Capítulo 33

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- A infecção que havia no intestino cedeu. – Ele falou finalmente.

- Que infecção? Você não havia me dito nada sobre infecção. – Falei assustada.

- Any desde que você parou de vir não te atualizei sobre o caso dela, imaginei que precisasse de um tempo. – Ele suspirou, e de alguma forma estranha eu compreendia o que ele dizia, mesmo que ainda irritada por esconder tal fato. Eu quem deveria decidir se eu queria ou não saber o que ocorria com minha filha. – Enfim, ela respondeu muito bem aos antibióticos e a infecção cedeu finalmente, o susto dado ontem já passou, ela já respira sem precisar de ajuda, e os batimentos estão normais, mas vamos ficar de olho nas máquinas.

- E a tomografia? – Perguntei ansiosa.

- Apareceram mudanças inconclusivas, porém significativas. – Falou por fim, como se estivesse evitando falar do assunto.

- O que apareceu? – Não deixaria o assunto passar, estava novamente tremula, minhas pernas bambas e meu coração disparado. Percebi Alfonso me segurar novamente, ele sabia que eu cairia a qualquer momento.

- Seria errado eu te dar qualquer esperança filha, os exames são inconclusivos, porém houve mudanças que não havia ocorrido nos exames anteriores. De algum modo a área afetada parece um pouco menor, não soubemos definir o quanto, mas de algum modo o organismo dela está lutando para regenerar os tecidos e absorver os coágulos que estão pressionando seu cérebro. Também notamos que o cérebro desinchou um pouco, talvez por este alívio de pressão.

- E isso quer dizer que? – Eu já não coordenava mais meus pensamentos. Isso poderia ser finalmente uma esperança, depois de dois longos anos.

- Isto que quero dizer: Não temos uma conclusão. Isto pode ser bom ou não. Pode fazê-la acordar, como pode mata-la. – Ele suspirou, eu sabia o quanto era difícil para ele manter o profissionalismo quando se tratava de sua neta. – E mesmo que ela acorde, não sabemos como será. Se ela terá memória de tudo que ocorreu, se ela conseguirá desenvolver, ou se ela não irá vegetar. Você sabe que as maiores possibilidades que temos são ruins, porém assim como você minha princesa... – Meu pai fez a volta e me abraçou. E Alfonso se afastou um pouco. – Mesmo tentando te manter pé no chão, eu também tenho esperanças que ela vai acordar e ter uma vida normal. Que ela ainda irá crescer junto de Aninha.

Abracei meu pai e choramos um pouco juntos. Ele sempre fora um bom pai, não que não fosse ausente. Mas afinal, que médico não era ausente para sua família? Durante minha infância e principalmente na minha adolescência brigamos muito por sua falta de atenção.

Quando engravidei e me neguei a contar quem era o pai, ele ficou extremamente decepcionado comigo, nunca me negou ajuda, mas também não me apoiou. Porém desde o acidente, desde a morte de mamãe, e desde que Sophia entrou em coma, ele se tornou presente, preocupado, ocupando o lugar que até então era da minha mãe. E no primeiro ano de coma, ele quase afundou o hospital em dívidas por deixar tudo solto preocupando-se somente em salvá-la.

Fora Marichello, centrada que nos colocou de volta nos eixos, na realidade colocou ele de volta nos eixos. Eu acho que eu nunca mais entraria nos eixos novamente.

Minhas pernas fraquejaram, e quando meu pai soltou do abraço, não consegui manter-me em pé e involuntariamente e sem nenhuma resposta do meu corpo, caí no chão. Papai e Alfonso me ajudaram a levantar rapidamente e me puseram sentada.

Logo já havia uma enfermeira para medir minha pressão e ver minha glicose.


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Será que temos alguma esperança para a Soph?

O mendigo ✖ AyA {finalizada}Onde histórias criam vida. Descubra agora