Sendo tímido e sozinho, Reed Walsh não consegue se aproximar de ninguém, ou fazer amizade. Filho de um empresário mais rico dos Estados Unidos, ele tem tudo que quer, e na hora que quer. Porém, sua timidez o impede de fazer muita coisa.
Quando seu...
Céus, esse restaurante é maravilhoso de chique. Tanta coisa cara... grandes lustres, lindas mesas... pessoas bem elegantes. Agora sei do motivo de Alessia querer tanto se vestir bem. Se eu viesse de qualquer jeito aqui, me sentiria muito desconfortável.
Arrumo o sobretudo em meu corpo, e fico atrás da garota que conversa com a atendente com uma prancheta. Alessia reservou uma mesa duas horas atrás.
- Por aqui! - a moça sorri gentil, e segue à frente
Ando atrás delas, enquanto atraio muito olhares. Isso me deixa um pouco... desconfortável. As pessoas sussurram de mim, e até me olham de cima a baixo.
Puxo a cadeira quando chego em nossa mesa. Tiro o sobretudo do meu corpo e me sento. Coloco na cadeira ao lado, e encaro esse lindo lugar. As mesas têm lindas rosas que deixam o ambiente perfeito. A música clássica baixa faz o clima ser tão aconchegante e gostoso...
Não tenho palavras para expressar o quão lindo é esse lugar. Pierre teve sorte de seguir com gastronomia, está fazendo bastante sucesso pelo menos.
- O que acha? Não é demais?! - Alessia sorri toda nervosa
Ela espalha o batom vermelho de seus lábios e arruma o vestido rosa em seu corpo. O piano que está sendo tocado a distância é algo que a maioria das pessoas aprecia. O cheiro de comida me dá água na boca.
- Pelo jeito, aqui deve ser bem caro.
- É... para nossa condição é. - a ruiva ri - Mas tenho dinheiro o suficiente para pedirmos um bom prato
Um garçom fica ao nosso lado.
- Boa noite, senhoritas. O que vão querer?
Pego o cardápio, o nome das comidas são bem difíceis de ler, mas o preço... meu Deus, é muito caro.
Olho para Alessia, mas ela apenas aponta no cardápio o que quer.
- Ah, eu vou querer o mesmo - estendo o cardápio para ele
- Ok, dois Bucatini all'amatriciana.
Hã?
- Isso. - Alessia sorri, e o garçom se afasta
- Buceti-... o quê? - pergunto - O que é isso?
- Um macarrão muito gostoso! Eu já comi em outros lugares, mas aqui é incrível! Você vai amar - ela diz bem animada - Não liga para o nome, mas é ótimo.
- Quase quinhentos euros para um macarrão? - ergo minhas sobrancelhas
- Amiga, esse macarrão não é fácil de fazer. Você precisa acertar o tempero, o molho e até a temperatura de cozinhar ele.
- Eu mesma faço em casa um macarrão e não te cobro nada - encosto na cadeira - Muito caro.
- Para de reclamar! Você vai ver o tanto que é bom sendo preparado por este restaurante. Por isso que aqui vive lotado.
Nunca comi esse macarrão, mas já comi um que eu mesma fiz que é uma delícia. Só estou indignada pelo preço e isso ser um macarrão... Achei que fosse algo mais chique.
- As comidas aqui dão de dez a zero em outros restaurantes, mesmo sendo praticamente o mesmo preparado. Alguns até tentam copiar, mas nunca conseguem fazer tão bom igual ao Restaurante Vinceti.
- Espero que realmente seja bom pelo preço.
- Te garanto que é - Alessia arruma seus cabelos lisos e passa a língua sobre os dentes - Está sujo de batom?
- Não. - digo, vendo seus dentes brancos - Vai demorar? Estou com vontade de experimentar agora.
- Não, e isso é o bom daqui. A comida é feita bem rápida.
- Estou vendo muita mesa sem prato ainda - coço minha cabeça para tentar disfarçar o desconforto dos olhares em mim
- Provavelmente porque estão esperando a sobremesa. Quero tanto uma sobremesa depois, mas não tenho dinheiro suficiente - ela suspira
- Tudo bem. - sorrio, para não a deixar constrangida - O macarrão já está bom.
Uma garçonete aparece do lado, deixando duas taças, e também um vinho sobre nossa mesa.
- Ah, espere! Não pedimos bebidas - Alessia diz, e a moça nos olha com um sorriso
- É por conta da casa.
- Como assim? - pergunto
- O dono do restaurante, está pagando pela bebida - ela segura a bandeja nas mãos - Como também está pagando a comida de vocês.
Ela gentilmente aponta para o nosso lado. Logo à frente, bem distante, vejo o Pierre com seu terno preto no corpo, conversando com alguns senhores. Não demora para seus olhos pretos estarem em nós.
Alessia acena, ele sorri. Mas eu? Apenas desvio meu olhar.
- Com licença! Posso colocar?
- A gente faz isso! - Alessia diz
A moça se retira após abrir a bebida. A ruiva pega o vinho para analisar.
- Meu Deus! Esse vinho é antigo.
- E daí? - digo, pegando da mão dela e colocando em nossos copos
- E daí que vinhos antigos são muito caros e deliciosos! - diz bem surpresa - Será mesmo que Pierre está pagando por isso?
- Não sei, mas se a garçonete diz que está, então vou beber - balanço meus ombros e deixo a garrafa na mesa - Qualquer coisa fugimos.
A ruiva ri baixinho e toma um gole do seu vinho, parecendo derreter na cadeira.
- Que maravilhoso! - ela revira seus olhos - Isso está perfeito.
Coloco a taça na boca, e desvio o olhar na direção de uma pessoa. Nunca o vi de terno antes, ainda mais agora que ele está mais... bonito. A sua postura o entrega de homem de negócios, alguém importante e respeitado por onde pisa.
Ele arruma sua gravata meio azulada em seu pescoço, e depois o terno preto. Pierre parece concentrado no que conversa com os homens na faixa etária de quarenta anos.
Seu perfil de lado é surpreendente, parece um novo homem. Maxilar mexe toda vez que o mesmo fecha sua boca. Seus cabelos bem curtos e... consigo sentir seu cheiro.
Posso imaginar seu perfume, e isso me faz senti-lo. Abaixo a taça, e na mesma hora seus olhos pretos ficam em mim.
Parece que o mundo a minha volta para, e apenas fica eu e ele nos encarando. Nenhum som ou alguém, apenas nosso olhar. A forma como seus olhos me penetra, deixa cada parte do meu sangue quente, meu corpo arrepiado e... estranha.
Mesmo após anos, Pierre consegue mexer comigo apenas com esse bendito olhar. Eu não gosto disso, não está em meus planos.
Ele desvia primeiro, e o que me faz olhar para frente quando Alessia começa a falar sobre o vinho.
Continua...
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