Capítulo 110

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- Então agora você vai ser um menino corajoso e vai entrar lá sem chorar? – Fora a parte que peguei da conversa de Poncho com o menino.

- Que nem o Hulk? – Disse aquela voz infantil.

- Que nem o Hulk. – Poncho afirmou. – Por quê?

- Por que o Hulk é forte e não chora. – Afirmou o menino fazendo uma voz grossa como a de um super-herói.

- Isso mesmo. – Poncho fez um cafuné no garoto.

- Mamãe! Mamãe... O moço podia ir comigo tomar o remédio não é? – Gabriel começou a puxar a calça jeans que a Alessandra vestia insistentemente, fazendo-a chacoalhar um pouco.

- Oh meu amor, ele deve ter mais o que fazer e...

- Eu posso ir com ele. – Alfonso se intrometeu. – Se você não se importar é claro.

Alessandra olhou com duvida para Poncho e depois para mim. Eu lhe lancei um sorriso confiante. Sabia exatamente o que fazer, era só Poncho se sair bem. Não demorou muito mais para Alessandra concorda-se fazendo Gabriel soltar um pequeno grito de alegria. Poncho e Gabriel entraram na sala para a quimioterapia, e durante todo o processo o menino ria e conversava com Poncho alegremente.

- Isso é um milagre. – Alessandra murmurou chorosa depois de alguns minutos fitando os dois pelo vidro da porta.

- O que você acharia se tivesse ele na sua casa cuidando do menino enquanto estivesse trabalhando com seu marido? – Joguei verde finalmente.

- Nossa, seria ótimo. Nunca consegui ninguém que tivesse paciência com Gabriel, ou que conseguisse o fazer agir assim. Olhe, ele está sorrindo. – A loira esboçou um sorriso. – Porém ele deve ter muitos afazeres, um emprego e ele nunca largaria tudo que ele faz para cuidar de uma criança. E...

- Eu acho que ele adoraria. – Falei animada com um sorriso travesso.

- Como?

- Ele é uma pessoa de renda muito baixa Alê. Ele se mata para conseguir sozinho sustentar seus dois filhos, e não consegue um emprego descente por conta do horário para cuidar das crianças.

- Você não pode estar falando sério? – Ela fitou-me de canto um pouco desconfiada. – E a mãe das crianças?

- Morreu. Ele cuida sozinho dos filhos. Acho que é por isto que leva tanto jeito.

- E você acha que ele aceitaria? Nossa... – Alessandra teve que retomar o folego por alguns instantes apenas pela ideia. – Eu seria capaz de pagar o ensino dos filhos deles, dar vida de rei a eles. Só de ter alguém de confiança, que conseguisse controlar o meu filho, que cuidasse dele com carinho enquanto eu não estou.

- Ele é de confiança sem dúvida. A questão é que ele vai achar que é esmola, que tu só irá oferecendo emprego por que eu pedi. Não por que você realmente precisa, por que ele merece esse emprego.

- E como não iria merecer? Olhe para aquilo? – Alessandra olhava emocionada. – É tão raro ver Gabriel assim.

Ficamos ali até o fim da quimioterapia deGabriel, depois fomos comer algo. Alfonso estava feliz e agitado, querendosaber sobre o menino, a história dele, mal ele sabia que Gabriel era o meninoque mudaria sua história. E neste momento não seria eu quem iria contar. 


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Ponchito, finalmente as coisas começam a mudar pra ti. E com teu próprio esforço! <3

O mendigo ✖ AyA {finalizada}Onde histórias criam vida. Descubra agora