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Kristhen Furquim

Após um tempo em seus braços, finalmente seguimos caminho. Pierre não me apressou ou disse para eu o largar, apenas me agarrou com força naquele momento.

Acho que... foi o melhor abraço que já senti durante tanto tempo.

Me pergunto se ele não tivesse voltado... o que teria acontecido comigo e com o Leo?

Tiro meu celular do bolso após a escuridão chegar sobre a floresta. Ligo a lanterna e ilumino nosso caminho. Só quero chegar em casa, tomar um banho e dormir... Não aguento mais tudo isso

- Acha que estamos longe? - pergunto

- Eu não sei... Espero que não. - Pierre ainda segura o garoto em seus braços - O garoto precisa de soro, provavelmente está bem desidratado com tudo isso.

Apenas fico em silêncio, prestando bem atenção por onde anda. Meus joelhos ficaram bem ralados, mesmo Pierre me segurando. Eu os ralei duas vezes. Quando cai com Leo no chão, e depois que quase morri em uma tirolesa.

Eu juro pela minha vida, que nunca mais vou sair com a Alessia. Se um dia eu fizer isso, é porque estou louca ou estou sendo ameaçada de morte.

Aquela garota nem deve estar sentindo minha falta. Espero que escute o que tenho para falar. E que escute calada, senão vou socar seu rosto.

Passo a mão sobre meus cabelos, devo estar toda acabada.

- Está realmente tentando... viver uma vida normal?

Pierre me pega de surpresa, mas não vou mentir para ele.

- Sim. Quero poder esquecer o que aconteceu no passado, e tentar ter uma vida normal, com objetivos para serem conquistados.

- Eu estou incluso nisso?

- Está. - não consigo olhar em seu rosto enquanto respondo, então apenas foco na estrada

- Entendo... E que curso você faz?

- O que você acha?

- Astronomia?

Ele chama a minha atenção por acertar de primeira. Mas desvio logo em seguida por ver seus olhos nos meus.

- Sim.

- Hm... Pretende entrar em um relacionamento?

- Não por agora... - afasto meus cabelos do rosto pelo vento - Acabei de sair de um.

- Namorava? - ele pergunta tão surpreso, que até para de andar - Desde quando?

Olho para trás, não entendendo sua pergunta.

- Fazia dois anos. Mas terminei ontem com ele.

Pierre me olha tão sério, que parece procurar algo em meu rosto. Talvez uma mentira.

- Por que terminaram?

- Ele... estava indo em encontros com outras garotas nas minhas costas. Escondeu isso de mim dois anos do nosso relacionamento. A mãe dele nunca foi muito com a minha cara, ela sempre tentou nos separar porque eu sou pobre - reviro os olhos de raiva - Como aquele idiota não sabe falar não, aceitou todos os encontros que a velha da mãe dele arranjava. Vai saber se era só um jantar

Continuo andando, cansada de falar sobre esse assunto. Dou alguns passos, mas não sinto Pierre ao meu lado. Olho para trás, ele está na mesma posição, me encarando de uma forma tão fria, que congelou todos meus ossos.

- Tudo bem? - pergunto

- Ah, sim... Só estava pensando - ele segura com mais força o garoto, e continua andando - Vamos, sinto que estamos mais perto

Pierre passa por mim, mas ele parece... diferente. Seu jeito de falar mudou.

***

Foi horas andando, até finalmente conseguimos ver a saída desse lugar. Não aguento mais andar, meus pés estão chorando devido à sandália. Só precisamos descer um pequeno morro, e finalmente vamos chegar.

Ergo meu olhar para o céu. A minha paixão pelas estrelas cresce na mesma hora que vejo tudo estrelado. Meu coração está acelerado, enquanto estou viciada em ver isso.

A perfeição que isso se torna, o amor que tenho pelo céu e pelas estrelas. É tão lindo... Observá-las parece me levar para outro mundo, um lugar mágico e único.

Não tenho palavras para descrever o tanto que esse céu está cheio de estrelas e perfeito. Queria poder sentar aqui e o observar a noite toda, mas tudo que eu mais quero agora, é sair daqui.

- Kristhen!

Saio do meu transe, e começo a descer pequenas escadas. Faço isso com cuidado. A lanterna do meu celular chama atenção das pessoas que estão logo à frente.

Rapidamente eles vêm até a gente. Pierre para, e pessoas que era do nosso grupo se aproxima com um monte de pergunta. A guia fica louca, nos xingando de vários nomes por termos nos perdido.

O portão está bloqueado pelos seguranças e polícias.

- Tem alguém aqui que conhece algum Leo? - corto a guia, e ela apenas suspira

- Eu preciso ver...

Ela volta com os outros membros, e me aproximo com o Pierre do portão. Saímos finalmente desse lugar, e um choro ecoa. É um choro de uma mãe desesperada.

A mulher segura o rosto do filho e tenta o pegar, mas apenas se agacha com o Pierre que coloca o menino no chão. A doce senhora agradece várias e várias vezes, dizendo o quão é grata por achar se filho.

- Afinal, como vocês se perderam?

- Eu ouvi um grito. Um pedido de socorro. Na primeira vez pensei que fosse coisa da minha cabeça, mas foi confirmado quando o garoto gritou mais de uma vez. Eu fui até ele, sua perna estava presa em uma armadilha de urso. Eu o ajudei, e quando voltei para trilha não tinha mais ninguém, porém, o Pierre tinha voltado. Ele me ajudou após o garoto desmaiar pela perda de sangue e desidratação. Me pergunto o que seria de mim e do Leo sem ele.

A mulher suspira e passa a mão sobre seus cabelos. A mãe que estava no chão, levantou de uma vez e abraçou meu corpo com força. Ela repetia várias vezes a palavra "obrigada".

A senhora segura a minha mão com força, e seus olhos lacrimejando ela beija as costas da minha mão.

- Você é uma heroína querida... Vou ser grata pelo resto da minha vida por salvar meu filho.

Isso me comoveu de uma forma tão grande, que eu me segurei com todas as forças que me restam para não chorar. Em toda minha vida eu fui vista como o monstro, vista como... a morte. Nunca imaginei que alguém seria grato por eu salvar uma vida.

Nunca pensei que alguém um dia me chamaria de heroína.

Continua...

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