Alfonso Herrera Rodriguez
De pouco a pouco consegui fazer Anahí perder a obsessão por estar perto da filha vinte e quatro horas por dia. Ela saía regularmente para se alimentar, voltava para sua casa para tomar banho e descansar um pouco. No que pude ajudei-a. E ela também me ajudou muito, a recuperação de Miguel com certeza foi muito mais fácil por causa dela.
Lembrei-me quando me apresentou aquele quarto rosa, que era de Sophia, e disse que era ali que ficaríamos. Senti-me incomodado por todos aqueles dias, um intruso entrando em um quarto que não era nosso, e por mais que negasse, nós estarmos ali incomodava Anahí, mesmo que ela tenha nos colocado ali, isso não fazia bem para ela.
A amizade entre Ju e Ana Paula também cresceu muito, pareciam irmãs de tão cumplices que eram.
E ainda havia aquele beijo. Ocorreu no hospital, e depois daquele dia, nunca mais ocorreu. Não que eu não quisesse, mas Anahí não me deixou fazer de novo, e sempre que tentava me aproximar, ela se afastava. Talvez tivesse medo de mim, ou talvez encarasse a realidade melhor que eu. O que a senhorita Puente Portilla iria querer com um homem que nem eu? Que mal podia sustentar os filhos? Isso não importava mais, definitivamente, não mais.
Arrumava minhas coisas, não tinha muitas coisas para arrumar, mas havia pegado durante estes quinze dias algumas coisas em casa para Miguel, Julia e eu. Colocava tudo na mochila, hora de voltar para casa. Voltar à realidade. Havia conversado com Ju no dia anterior, dito que as coisas iam voltar a ser o que eram, e que o melhor era ela não se acostumar a esta realidade que era tão diferente da nossa. Minha pequena era muito compreensiva, e disse que entendia isto, embora não negou que iria sentir saudades de Ana Paula, e de tudo que tinha aqui. Quem não sentiria? Que criança na idade dela não ficaria deslumbrada com brinquedos, comida todo dia, e alguém para leva-la e busca-la na escola?
Minha frustração de tirar tudo isso dela era enorme, mas aquela não era nossa vida e tudo aquilo não era nosso. Sentei-me na cama, fechando o zíper da mochila.
- O que está fazendo? – Era Anahí, encostada na porta entreaberta. Parecia surpresa em ver a mochila.
- Organizando minhas coisas para voltar para casa. – Disse como se isso fosse obvio.
- Mas por quê? – Parecia desapontada.
- Como combinamos. Miguel ficaria aqui até se reestabelecer, e ele está muito bem graças ao seu cuidado e ao cuidado de todos desta casa, estou muito agradecido, mas agora é hora de voltarmos.
- Mas eu pensei que...
- Que?
- Esqueça. Bobagem minha, você tem sua vida, e creio que já tomei decisões demais por ti. Certo?
Tinha de concordar, mas não fiz isso, ela não parecia nada bem.
- Quer dizer algo?
- Nada... É que me acostumei com sua presença aqui, com a presença das crianças. Ana Paula nunca veio tanto a minha casa, quanto que para ver Julia. E você me apoia tanto na questão da Sophia. Apenas isto. Mas não quero atrapalhar, você tem sua vida. – Então ela virou-se para se retirar do quarto.
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O mendigo ✖ AyA {finalizada}
RomanceAnahí é uma menina muito doce no meio de tanto tubarão. Querendo ou não as vezes sente-se afetada pelas amizades que tem em volta, e por vários momentos tem medo de perder sua própria essência. Em uma bela noite está brincando em uma praça em frente...