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Kristhen Furquim

- Olha, eu preciso investigar por conta própria - Matéo diz, ainda com a pasta na mão - Não acredito em uma história contada por uma pessoa que provavelmente tem o nome da minha irmã mais velha. Desculpa, mas tenho que aprofundar nisso. Nunca... pensamos na probabilidade que Kristhen estaria viva.

- Tudo bem, eu entendo... - cruzo minhas mãos em cima da mesa

- Certo... - ele encara a pasta por um tempo - Bom, eu vou indo. Te mando uma mensagem quando tudo for resolvido.

Matéo se levanta sem olhar em meu rosto. Ele se retira da lanchonete muito antes de comer e pagar o que pediu, pelo visto ficou tudo para mim. Suspiro um pouco alto e me encosto na cadeira.

Olho pelo vidro. Pierre permanece no mesmo lugar, mas dessa vez conversando com sua irmã e provavelmente uma amida dela. Eles trocam algumas falas, e Haydée se distancia até o carro da frente.

Pierre entrega um capacete para a garota de cabelos pretos, e segura o seu capacete. Seu rosto se vira na minha direção, ele me olha por um tempo até pegar seu celular

Sinto o meu vibrar no bolso. O retiro, vendo uma mensagem sua, mas o que chama a minha atenção, é como ele salvou o seu número.

Xuxu. É sério? Às vezes eu penso que ele gosta de passar vergonha, porque não é possível.

O barulho de moto faz eu erguer meu olhar. Quase não consigo vê-lo se distanciar. Apenas desbloqueio o celular para respondê-lo

Xuxu
Vou levar a amiga da minha irmã na casa dela. Haydée dormiu na casa da garota, e depois saiu com o Daniel. Poderia ter deixado ela na própria casa logo. Já volto, não vou demorar.

Kristhen
Esse nome que você colocou é ridículo. Xuxu? É sério?

Desligo o celular quando um prato fica na frente.

- Ah... Vocês cancelam pedidos? - digo a garçonete que segura o prato do Matéo - O garoto que estava comigo foi embora antes, e... eu só tenho dinheiro para meu prato.

- Desculpa, não cancelamos pedidos já feitos, seria desperdício de comida. Mas embalamos para levar.

Ela não ouviu que eu só tenho dinheiro para meu prato? Que seja... Eu espero o Pierre então.

- Tudo bem, pode embalar para levar.

Ela sorri e leva de volta o prato. Puxo minhas panquecas e meu cappuccino. Uso o mel que está na mesa e jogo sobre as panquecas, começando a cortar e comer.

O celular na mesa vibra. Outra mensagem do "xuxu"

Xuxu
Então coloca como "amor". Para não dar trabalho para você no futuro quando for mudar o nome.

Solto o garfo e a faca, pegando o celular.

Kristhen
Vou colocar.

Vou ao aplicativo de contato e mudo seu nome para idiota. Achei mais bonito e combina com ele. Desligo de novo meu celular, outra mensagem chega, e outra e outra. Apenas leio pela barra de notificação.

Idiota
Sério?
Duvido muito...
Manda uma captura de tela aí, deixa eu ver se fez isso mesmo.

Viro a tela do celular para baixo e volto a comer. Tenho que esforçar para ignorar suas cantadas que dá em mim. É tão óbvio quando ele me olha, ou até fica perto de mim. Sua expressão é diferente, um garoto cheio de energia e brilho.

É apenas uma suposição... Talvez ele ainda gosta de mim, e de alguma forma me quer por perto. Pierre sabe que se confessar vai levar um fora, e também vou me afastar. Estou tentando ignorar isso já faz um tempo, me fazendo de sonsa e bem desligada, levando tudo na brincadeira que ele diz.

Eu poderia me afastar sabendo que provavelmente ele gosta de mim? Sim! E eu tento, mas Pierre insiste em ficar perto. Me contratou para seu restaurante e agora deixa eu ficar em sua casa até eu ter a minha.

E pelas minhas condições, não posso negar boas oportunidades. Mas é apenas eu ter uma renda melhor... Ou até esse cara que está atrás de mim, morrer... Talvez eu devesse ligar para Kefhera. Não adianta eu correr para sempre.

É melhor eu resolver tudo isso logo e viver em paz, do que correr para o resto da minha vida, mudando de país ou até de nome. Posso não pegar uma arma, mas posso fazer o cara ser preso. Os polícias estão atrás dele, será fácil de acreditarem em mim.

Mas primeiro preciso saber quem é, e sinto que Kefhera sabe de algo. Ainda sei seu número de cor.

***

Bato meu pé de leve fora da lanchonete, esperando pelo Pierre. Já não sei quantas vezes olhei no relógio, já está tarde, tenho que ir para a universidade falar com os professores sobre o que aconteceu.

Consegui fazer outra pessoa comer a comida que Matéo pediu. Paguei a minha, e agora espero pelo mongol que disse que logo estaria aqui. Já são quase uma hora da tarde, ele saiu daqui há quatro horas.

Eu não conheço esse bairro de rico, nunca andei por estas redondezas. Sinto que se eu ir apenas reto, posso me perder. A lanchonete ao meu lado é fechada, uma mulher sorri para mim e caminha até seu carro.

Agora estou sozinha aqui, esperando pelo garoto. Poderia pedir um táxi, mas para onde eu vou? Não sei o endereço e nem a rua de onde Pierre mora. Estou mesmo em uma enrascada.

- Oi, Kristhen?

Olho para o lado, encontrando um garoto de cabelos vermelhos.

- Ah, você é o amigo do Pierre. - desencosto da parede

- Luca, eu me chamo Luca. - levemente um sorriso se estende pelo seu rosto - Está esperando alguém?

- Estou esperando o Pierre. Ele disse que estaria de volta quatro horas atrás. Eu poderia ir embora, mas não conheço a região.

- Ah... sempre atrasado - ele sorri, um sorriso muito lindo por sinal - Eu te dou uma carona até a casa dele.

- Sério? Seria ótimo! Eu tenho aula daqui a pouco e preciso me ajeitar antes - sorrio para o garoto de cabelos vermelhos, que logo devolve

- Tudo bem, vamos. - ele se vira

Sigo ele pela calçada até seu belo carro de luxo. Já deveria imaginar. Dou a volta no carro e abro a porta, ao invés dela ir para frente, a porta abre para cima. Nunca andei em um carro tão luxuoso como esse.

- Legal, né? - ele pergunta animado, entrando em seu carro

- Muito...

Entro e fecho a porta, o carro por dentro é incrível de lindo. Meus olhos chegam doem pelo brilho que cada coisa reflete. O cheiro é agradável, um carro bem cuidado.

- Pode mandar uma mensagem para o Pierre? Talvez ele venha aqui e fique se perguntando para onde você foi

- Claro.

Continua...

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