- Tá! Mas só se deixar eu dirigir.
- A minha moto? - ele ergue as sobrancelhas
- Não, seu estrupício. Vou dirigir o tapa nessa sua cara de chapado. É óbvio que é sua moto!
- Eu tenho cara de chapado? - muda de assunto, mas parecendo estar interessado nesse - Talvez seja por sua causa
- Ah, cala a boca! Não fica me passando cantada a essa hora. Vai me deixar dirigir ou não?
Ele se afasta e deixa espaço na moto no banco do motorista. Tiro minha mochila e entrego para ele, sentando na moto. Faz tanto tempo que não ando em uma, que já tenho adrenalina sobre meu sangue.
- Quer as luvas?
- Não precisa! - digo, ligando e arrepiando com o barulho e a sensação de estar tocando em uma durante tanto tempo
Esfrego minhas mãos uma na outra, e seguro no acelerador, acelerando sem parar. Olho para o visor da moto, os números subindo cada vez mais. Chego nas casas do cem, o vento está tão forte que nem consigo respirar direito, mas isso não vai me fazer diminuir, estava com tanta saudade de dirigir.
Sigo reto, passando em vários sinais vermelhos, igual uma louca. Seguro com força o guidão da moto e empino ela um pouco, até ouvir o grito do Pierre atrás de mim.
- TÁ FICANDO MALUCA?
Apenas ignoro sua gritaria e acelero até não poder mais. A moto está rápida, tão rápida que as coisas passam como um flash. Não consigo ver direito para onde estou indo, apenas sigo a rua.
Tiro as mãos do guidão e ergo para o ar, mas logo Pierre acaba com a graça e segura meus braços, fazendo eu agarrar o guidão com força. Ele abraça meu corpo, atrapalhando todo meu clima com sua aproximação.
Desacelero a moto, começando a respirar melhor. Me acho na rua assim que vejo a placa para que bairro ir. Viro a primeira rua esquerda e sigo em direção à casa, preciso de um banho e da minha bela cama.
***
Saio da moto assim que chego no apartamento. Arrumo meus cabelos e os desembaraço com os dedos após o vento ter bagunçados. Pierre encara meu rosto e sorri.
- Você está bem vermelhinha.
- Vai se catar! - pego minha mochila das suas costas e viro para entrar
- Você é muito amarga comigo. Não tinha mudado?
Apenas entro e cumprimento o porteiro. Vou até o elevador e aperto no botão, entrando em seguida. Espero alguns segundos, chego no meu andar e já vou direto para meu apê.
Viro a mochila para frente do meu corpo e procuro pela chave, mas o que eu acho é o cartão do Pierre que acabei esquecendo e não devolvi. Suspiro e tiro as chaves da mochila, abrindo a porta.
Sinto um cheiro de gás. Acendo a luz, mas uma faísca apenas sai da lâmpada. Uma grande explosão me joga para trás com tudo, fazendo eu bater minha cabeça e minhas costas na parede.
Minha audição fica com um agudo pelo barulho da explosão, a visão embaça por pouco tempo, até um grande calor sair do meu apartamento. Tudo lá dentro está pegando fogo de uma forma muito rápido.
Sinto meus cabelos serem segurados, sou puxada com força e depois arremessada para frente. Rolo três vezes, até parar. Ergo meu olhar, um homem alto de preto segura um grande facão na mão, ele caminha até mim com cuidado.
Eu preciso me levantar. Coloco toda a força que ainda tenho, e fico de pé antes dele chegar em mim. Consigo ver as chamas se espalhando, o prédio é velho, tudo isso daqui vai pegar fogo em minutos.
Com o cotovelo eu quebro o pequeno vidro e aperto o botão de incêndio, na mesma hora eu seguro o braço do homem que tenta enfiar o facão. Olho para seu rosto, apenas os olhos descobertos, pretos e furiosos.
Bato minha testa contra seu rosto, ele me solta e empurro sua cabeça na parede várias vezes até o mesmo cair no chão. As pessoas saem dos seus apês, mas estão tão dispersos que não estão vendo um louco aqui com um grande facão.
Tento ir com eles, mas a faca passa bem na minha panturrilha, fazendo eu perder o equilíbrio e cair.
Continua...
NOTAS DA AUTORA
Paz? A autora só faz acontecer quando já está satisfeita em fazer a protagonista pagar pelo que fez 🥰KKKKKKKKKKKKKKK
Obrigada por ler! Não se esqueçam de votar, me ajuda muito. Beijo, vejo vocês amanhã ❤️
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Kristhen
RomanceSendo tímido e sozinho, Reed Walsh não consegue se aproximar de ninguém, ou fazer amizade. Filho de um empresário mais rico dos Estados Unidos, ele tem tudo que quer, e na hora que quer. Porém, sua timidez o impede de fazer muita coisa. Quando seu...