Capítulo 25

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Não queria conversar naquele momento e Alfonso entendeu, ele ficou olhando Miguel. Encarei-o por mais um tempo e voltei a pensar em que Rodrigo havia falado, sobre Miguel precisar ficar em um bom ambiente. Séria e destemida, fitei Alfonso autoritária. Ele percebeu meu olhar seco, e profundo.

- Miguel irá para minha casa após a recuperação. – Falei autoritária, e ele pensou em reagir. Não hesitei em interrompê-lo antes mesmo de começar a falar. Eu não aceitaria não como resposta e iria deixar isto claro. – É para o bem do menino, depois que ele estiver bem, não precisa aceitar qualquer ajuda minha, sumo da sua vida se for o caso, não interfiro em mais nada, porém o menino irá se recuperar em minha casa. Não aceito recusas.

- Por que está fazendo isto?

- Não tenho motivos.

- Claro que tem Anahí. – Agora ele quem fora sério. – Uma coisa que aprendi na vida desde que nasci é que ninguém faz nada de graça ou sem um bom motivo. Você ainda não me cobrou nada, e creio que já percebeu que não tenho nada que lhe interessa. Meus maiores tesouros são Julia e Miguel, e você não parece ter interesse neles também. Então você realmente deve ter um bom motivo para querer me ajudar, e eu quero saber.

- Já disse que não quero falar sobre isto. – Falei irritada, porém com tom de voz baixo, era um hospital.

- E eu já lhe disse que você não gosta de falar sobre muitas coisas. Porém só vou aceitar sua ajuda, ou qualquer outra, se me disser o porquê está fazendo isto. – Ele falou autoritário, virando o jogo contra mim, e eu me irritava, deixando-me vulnerável como ele bem queria.

- Você seria capaz de colocar a vida de seu filho em risco por conta de uma curiosidade senhor Herrera? – Perguntei incrédula, tentando voltar as rédeas daquela discussão.

- Não, nunca o colocaria em riscos. Por isto mesmo estou lhe perguntando seus motivos. – Fitou-me ainda mais sério. – Tenho onde deixa-lo enquanto estiver doente, não é o local ideal, porém será muito bem cuidado.

- Então aceita ajuda de outros, mas não a minha?

- Anahí. – Alfonso bufou.

- Esqueça. – Disse exausta daquela discussão. – Esqueça que lhe ofereci ajuda, esqueça-se de tudo. Depois que Miguel tiver alta, sinta-se a vontade de leva-lo para onde quer que seja e esqueça-se de minha existência. – Meus olhos marearam novamente, meu coração ainda estava abalado desde a conversa com Rodrigo na frente daquele quarto. – Já tentei lhe mostrar por várias vezes que eu sou digna de confiança, que não lhe quero nada, apenas o seu bem e o bem das crianças. Desculpe-me se não está acostumado a ganhar as coisas de maneira fácil, mas nunca faria nada que fosse prejudicar você ou suas crianças. – Respirei pesadamente contendo ainda as lágrimas. – Fique aqui com seu filho agora, estou indo para casa.

Enquanto abria a porta para sair, percebei que um braço me puxava. Como ele havia saído tão rapidamente e silenciosamente de trás do berço de Miguel, até tão perto de mim?

- Anahí... – Disse agora desarmado.

Saí de lá. Não tinha mais condições. Se ficasse ali mais um segundo, cairia em lágrimas, e a última coisa que queria era chorar na frente dele.

O mendigo ✖ AyA {finalizada}Onde histórias criam vida. Descubra agora