Capítulo 08

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Como não havia prestado atenção naqueles olhos antes? Fixei-me neles até que ele baixasse a cabeça para tentar esconder as lágrimas como se tivesse vergonha de estar chorando.

- Não se preocupe com isto agora.

- Como não me preocupar... Eu não tenho como...

- Pense somente em seu filho agora. – O interrompi. Ele não teria que pensar em dinheiro, nem agora e nem depois. Este hospital era da família Portilla, minha família. Mesmo tendo de enfrentar a meu próprio pai, eu não deixaria aquela criança morrer. – Não se preocupe, eu cobrirei qualquer gasto.

- Mas isso não é certo, é meu filho e eu tenho que...

- Se o senhor desejar, assim que seu filho estiver estabilizado podemos tentar transferi-lo a um hospital público, mas eu não hesitaria em deixa-lo aqui por conta de orgulho. Com certeza terá o melhor atendimento do país. São os melhores médicos e principalmente na área infantil.

- Eu entendo... Mas é que... – Parecia que ele não encontrava palavras para dizer o que queria, por fim desistiu.

- Não pense nisso agora senhor...

- Alfonso Herrera. – Disse tirando minha dúvida.

- Senhor Herrera. – Continuei. – Por enquanto pense apenas em seu filho, e após isto você toma qualquer decisão. – Tomei o assunto por encerrado, e a principio ele também. – E a propósito, sou Anahí, Anahí Puente. – Não sei bem por que, mas no momento não acreditei que fosse necessário dar o sobrenome Portilla que entregaria de alguma forma minha conectividade ao hospital. Talvez tivesse medo que ele se sentisse ofendido. Mas por quê? Por que eu me preocupava se ele se ofenderia? Nunca me importei com a opinião alheia. Enfim, me mantive assim.

- Nem sei como te agradecer senhorita Puente.

- E a mãe do bebê? - Disse de um modo curioso, mas tive de velar a curiosidade com alguma desculpa. – Ela não deveria saber que o menino está no hospital?

- A mãe deles morreu já faz algum tempo. – O seu olhar era triste em retomar a lembrança, e então voltou a afagar os cabelos de sua filha maior que dormia com a cabeça em seu colo. – Julia – pressupus que era a menina – se parece muito com ela, mas tem meus olhos. – Ele esboçou um sorriso.

- Ela é linda.

- A filha da senhorita, o pouco que a vi, é muito bonita também. Deve ter a idade de Julia, parece muito com a senhora. Seu marido deve ser um homem orgulhoso.

- Não é minha filha. – Sorri desconcertada. – É minha sobrinha. Não tenho filhos, e muito menos um marido.

- A senhora a protegeu de um modo tão maternal que...

Desviei o olhar, definitivamente não queria falar do assunto e acredito que minha reação deixou isto muito claro a ele. O médico havia chego, para meu desalento era o Doutor Rodrigo. O último homem que gostaria de ver no dia de hoje.

O mendigo ✖ AyA {finalizada}Onde histórias criam vida. Descubra agora