Capítulo 126

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Seis meses se passaram e poderia dizer que os últimos meses tiveram muitos mais altos que baixos. Miguel crescia cada vez mais lindo e saudável e desistimos de fazê-lo entender que Anahí não era sua mãe ele sempre a chamaria assim, Julia aceitava cada vez melhor meu relacionamento com Anahí, e sim eu tinha um relacionamento com ela. Ainda não a tinha pedido oficialmente em namoro, mas isso não era necessário. Dávamo-nos muito bem, e por algum tempo havia me esquecido da nossa diferença social e estava firme em nossa igualdade amorosa. Nosso compromisso emocional era muito maior do que qualquer palavra ou estado civil.

Parecia que cada vez mais Anahí se libertava para o amor, cada vez tinha menos medo de amar.

Também havia começado há cinco meses a trabalhar na casa de Alessandra e de José cuidando de Gabriel. O menino vinha melhorando muito, no começo fora difícil e por muitas vezes pensei em desistir, mas o menino logo começou a render-se e já fazia suas refeições, seus exames e seus tratamentos com muito mais facilidade, e isto era um alivio para os pais que estavam cada vez mais felizes com o trabalho que eu estava realizando.

Alessandra e José apesar dos problemas com o menino tinham um relacionamento invejável, se amavam como um casal de namorados, estavam sempre juntos como cumplices e sempre um pelo outro como um verdadeiro casal de marido e mulher. Não havia nada que não encarassem juntos, todos os problemas, tudo era negociável, tudo tinha um jeito. Quando um não podia o outro podia, quando os dois não podiam um deles abria mão, e quando divergiam eles discutiam e procuravam uma solução.

Este emprego havia melhorado muito minha vida, Julia e Miguel podiam ficar comigo a maior parte do tempo e também faziam companhia a Gabriel, que adorava ambos, embora Julia ainda preferisse a companhia da sua amiga inseparável Ana Paula. Alessandra havia feito questão de melhorar os estudos de Julia colocando-a na mesma escola de Aninha. Miguel também estava em uma creche meio período aprendendo a conviver com outras crianças, o que ajudou muito em seu desenvolvimento social. Já conseguia alugar uma casa e alimentar meus filhos com meu próprio dinheiro e estava progredindo na vida.

Outro ponto alto era Sophia, a menina estava cada vez melhor, isso deixava Anahí feliz e por consequência me deixava feliz. Ela havia acordado muito bem um dia depois da noite que Anahí passou em minha casa, e dentro de algumas semanas já iria estar de alta, nunca vi Anahí tão ansiosa como nos últimos tempos. Estava ansiosa por ter sua filha em casa. Sophia fazia tratamentos com fisioterapeuta para normalizar sua coordenação motora, bem como com a fonoaudióloga para começar a falar de maneira mais adequada para sua idade e retomar o tempo perdido. Assim que conseguisse isso, entraria com aulas com uma pedagoga, assim se possível logo poderia começar a frequentar uma escola como uma criança de sua idade ou pelo menos próximo disto.

Claro que havia baixos também, sempre havia baixos. Afinal, quem não tinha problemas?

Um deles era a empregada da casa dos senhores Vazquéz, Perla Galvez, uma morena de trinta e poucos a nos, alta, de lábios carnudos e de um gosto muito extravagante. Seus olhos castanhos não me pareciam muito confiáveis, mas no fim se demonstrava uma pessoa simpática que apenas falava um pouco demais. Não era uma mulher feia, mas nunca poderia compará-la a minha doce Anahí. No mais tínhamos a mesma condição social e muitos assuntos em comum. E por que ela era um dos pontos baixos? Por que ela parecia realmente interessada em mim, e não parecia ter a mínima vontade de esconder isto. Isso sempre me deixava em maus lençóis.

Outro era Anahí, tinha de contar a ela. Estava a meses escondendo algo dela, primeiro para protegê-la e depois por falta de coragem, mas sabia que ela não tolerava mentiras e omissões e uma hora teria de contar a verdade antes que ela me cobrasse isso. Uma hora.



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O que será que ele ta escondendo?! Hmmmmmmmmm... :O

O mendigo ✖ AyA {finalizada}Onde histórias criam vida. Descubra agora