Kristhen Furquim
Não sei quanto tempo estamos andando, minhas pernas estão queimando e minha boca está bem seca. Alessia está longe para pedir um pouco de água.
Cubro meu corpo com a jaqueta de pano fino, mas não está adiantando... Deveria ter perguntado antes para onde íamos... que arrependimento disso tudo.
Olho para o lado quando escuto um grito meio distante. Fico olhando para aquelas árvores, tentando achar quem gritou.
Dessa vez eu olho para frente, ninguém está fazendo o mesmo que eu. Talvez seja apenas coisa da minha cabeça...
Continuo andando e acelero os passos, me mantendo por perto das pessoas. Porém, novamente um grito ecoa, e dessa vez vem atrás de mim. Eu encaro toda aquela mata, é um grito de socorro, tem alguém precisando de ajuda.
Ando um pouco de volta, tentando escutar de onde está vindo o grito. Novamente uma voz masculina ecoa. Olho para trás para chamar ajuda, mas todos já estão bem longe.
Droga, não posso deixar alguém precisando de ajuda para trás...
Penso e repenso durante um tempo. Outro grito, e dessa vez me fez sair da estrada, entrando no meio do mato. Sigo a voz que pede pelo socorro, e cada vez mais que corro a voz vai ficando mais alta.
Um pouco ofegante, eu paro de frente a um garoto. Sua perna está presa em uma armadilha de urso.
- Me ajuda, por favor! - ele pede com lágrimas nos olhos
Sua perna está sangrando. Tiro minha jaqueta e abano em volta para afastar as folhas e ver se tem alguma armadilha por perto. Com cuidado eu vou me aproximando dele.
- Tudo bem... eu vou te ajudar! - toco em seu ombro, e depois me abaixo
Seguro de cada lado da boca da armadilha. Coloco toda a minha força e começo a abrir. Vou até o final, travando novamente para a mesma ficar aberta O garoto se afasta mancando, e se encosta em uma árvore.
Me aproximo dele e tampo seu sangramento com minha blusa.
- Ok, de onde você vem?
- Eu me perdi do meu grupo... Fui fazer minhas necessidades e quando voltei, não tinha mais ninguém. Tentei procurar e achei melhor sair da trilha, mas não sabia que seria tão perigoso e pior - ele limpa seu rosto, respirando ofegante
Ele é jovem, deve ter uns quatorze anos.
- Qual é o seu nome?
- Leo. - ele se apoia na árvore
- Certo, Leo. Eu me chamo Kristhen e vamos precisar voltar para a trilha, tudo bem? Você consegue?
- Acho que sim.
Seguro seu braço e coloco sobre meu ombro, o ajudando a dar cada passo. Ele carrega uma mochila, para facilitar eu tiro dele e carrego sobre minhas costas.
Andamos um pouco até sair de perto das armadilhas de urso que tinha por ali. Isso é muito perigoso, ele não deveria ter saído da trilha para tentar achar seu pessoal.
Foi difícil, a cada passo o garoto gemia de dor, ele começou a pular apenas com uma perna e a cada momento parecia ainda mais pálido. Após alguns minutos vindo pelo caminho que corri, conseguimos achar minha trilha.
Apenas a segui reto, mas o garoto parecia cada vez mais fraco.
- Kristhen?
Ergo meu olhar após uma bonita voz me chamar. Pierre está parado na minha frente seu olhar por um tempo foi para o garoto.
Abri minha boca para perguntar o motivo dele ter voltado, mas Leo simplesmente cai no chão, me puxando junto. Seguro sua cabeça para não bater contra o chão, e toco em seu rosto. Ele está muito quente.
- O que aconteceu com ele? - Pierre fica ao meu lado, tocando no rosto do garoto pálido
- Sua perna estava presa em uma armadilha de urso. Acho que ele perdeu muito sangue.
Deixo o garoto nos braços do Pierre e vou até sua perna. Tiro a blusa que estava amarrada e ergo a barra da calça com cuidado. A ferida é bem feia e profunda.
- Precisamos lavar. Não sei quanto tempo ele estava lá, mas esse sangue precisa ser estancado.
Tiro a mochila das minhas costas e começo a procurar água nas coisas dele. Acho, no fundo, uma garrafa com apenas um pouco, mas é o suficiente.
Abro a garrafa e jogo com cuidado pelo machucado dele. Seco com um pedaço da roupa que estava dentro da sua mochila.
Amarro novamente com cuidado e fecho a mochila, colocando em minhas costas.
- Precisamos ir.
Tento pegar o garoto, mas Pierre o levanta em seus braços.
- Eu carrego ele.
Fico de pé e apenas concordo com a cabeça. Limpo meus joelhos devido à terra, e sigo caminho da trilha.
- Sabe para onde eles foram?
- Um pouco - Pierre fica na frente, mostrando caminho
Fico um pouco atrás, me perguntando o motivo dele ter voltado. Foi por minha causa? Ah... eu não sei. Só acreditaria se fosse por minha causa se ouvisse isso vindo dele.
Mas não estou com coragem para perguntar sobre isso.
Caminhamos pela longa trilha. Não consigo ver fim ou qualquer vestígio das pessoas que estávamos. Será que eles andaram tanto? Vamos ficar perdidos aqui?
Ah, não! Pensar nisso acaba me causando um certo desespero. Espero podermos encontrar alguém até o fim do dia.
Tenho certeza que tem mais de um caminho, e eu espero, do fundo do meu coração, não nos esbarrarmos com eles antes de encontrar pelo menos nosso grupo.
O jeito é permanecer na estrada. Só espero encontrar todos antes de anoitecer, com certeza tem animal selvagem por aqui, e a noite deve ficar bem pior.
Continua...
NOTAS DA AUTORA
Kristhen ficando com raiva do Pierre, mas ele é o único que se importa com ela, ao ponto de voltar a estrada e deixar o grupo
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Kristhen
RomanceSendo tímido e sozinho, Reed Walsh não consegue se aproximar de ninguém, ou fazer amizade. Filho de um empresário mais rico dos Estados Unidos, ele tem tudo que quer, e na hora que quer. Porém, sua timidez o impede de fazer muita coisa. Quando seu...