Capítulo 107

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O ciúme deve haver ficado tão estampado em minha expressão que senti certo receio quando Rodrigo saiu. Fechei meus olhos por alguns segundos e percebi que Anahí fizera o mesmo, o que será que se passava por sua cabeça?

Ela me olhou duro, como se não houvesse gostado da minha presença ou da minha expressão. Será que eu havia atrapalhado algo?

- Desculpe, não queria atrapalhar nada. – Disse resignado tentando conter meu ciúme, tentei fazer com que as palavras não soassem duras e com arrogância, porém não sabia como ela havia entendido.

- Não atrapalhou nada. –Respondeu calma.

- E como está Sophia? – Aproximei-me da cama hospitalar olhando a menina.

- Melhor. – Anahí sorriu fitando-me. – Ainda não acordou, e nem sei quando poderá ir para casa. Desde que fez a cirurgia só espero o dia que possa leva-la comigo.

- Logo poderá Any. – Fiz a volta na cama, procurando ficar mais perto de Anahí. Calado.

- Você está quieto. – Constatou.

- Não, apenas não tenho o que dizer. – Na realidade estava corroído de ciúme, e sabia que não tinha o direito de falar nada, por isto tentava ficar quieto. Não iria cobrá-la. Nem perguntar. Se quisesse falar que falasse. Estaria pronto para ouvir, mesmo que partisse meu coração.

- Disse a mim mesma que não te daria explicações. – Anahí soltou um meio sorriso. – Mas algo dentro de mim diz que te devo explicações.

- Não deve. – Disse simples. – Dê apenas se quiser. Se não realmente não precisa. – Tentei esboçar meu melhor sorriso, mas tive a certeza que saiu falso.

- Eu quero. – Ela então olhou para as mãos que se movimentavam nervosamente. – Rodrigo veio conversar comigo sobre Sophia, ele disse que queria ser o pai dela, ter direitos sobre ela quando ela saísse daqui. Levá-la ao parque, ajudar em sua recuperação. – Suspirou. – Enfim, ser um pai.

- E você?

- Hesitei no começo. Nunca gostaria que ele usasse minha filha para qualquer outro motivo, como para voltarmos. – Explicou. – E ele me deixou bem claro que seu interesse é somente na nossa menina. Ele já se redimiu o suficiente, pode ser bem mais que o médico dela, e ela tem o direito de ter um pai. – Anahí deu um sorriso singelo. – Nossa trégua finalmente foi imposta pela cura de Sophia.

- Isso é ótimo. – Disse feliz e completamente aliviado após ouvir as declarações de Anahí.

- E agora você tem coisas a me responder senhor Herrera. – Ela brincou falando meu nome ironicamente.

- Como?

- Bem, existem muitas perguntas sem respostas. Como a proposta que te fiz sobre cuidar dos meninos para você poder encontrar um emprego melhor. Como a reposta do que lhe perguntei antes de vir para o hospital. Enfim, você tem tantas coisas para me responder que não consigo nem contar nos dedos.

- Que tal fazermos assim? – Sorri malicioso. – Você dormirá na minha casa uma noite destas, como havia me prometido há muito tempo atrás, e lá eu te dou todas as respostas que você desejar. O que acha? – Perguntei com malicia, ansiando por sua resposta.


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Hm.... Ponchito querendo um romance na favela! To só observando ;) K

O mendigo ✖ AyA {finalizada}Onde histórias criam vida. Descubra agora