Capítulo 09

957 72 4
                                    

- Anahí. – Disse ele visivelmente surpreso. - Você quem está com... – Ele com certeza iria dizer algo completamente ofensivo em relação ao mendigo. Digo: Alfonso. Chamá-lo de mendigo mesmo em pensamento já era ofensivo.

- Com Alfonso. – Atropelei sua frase. – Como está o menino?

O men... Alfonso levantou o olhar sinto que queria correr para saber da criança, mas Julia estava no colo dormindo tão bem que ele apenas levantou o rosto procurando ouvir a conversa, sem quase mexer seu corpo para evitar que Julia acordasse.

- O menino está em observação. Estamos fazendo alguns exames e passará pelo menos a noite aqui. Anahí o seu...

O puxei para o canto, não queria que Alfonso ouvisse.

- Seu pai sabe disto? – Murmurou para mim.

- Não, nem pensei nisso quando trouxe o bebê para cá. Vou falar com ele depois, e espero profundamente que a notícia chegue pelos meus lábios e não por terceiros. Tudo bem? Pode avisar a sua equipe.

- Claro. – Disse contrariado. Obvio que gostaria de ser o primeiro a me dedurar para o meu pai, mas ele não iria discutir com a filha do dono.

- E podemos ver o menino? - Falei em um tom mais alto, agora deixando que Alfonso voltasse a participar do assunto.

- Pode, porém... – Percebi que o Doutor Rodrigo buscava as palavras certas para dizer.

- Sim... – Insisti.

- Me desculpe, mas o pai do menino está em péssimas condições sanitárias para entrar em uma UTI, poderia prejudicar o menino. – Esta era a forma do Doutor Rodrigo dizer que Alfonso fedia. O que não era totalmente mentira.

- Desculpe. – Ele falou submisso. – Recém havia chego à casa quando encontrei Miguel assim, não tive tempo de tomar banho, mas queria muito ver meu filho. – Ele estava com a garganta embargada, como se estivesse perdido no tempo e no espaço.

- Faremos assim. – Sugeri. – Vou ver o menino, depois tenho algo rápido para resolver. Em seguida voltamos. Você toma um banho e veste alguma roupa, e volta para cá. Julia pode ficar com minha sobrinha.

Doutor Rodrigo pareceu boquiaberto com minha reação. Ele com certeza não esperava isto de mim, e sinceramente nem eu. O que havia acontecido comigo?

- Não posso aceitar. – Disse ele protestando.

- Sem isto. Já disse, pense no menino. Vou lá vê-lo e depois você precisa aceitar para poder ficar com ele. – Insisti e não aceitava recusa.

E assim foi. Primeiramente fui ver o menino, que por um momento me lembrei de que Alfonso o havia chamado de Miguel. Ele estava em um berço, dormindo tranquilamente. Tão tranquilo que nem parecia estar doente. Tirei duas fotos com o celular para mostrar para Alfonso depois em seguida subi alguns andares. Tinha de falar com Henrique Portilla. Conhecendo o hospital como conhecia logo todos os funcionários saberia que eu havia trazido um mendigo para ser atendido ali.

Tive medo da reação de meu pai por alguns segundos.

O mendigo ✖ AyA {finalizada}Onde histórias criam vida. Descubra agora