- Faça. - Respondeu fitando-me.
- Primeiro: Como conseguiu comer tudo? - Olhei então ele enquanto comia o que restava em seu prato.
- Não posso te dar uma resposta concreta para isso. O que posso lhe dizer é que se ficasse três dias sem ter o que comer isso lhe pareceria o céu. - Piscou. - Lembra-se aquela analogia que lhe falei das bananas? É a mesma coisa.
Na verdade recordava-me muito bem, talvez fosse algo que jamais fosse esquecer.
- Sabe aqueles carros de feiras? - Eu assenti. - Quando eles saem, eles acabam por deixar nos lixos da redondeza as frutas que não foram vendidas, aquelas que provavelmente não irá conseguir mais vender. O mendigo vai lá, com fome e encontra no lixo um grande cacho de bananas, ele está com fome, pega as bananas menos passadas que estão lá e come. Em seguida passa outro com ainda mais fome, ele pega as bananas ainda mais passadas e come. Logo passa outro que tem ainda mais fome que o anterior e pega as que já estão podres. Os demais passarão reto, até que passará aquele que estará realmente morrendo de fome, parará e comerá as cascas.
Respirei profundamente, refletindo sobre aquilo. Fechei os olhos.
- Ei Any. Está tudo bem. - Ele disse ao perceber que estava em choque diante daquela realidade. Essa era a realidade dele, Miguel, Julia e provavelmente muitas outras pessoas.
- É assim mesmo que vivem? É isso mesmo que vocês têm? Co... Como vocês conseguem? - Já estava engasgada com a situação. - Eu não sei se sobrevivo essa noite aqui, e vocês vivem aqui uma vida inteira.
- Isso não é uma escolha Anahí. Nunca escolhi viver aqui. Você acha que não preferia que meus filhos estivessem em boas escolas? Tivessem todo dia o que comer? Ainda sim tenho sorte, existem muitas pessoas em situações muito pior do que eu.
- Mas eu lhe ofereci tudo, ofereci tudo para teus filhos. - Supliquei.
- Não é assim que as coisas funcionam Anahí. As coisas não devem ser ganhadas, elas devem ser batalhadas. Fazem parte da minha integridade e do que eu sou. Tenho que lutar e merecer o que eu tenho, não quero subir na vida por conta de uma terceira pessoa. Quero subir por conta de mim mesmo.
- Mário do Bairro. - Ri, recordando-me da piada.
- Ainda não entendi isto.
- É. É difícil de explicar.
- Tente.
- É uma novela, uma jovem que vive em um bairro pobre, ao perder a família um senhor rico a acolhe e ensina a ela bons modos, assim ela pode crescer e se tornar um verdadeira dama. Os moradores da casa que não gostavam dela a chamavam de Maria do Bairro. Por isso te chamaram assim. Acham que te acolhi e dei tudo para ti. Enquanto na verdade você conquistou tudo que tem. - Sorri. - Mas você tem um coração puro como a personagem da história. Não vejo esse apelido como uma ofensa.
- Se você vê assim, para mim é o que basta e não me ofenderei. - Disse com aquele lindo sorriso e aqueles olhos verdes que brilhavam. - Mais alguma pergunta.
- Sim. - Falei decidida, agora era a hora da verdade.
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Bora jogar tudo na rodinha!!!!!! Kkkkk
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O mendigo ✖ AyA {finalizada}
RomanceAnahí é uma menina muito doce no meio de tanto tubarão. Querendo ou não as vezes sente-se afetada pelas amizades que tem em volta, e por vários momentos tem medo de perder sua própria essência. Em uma bela noite está brincando em uma praça em frente...