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Kristhen Furquim

Pego o que quero e vou até o caixa. Pierre termina de pagar suas cervejas e sai pela porta. Ainda me pergunto o motivo dele vir para o lado de cá, sendo que mora em outro bairro. Pago o que comprei com o meu cartão de crédito e me retiro. Não é muita coisa, mas é o suficiente para forrar meu estômago.

Ando pela calçada em direção a minha casa.

- Ei!

Paro de andar e olho para trás. Pierre está sentado em sua moto com seus olhos em mim.

- Quer carona?

Não deveria recusar. Depois de tudo que aconteceu com esse assassino, tenho que aceitar qualquer forma mais fácil de voltar para casa. E como eu conheço o Pierre, eu posso aceitar com mais facilidade.

- Claro... - me aproximo dele

Pierre coloca o capacete. Ergui meu braço para tentar segurar em seu ombro, mas sua mão agarrou meu pulso e ele tirou as sacolas, colocando sobre o seu braço.

Agora eu consigo segurar em seu ombro e sentar sobre a moto. Envolvo meus braços em seu corpo, a jaqueta de couro preta está gelada.

Ah, droga... Estou me arrependendo de ter aceitado.

Sinto uma mão quente sobre a minha. Tento puxar, mas Pierre segura com mais força, logo minha mão esquerda está coberta. Quando ele solta, finalmente posso ver o que ele colocou. São as suas luvas.

Por que ele estão as colocando em mim? É melhor para ele que está dirigindo e ajuda a sua mão não travar pelo frio. Eu não preciso disso.

- Eu não preciso-

- É melhor você se segurar, costumo correr nesse horário que não tem muito carro.

Abraço seu corpo de volta em silêncio. A moto é ligada, ele sai e não demora para a velocidade subir muito. O gelo que sinto em cada parte do meu corpo faz o lugar ficar dormente pelo frio.

***

Desço da moto me sentindo o próprio iceberg pelo frio. Se eu ficar gripada não vou poder culpar ninguém porque podia ir quentinha no carro da Alessia, mas recusei e agora tive que vir de moto nesse frio.

Tiro as luvas da minha mão e entrego para o Pierre. Ergo meu olhar, para o outro lado da rua. O carro que está parado... eu o reconheço.

É do Giovanni... Não me diga que esse idiota está aqui...

- Obrigada! - agradeço após pegar as sacolas

A porta de um carro fechado faz eu olhar de relance e, rapidamente Giovanni chega até mim antes que eu pudesse dar fuga.

- Vamos conversar, ok? Você está me ignorando o dia todo.

- Não temos nada para conversar - dou de ombros e me viro para entrar, mas Giovanni fica na frente

- Eu... Prometo que vou mudar... Confia em mim? Vou resolver esse assunto com a minha mãe. Só... volta para mim.

- É... - estreito meus olhos - Não...? Você deve ser muito descarado em vir aqui. Mas já que veio, aproveita e leva a suas coisas.

- Que coisas?

- Suas roupas e seus presentes. Ou leva, ou eu coloco fogo. - tento entrar de novo, mas suas mãos quentes seguram meu braço e me puxa para longe da porta

- Me escuta por alguns minutos, por favor! - ele suplica

- Quem é esse?

Olho para o lado após ouvir a voz do Pierre. Ele se apoia em seu capacete, esperando pela minha resposta. O que esse idiota está fazendo? Não se conhecem?

- Pierre? - Giovanni larga meu braço com tanta velocidade e bufa de raiva - Estava com ele?

- Não-

- Não? Pelo que vi você desceu da moto dele. - ele me olha com nojo - Quando eu te disse ontem que não gostava dele já foi direto procurar quem é para tentar me fazer ficar irritado, né? E olha pelo lado bom, você conseguiu! - ele bate suas mãos na perna

- É seu namorado? - Pierre pergunta com um sorriso torto no rosto - Ah, não... Pelo que estou vendo, é o ex.

- Fica na sua, seu desgraçado! - Giovanni ergue o dedo para ele

E foi o suficiente para Pierre sair da moto com uma cara nada boa.

POR QUÊ? Por que isso está acontecendo só comigo?

- Não ergue esse seu dedo nojento para mim. - Pierre ergue suas sobrancelhas, aproximando dele com as mãos no bolso das calças - Caso contrário o arranco e enfio no seu rabo.

Tudo que eu queria era paz... Por que é tão difícil arranjar a paz?

Fecho meus olhos e respiro fundo várias vezes. É inútil surtar com os dois aqui e sair batendo em qualquer um. Realmente não adianta.

- Acha que tenho medo de você?

- Quer descobrir? - Pierre ameaça

Não consigo me acalmar com tudo isso. Abro meus olhos de volta, parecem dois lobos brigando pela loba no cio. Céus, que ridículo.

- Tá legal, já chega! - seguro o braço do Pierre e o empurro para bem atrás de mim - Vai embora Giovanni, já decidi e não vamos mais voltar, ok?

- Seu gosto mudou desde a última vez que ficamos. Deveria melhorar os homens que você escolhe para dormir. - Pierre implica

- Para com-

- Você ficou com ele?! - Giovanni se aproxima de novo

Apenas sinto vontade de chorar com tudo isso. Estou machucada, quase morri hoje, não comi nada, estou morrendo de sono, com frio, e tenho que aguentar dois marmanjos implicando um ao outro.

- Isso é passado - suspiro - Conheço o Pierre há mais tempo que você, Giovanni. Desde criança eu o conheço, então eu não fui atrás do garoto que você odeio para te irritar, ok?

- E não me contou isso? - diz incrédulo

- Você não me contou quando sua mãe estava arranjando encontros para você com outras garotas. Então não acho que seria necessário te contar algo assim que nem é importante.

- Espera, ele não mudou? - Pierre o empurra com seu corpo - Estou até impressionado que você aceitou namorar um maldito mulherengo. Ah, e vou te contar uma pequena coisa, não é a mãe dele quem arranja os encontros, é ele quem faz isso.

- Como assim?

O corpo de Pierre é empurrado pelo Giovanni. Eu apenas observo toda essa criancice.

- Não acredita nele, baby. - Giovanni me olha com tristeza - Eu não faço isso.

- Ele também é um bom manipulador, gata. Não acredita em merda nenhuma que ele diz. - Pierre se encosta na moto, com uma cerveja na mão, sorrindo de uma forma implicante

Continua...

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NOTAS DA AUTORA

A Kristhen sofre, tadinha

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