Alfonso Herrera Rodriguez
Meus olhos já não enxergavam tão bem, mas ainda sabia aquela beleza. Meu olfato e os demais sentidos já não eram tão apurados, porém ainda reconhecia aquele perfume e o toque de sua pele. Minha memória já não era a mesma, mas ainda sim me lembrava de cada momento que vivemos juntos em todos esses anos de casados.
Estiquei meu braço para pegar meus óculos com cuidado para não me mexer muito, não queria desacomodá-la. Anahí com o passar dos anos tinha o sono cada vez mais leve, e mal respirei, alcancei as ditas lentes e coloquei a frente de meus olhos apoiados sobre o meu nariz.
Bem melhor. Agora poderia vê-la com muito mais clareza.
Ela era muito mais bonita sem estar embaçada. Céus, como agradecia aquela mulher por haver mudado minha vida. Miguel era tão pequeno e indefeso quando ela apareceu para salvá-lo e eu mal poderia acreditar que ela me salvaria também. Hoje nós tínhamos uma família imensa.
Julia fora a primeira a casar e nos dar netos, seguidos de Sophia. Alessandra estava certa e fora um dos gêmeos que juntou nossa família, Axel e Camila começaram a namorar ainda jovens, se casaram e eram tão felizes que lembravam um misto do meu relacionamento com Anahí e do relacionamento de Alessandra com José, Alan também encontrou seu par. Miguel foi quem nos dera mais dor de cabeça, achamos que ele nunca iria se ajeitar, bonito e com todas as mulheres a seus pés, demorou em escolher sua elegida e hoje era completamente dependente de sua esposa até para respirar. Anahí sempre dizia que Miguel tinha muito de mim.
Por último, e não menos importante, nossa pequena Isabela, a caçula que nasceu prematura e nos deu muita dor de cabeça quando pequena por ter uma saúde frágil se tornou uma adulta forte, e seguiu os passos da mãe, tendo muitos filhos. O que fora um milagre, já que os seus três guarda costas, vulgo irmãos, tentavam afastar todos os seus pretendentes.
Meu devaneio então fora levado para pequenos lapsos de memória da nossa maravilhosa tarde em família, um almoço com todos reunidos. Sentimos falta de Henrique, ainda era difícil de acreditar que ele havia partido, mas deveria estar feliz agora junto de sua esposa que tanto sentia saudade. Em seus últimos dias, fora isso que disse a Anahí e isso que a confortou. Rodrigo também partira deixando principalmente Sophia com saudades, porém fora o que a aproximou de seus meio irmãos, os filhos de Rodrigo com Stefany.
Podia ver tantos jovens naquela mesa, doze deles meus netos, os outros quatro, dois filhos de Ana Paula e dois filhos de Gabriel. Já havia alguns bisnetos também correndo pelo pátio, tão impacientes e rápidos como poderia imaginar que crianças poderiam ser. Não me recordava o nome de todos, assim como Anahí. Estávamos velhos.
Rimos ao perceber que estávamos brincando de adivinhar quem era quem.
Cansamos cedo, e fomos para nosso quarto dormir. Arrisquei-me a levar minhas mãos em seus cabelos brancos e acaricia-los. Pude reparar sua pele enrugada, parecia mais débil com o passar dos anos, mas para mim ainda continuava tão bonita como no dia que a vi pela primeira vez. Ela então acordou com o toque, senti remexer e ficar ainda mais encostada em mim.
- Amo quando me acaricia. – Fora a primeira coisa que ela disse quando acordou.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O mendigo ✖ AyA {finalizada}
RomanceAnahí é uma menina muito doce no meio de tanto tubarão. Querendo ou não as vezes sente-se afetada pelas amizades que tem em volta, e por vários momentos tem medo de perder sua própria essência. Em uma bela noite está brincando em uma praça em frente...