Kristhen

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Kristhen Furquim

Sento no banco do ônibus, indo em direção ao meu apartamento. Preciso tomar um banho rápido, arrumar uma mochila e ir direto para o restaurante do Pierre, espero muito chegar a tempo.

A tela do meu celular liga, chamando minha atenção. A uma mensagem de um desconhecido. Desbloqueio o celular, entrando direto na mensagem.

Desconhecido
Oi! Sou o cara com quem você iria sair na quarta à noite... Sua amiga me deu seu número, eu realmente tomei um fora? 😂

Ah, Alessia... você só complica a minha vida...

Kristhen
Oi, desculpa, mas eu não estou te dando um fora, apenas tenho trabalho na quarta à noite. Acabei de ganhar um emprego, e não quero pedir um dia de folga logo na primeira semana.

Desconhecido
Entendo agora... Olha só, eu te achei interessante, e adoraria te conhecer melhor. Você está livre pela manhã? Podemos pelo menos sair para tomar um café.

Kristhen
Claro, eu estou livre pela manhã. Como você se chama?

Desconhecido
Matéo.

Matéo? Mas... Esse-... Que caralho! Esse é o mesmo nome do meu irmão do meio... É uma coincidência?

Kristhen
Matéo de quê? Desculpa a pergunta.

Desconhecido
Matéo Furquim

Dentro de mim uma risada ecoa, mas logo sai pela minha boca, rindo em desespero. Abaixo minha cabeça, encarando o celular com o nome do meu irmão do meio. Qual é a chance disso acontecer? Por que eles também estão em Roma?

Não... Não é possível que o universo esteja contra mim. Eu o amo tanto, ele deveria me amar também. Mordo meu lábio para cessar a risada, as pessoas do ônibus estão cochichando sobre mim.

Arrumo a postura e volto a encarar o celular, pensando e agora? Alessia marcou um encontro às cegas com meu irmão do meio... Ele tem interesse em mim, e nem sabe que é a irmã dele. Droga! Eu concordei em sair com ele pela manhã, como vou agir?

Se eu esconder isso, o garoto vai arranjar mais interesse ainda - eu acho - e pode estragar nosso relacionamento de irmão no futuro... Nunca pensei que veria algum membro da minha família tão cedo.

Estou me perguntando até agora como isso tudo é possível? Tem chance disso acontecer?

Desconhecido
Então, o que você acha as oito da manhã na lanchonete Stifill?

Será... uma boa ideia contar tudo logo? Mas se eu colocar a vida deles em risco devido ao meu passado? Tem tanta desvantagem, e nenhuma vantagem. Realmente não sei o que fazer.

Preciso pensar melhor, o respondo amanhã ou a noite. Desligo o celular e olho para a janela, se eu tomar uma decisão vai mudar muita coisa no meu futuro. Tenho que tomar a decisão certa...

***

Entro no grande restaurante, não sei para onde ir. Mas minha atenção vai para a moça que se aproxima com um grande sorriso.

- Você é Kristhen Furquim?

- Isso.

- Por favor, me siga! O senhor Vinceti está a sua espera. - sua voz é gentil e doce

A mulher de cabelos pretos se vira e caminha. Sigo ela em silêncio, passando por algumas mesas e indo para trás da cozinha. Entramos em um corredor longo, e logo começamos subir escadas para o segundo andar.

A moça me levou até o final do corredor e logo bateu na porta.

- Licença, senhor Vinceti, a senhora Furquim está aqui.

Não ouvi sua resposta, apenas quando a mulher abriu a porta e me deu espaço para entrar. Agradeço a ela pela gentileza com um sorriso, e adentro a sala. Uma grande sala de escritório. Caminho para frente da sua mesa, Pierre fala em francês no telefone sobre comida, e logo encerra a ligação.

- Sente-se - diz, guardando o celular

Puxo a poltrona e me sento na sua frente. Coloco a mochila nas minhas pernas, e espero ele terminar de mexer em uma pasta. Pierre usa uma roupa de chefe de cozinha, pelo visto só vai terminar de me atender e vai voltar ao trabalho.

- Vamos lá, Furquim.

Furquim? Vai me chamar pelo sobrenome agora? Que... estranho.

- Existem algumas regras que eu não tolero serem quebradas. Sempre vir de uniforme, não importa se ele estiver sujo ou rasgado, tem que estar com ele no corpo para entrar no restaurante. Seja sempre educada, mantém um sorriso no rosto e trata todos igualmente, não importa o vestimento, a altura, o peso, o cabelo, cor de pele, se é rico ou pobre, sexualidade e entre outros. Todos têm que ser tratados igualmente! Com gentileza.

Ele acha que gente pobre consegue vir em seu restaurante? Não é discriminando, eu sou pobre e não iria conseguir pagar por um prato que pode me encher em seu restaurante. Prefiro ir em uma lanchonete e pagar por um grande sanduíche, e ainda saio feliz de barriga cheia com dinheiro.

- Seja sempre formal. Sem conversas paralelas durante o trabalho, sem brigas e sempre respeitar quem estiver acima de você! Quando eu te chamar, você tem cinco minutos para chegar até mim, caso contrário eu retiro do seu salário por quebrar uma regra. Todas as regras têm punição, e vem do salário. Sobre entregar o pedido errado, também vai ser descontado do seu salário. Se cometer muito erro no final do seu turno, perderá o dinheiro certo pelos erros até aprender a fazer corretamente. Alguma pergunta?

- Não...

- Ótimo! Como você não teve um treinamento antes, darei cinco chances de erro para você. - ele coloca uma roupa em cima de sua mesa e empurra para mim - Esse é o seu único uniforme, não o perca! Aqui estão as chaves do seu armário - Pierre coloca a chave em cima da roupa - Vou te levar no vestiário feminino, você tem cinco minutos para aparecer no restaurante. Um supervisor vai te ajudar com os pedidos.

- Sim, senhor. - pego a roupa, ficando de pé

Pierre fica em pé e passa por mim, indo até a porta. Apenas o sigo em silêncio. Ele me leva para o andar debaixo, seguimos um pouco o corredor, e Pierre mostra para mim o vestiário feminino.

Entro e fecho a porta. Olho na chave o número do armário. É o último da fileira da direita. Caminho até ele e o abro, está vazio, então apenas guardo minha mochila dentro.

Me sinto nervosa, espero me sair bem no primeiro dia.

Continua...

NOTAS DA AUTORA

bobinha

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