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Kristhen Zillord

- O quê? - recolho meus braços, ele está muito irritado para tentar tocar nele agora

- Você consegue pelo menos ter a noção de que toda sua vida é repleta de mentira? - ele se aproxima - Você mente tanto, que não consegue distinguir o que é real ou não. Acredita na própria mentira, que coisa patética.

- Eu fui criada assim, você não consegue entender? ACHA QUE TIVE ESCOLHA, PORRA? Olha para mim... Não consegue ver o maldito peso que eu carrego com isso tudo?

- Eu consigo ver, sempre consegui... Mas você nunca deixou eu te ajudar... Sempre tão fria e... solitária. Então não tente se fazer de vítima aqui... você está longe de ser isso...

Não adianta... Tudo que eu falar pode o deixar ainda mais irritado ou magoado. Já acabou, esse é o final de tudo isso. Estou sofrendo tanto por dentro, que me sinto sufocada, mas não expresso isso a ele.

Pierre vai achar que quero me fazer de coitada para ele sentir pena de mim. Ele está irritado, e eu machucada... Isso não vai dar em nada, o que me resta é...

- Eu sinto muito. - digo, abaixando um pouco minha cabeça - Sinto muito por tudo isso, por mentir a minha vida toda. Mas o que eu posso fazer? Não escolho o que acontece no futuro. Era para te proteger...

- Mas você escolhe as decisões para criar seu futuro. Você teve escolha...

- Eu nunca tive escolha... Acha que se eu tivesse escolha eu estaria fazendo essa merda toda? - ergo minhas sobrancelhas, enquanto ele me observa com os olhos molhados - Acha que eu não estaria vivendo uma vida normal? Pierre, eu nunca tive escolha! Ou era terminar o trabalho com mentiras e mortes, ou eu teria que ver em silêncio a pessoa que eu amo morrer.

Ele fecha seus olhos, e fica em silêncio. Sua mão passa sobre seus cabelos já bagunçados pelo vento. Pierre suspira, e limpa seu rosto, finalmente me olhando nos olhos. Está machucado e confuso, e entendo o seus sentimentos.

- Estou destruído por dentro, é um sentimento tão ruim... TÃO RUIM... que eu estou desejando a morte. Nunca me senti tão traído, como estou sentindo agora. Sinto que... estou sendo esmagado várias vezes por uma pedra na direção do meu peito. Dói, Kristhen... dói muito. Eu não queria que terminasse assim... Não quero sentir isso... esse aperto... essa dor... Mas infelizmente eu não posso fazer nada.

- Eu sinto muito, Pierre.

Nesse momento, eu tive um dejávu. Na mesma época em que ele me beijou pela primeira vez.

- Preciso de espaço, preciso ficar longe de você. Tenho que me acalmar, pensar melhor, e viver minha vida.

- Você me odeia?

- São muitos sentimentos agora... Mas, não posso recusar a raiva por ter feito isso - ele diz com sinceridade - Acho que qualquer pessoa se sentiria dessa forma. Ao descobrir que a pessoa que tanto ama, mentiu para você a vida toda.

- Para te proteger.

- Não importa! - ele fecha seus olhos - Ninguém iria conseguir aceitar isso facilmente. Preciso de espaço.

- Eu prometo... que vou ficar.

- Você não tem noção do tanto que isso vai me ajudar... a colocar os pensamentos no lugar... - ele respira fundo, e solta pela boca - Eu preciso ir. Se voltar para Paris, quero que se esforce para não se encontrar comigo. A adrenalina está louca dentro de mim. Nem sei o que pensar direito ou dizer. Estou com raiva, e talvez eu esteja dizendo coisas que talvez no futuro eu me arrependa.

- Tá... eu entendo.

Pierre se distancia e vira. Ele se afasta mais e mais, me deixando sozinha. Finalmente ele some, e nesse momento, eu só sinto lágrimas que não eram para sair, escorrerem pelo meu rosto. Era eu quem deveria estar sentindo isso, dor e sofrimento, mas não consigo sentir nada.

Parece que tudo para mim não é real, e eu desejaria que não fosse real. Foi anos... Anos vivendo de mentiras, acreditando nas minhas próprias mentiras. Machuquei alguém que realmente me amava, alguém que me mostrou o que é amar.

Eu sou um maldito monstro, e a vilã dessa história idiota. Nunca serei uma heroína... Se eu pudesse apagar minha memória, ou começar do zero, sendo uma nova pessoa, eu aceitaria sem pensar duas vezes.

O vento que passa por mim, faz com que eu feche meus olhos, e mais lágrimas caem. Eu o perdi? Não sei, não consigo sentir nada, parece que estou morta... ou sei lá... Meu corpo está exausto disso tudo, talvez seja isso.

Adrenalina. Quando ela abaixar, eu vou sentir o que deveria estar sentindo agora. Eu sinto muito... Eu sinto tanto... Se pudesse me dar uma segunda chance, Pierre...

Só... uma segunda chance... Talvez eu nem vou conseguir te ver mais, e pensar nisso, faz meu coração doer. Agora estou sentindo uma dor horrível em meu peito, ao ponto de não conseguir ficar em pé de tanto chorar.

Me agachei no chão e abracei minhas pernas, deixando sair todo o peso ruim, todo sofrimento, em lágrimas.

***

Entrego a sacola para ela, e passo por Kefhera. Não estou no clima paga conversar, e estamos longe de casa. Quero voltar a pé, sozinha.

- Elaine está morta.

Paro de andar, mas não me viro.

- Quando chegamos a sua mansão, ela estava em chamas. Conseguimos ouvir gritos lá dentro, mas foi por pouco tempo. Talvez saia nas notícias amanhã que a mansão pegou fogo por acidente... Mas quem fez aquilo, foi Nayla, mãe de Pierre.

Nayla... Foi ela quem contou a verdade para ele. Vadia estúpida... Eu iria contar... e as coisas poderiam ser diferentes.

- Ela conseguiu se vingar da filha que Elaine matou. - Kefhera suspira atrás de mim - Tudo acabou. Entra, eu te dou uma carona.

- Não. Quero ir a pé, sozinha.

Apenas continuo andando, e ignoro as perguntas que ela faz para mim. Agora que tudo acabou, só tenho que esperar por outra ordem idiota dela. Outro trabalho...

Isso não é justo... Eu não pude escolher não entrar nesta vida.

Continua...

NOTAS DA AUTORA

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NOTAS DA AUTORA

O ponto de vista importa, porque se o livro se passasse mais na visão do Pierre, vocês iriam odiar a Kristhen já que ela não demonstra muito os sentimentos na frente das pessoas e apenas frieza.

Obrigada por ler! Não se esqueçam de votar, me ajuda muito. Beijo, vejo vocês no último capítulo ❤️

KristhenOnde histórias criam vida. Descubra agora