Capítulo 28

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Alfonso Herrera Rodriguez

- A filha da senhorita, o pouco que a vi, é muito bonita também. Deve ter a idade de Julia, parece muito com a senhora. Seu marido deve ser um homem orgulhoso.

- Não é minha filha. – Ela sorriu desconcertada. – É minha sobrinha. Não tenho filhos, e muito menos um marido.

- A senhora a protegeu de um modo tão maternal que...

Percebi que ela desviou o olhar, definitivamente ela não queria falar do assunto e sua reação deixou me deixou isto muito claro. O médico havia chego, percebi uma decepção ao vê-lo, como se não quisesse estar em sua presença.

Meus pensamentos deram voltas. Por que havia me dito tão incisivamente que não tinha filhos? Talvez por que não quisesse falar do assunto, talvez esta menina fosse o motivo de tudo. Mas, ainda sim. Era difícil para eu acreditar que uma mãe pudesse negar um filho.

Logo ouvi um choro de criança vindo de fora do quarto e eu conhecia muito bem aquele choro. Uma enfermeira estava com Miguel na porta e ele chorava desesperado. Tão desesperado quanto as lágrimas que caíam dos olhos de Anahí.

- Entre. – Ela disse baixinho.

A enfermeira entrou com o menino, e eu logo o peguei no colo e o acalmei. Anahí ainda vidrada em sua filha desviou o olhar para Miguel, que estava de pé sobre meu colo com um lindo sorriso no rosto. De alguma maneira estranha ele arrancou um sorriso de Anahí.

- Ele tem o seu sorriso.

Sorri ao ouvir esta afirmação. Realmente o sorriso de Miguel era igual ao meu.

- Mas esses olhos não são verdes como os seus e os de Julia.

- Os olhos são de Judy.

Anahí então voltou a olhar a menina, e passou os dedos entre seus cabelos.

- Os olhos de Sophia são azuis como os meus e definitivamente o nariz também. – Anahí soltou um leve sorriso. – O sorriso também é do pai.

- O Doutor Rodrigo?

Percebi que Anahí ficou tensa com minha pergunta, ela apenas assentiu, e suas mãos voltaram a ficar tremulas. As lágrimas que a poucos segundos estava conseguindo segurar, já lutavam para cair de novo. Eu queria dizer algo para impedir isto, mas infelizmente não consegui pensar em nada.

- Eu tinha tanto medo de entrar novamente neste quarto, imaginei que depois que entrasse aqui, assim como da outra vez seria difícil sair, ou talvez não saísse mais daqui de dentro. Eu acho que estava certa, não tenho a mínima vontade de ir embora.

Levantei-me e fui até Anahí com Miguel no colo, e minha vontade era pegá-la que nem estava pegando Miguel. Protegê-la e dizer-lhe que tudo ficaria bem. Virei o rosto e vi uma mulher loira, muito parecida com Anahí na porta.


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Gente, que dó da Anahí... Não da vontade de proteger?!  :(

O mendigo ✖ AyA {finalizada}Onde histórias criam vida. Descubra agora