Sendo tímido e sozinho, Reed Walsh não consegue se aproximar de ninguém, ou fazer amizade. Filho de um empresário mais rico dos Estados Unidos, ele tem tudo que quer, e na hora que quer. Porém, sua timidez o impede de fazer muita coisa.
Quando seu...
Não sei há quanto tempo estamos andando, mas Pierre parece bem ofegante. Ele está carregando uma pessoa desmaiada, e estamos provavelmente perdidos.
Encontramos algumas estradas que levavam para caminhos diferentes, não sabemos para onde nosso grupo virou, e isso complica mais ainda. O céu está ficando mais escuro, e da última vez que olhei no relógio, eram quase seis horas da noite.
Escolhemos a estrada por sorte. Mas se vamos ficar aqui até anoitecer, precisamos descansar para poder seguir em frente.
- Vamos parar um pouco, você parece cansado.
- Melhor não... - Pierre arruma o garoto em seus braços - Está anoitecendo e vai ser mais difícil para nós sairmos daqui. Eu estou bem, só vamos continuar.
Não vou discutir. Continuo andando em silêncio. Subimos uma estrada, e logo à frente vejo que não tem mais árvores. Ando depressa na frente, e agora estou na beirada de uma cratera.
Lá embaixo tem água, mas é muito fundo.
- E agora? - pergunto, me afastando da beirada
Pierre também olha, e procura um jeito de atravessarmos.
- Tem isso aqui
Olho na direção que ele aponta, e é uma... tirolesa.
- O quê?
- É o único jeito de passarmos pro outro lado. - ele coloca o garoto no chão, e mexe em algumas coisas
- E se o nosso grupo não tiver passado pelo nosso lado? Vamos arriscar mesmo?
- Provavelmente devem ter passado por uma ponte. Essa é a nossa única esperança. Ou você quer voltar tudo até chegarmos naquelas estradas? Vai estar escuro e vamos ficar ainda mais perdidos - ele se vira para mim, esperando por uma resposta
- Tá, mas... como vamos levá-lo?
- Ele vai comigo. Vou o amarrar contra meu corpo. - ele começa a colocar o suporte - Você vai em seguida.
- Ah... eu... Eu não sei.
- O que foi? - ele prende um colete ligado a tirolesa em seu corpo - Tem medo de altura?
É, eu tenho medo de altura... Ultimamente ando tendo medo de muita coisa. Talvez por largar aquela minha vida repleta de mentiras e agora eu esteja me descobrindo de verdade?
- Tenho... - digo baixo, mas Pierre parece ter me ouvido, porque continuou me encarando
- Kristhen, você tem que fazer isso. Eu também tenho medo, mas é nossa única solução.
- Você não tem medo - rio de nervoso - Só está tentado me reconfortar
Eu ainda te conheço, Pierre. Nunca teve medo de altura.
- Agora você precisa ser corajosa. Vem, me ajuda a amarrar ele em meu corpo.
Respiro fundo e vou até o Pierre. Ajudo ele a segurar o garoto, e pego uma corda que está do lado de uma árvore. Amarro o Leo bem firme no corpo do Pierre, ele continua pálido, espero que fique bem até chegarmos no final disso tudo.
Me afasto após ter terminado de amarrar. Pierre segura no suporte, e já está pronto para descer.
- Olha só... - ele diz, mas não me olha - Quando você for descer, faça isso de olhos fechados - dessa vez seu olhar está sobre mim - Eu te seguro quando chegar lá embaixo, tudo bem?
Concordo rapidamente com a cabeça, encarando seu rosto um pouco laranja pelo por do sol. Pierre desvia o olhar e respira bem fundo.
- Não esqueça de conferir se está bem segura para descer.
Ele corre e salta segurando sobre o suporte. Observo ele ir, descendo sobre a tirolesa até não o ver mais.
- Certo...
Puxo o suporte para segurar e me abaixo para pegar uma proteção, porém, meu corpo gela quando vejo que está tudo rasgado ou estragado.
- Só pode ser brincadeira... Vou ter que descer sem proteção? Isso daqui iria me ajudar a segurar meu corpo melhor... Ah, droga! Por que o universo está contra mim nesses dias?
Olho para o céu, ele está ficando mais escuro. É eu ir, ou ficar aqui até... sei lá, morrer? Porque duvido muito que alguém virá passar por aqui, só pelo fato de todas as proteções estarem estragadas
Me pergunto se a do Pierre estava boa... Merda, é melhor eu ir. Vou ter que colocar o dobro de força em meus braços para segurar meu corpo.
Pego o suporte e encaro a queda que vai ser se eu não conseguir segurar até lá embaixo. Respiro fundo, e começo a contar.
Um... Dois... Três! Corri até a ponta e ergui meus pés quando já não sentia o chão. Um vento gelado bate contra meu corpo enquanto eu desço no escuro, sem ver nada em minha frente devido ao medo.
Meus braços começam a doer, já faz muito tempo que eu não faço nenhum exercício. Minhas mãos estão suando, e eu só peço aos céus para chegar logo ao chão. Meu coração bate com força contra meu peito, e cada vez mais sinto meus braços doerem, e minhas mãos escorregarem.
Pela demora e a minha força vai sumindo, eu abro meus olhos. Meu corpo endurece, mas eu estou perto. Coloco toda a minha força nos últimos segundos, mas o suor em minhas mãos não estava ajudando nenhum pouco.
Não conseguia mais segurar e soltei quase fora da superfície. Mas fortes braços me seguraram, e um corpo grande amorteceu minha queda no chão.
Pierre me segurou com tanta força, que também parecia estar com medo.
- Por que você não veio com o suporte para segurar seu corpo? - ele pergunta com seu tom de medo
- Não tinha... - puxo sua blusa, sentindo todo meu interior tremer pelo medo - Não tinha nenhum... todos estavam quebrados ou rasgados.
Permaneço com os olhos fechados, agarrando a blusa dele igual um chiclete. Porque na minha cabeça, se eu o soltasse, eu iria cair em um abismo.
Ele se endireita, alisando meu cabelo e rodeando seu braço livre sobre meu corpo. Não estava querendo o largar... Descer essa tirolesa fez a minha vida passar diante dos meus olhos.
Foi a pior sensação que eu já tive...
Continua...
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NOTAS DA AUTORA
A sorte da gata 😍 5/7
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