Capítulo 27

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Não me deixaram entrar no quarto de Sophia, e nem Rodrigo. Quando percebi Alfonso estava atrás de mim, e eu encostada ao vidro, olhando pelo menos dois médicos e três enfermeiros a volta dela. Não cabiam mais olhos em minhas lágrimas.

- Por favor, Deus, não... Não leva ela de mim... – Gritei chorando desesperadamente. Um dos enfermeiros segurava a porta para que eu não a arrombasse e assim que conseguiu a trancou.

Não consegui me manter de pé, minhas pernas aflouxaram e eu caí sentada no chão. Rodrigo tentou levantar-me, porém me esquivei dele, e abraçando minhas pernas continuei a chorar como uma criança.

Até que meu pai, Henrique, que nem havia visto se aproximar, chegou até mim e se abaixou de joelhos ficando a altura de meus olhos:

- Filha, vai ficar tudo bem.

Eu sabia que não iria.

- Deixe-me entrar, é a única maneira de ajuda-la.

Foi então que me levantei com a ajuda de Alfonso, e o enfermeiro abriu para que meu pai entrasse no quarto. Alfonso colocou-me em uma cadeira que ficava perto do quarto, e me abraçou acariciando o topo de minha cabeça.

Ele com certeza tinha mil perguntas, mas guardou para si.

Não foram mais que vinte minutos, mas parecera a eternidade. Ainda encolhida no abraço de Alfonso, percebi meu pai colocando a mão sobre meu ombro.

- Ela foi estabilizada.

- O que foi desta vez? – Murmurei quase sem voz.

- Parada cardiorrespiratória. Agora se quiser pode vê-la. Porém você sabe o que te falei, é duro para você como mãe e para mim como avô, mas nós dois sabemos quais são as chances dela.

Percebi Alfonso se espantar ao saber de Sophia, mas não dei atenção a ele. Fazia meses que não entrava naquele quarto, e com as pernas ainda bambas, levantei-me e fui em direção ao quarto. Desta vez a porta estava aberta e nada me impedia de ir até ela, somente minhas pernas que cambaleavam.

- Faz meses que não entro aqui. – Disse ao perceber Alfonso me segurando para que não caísse.

- Podemos fazer isso junto. – Murmurou em meu ouvido.

Eu assenti com a cabeça. E junto com ele, fui passo por passo entrando no quarto e me aproximando daquela cama de hospital. Minhas mãos hesitaram muito, mas assim que consegui encostar minha pele na dela, minhas mãos que já tremiam não paravam de se mexer, eram involuntárias.

- Por que você não acorda? – Disse e voltei a cair no choro.

Sophia sempre fora tão cheia de vida, com seus cabelos loiros e ondulados, seus olhos azuis. Olhos aos quais eu não via a muito tempo. Agora magra, com tubos por todos os lados, inclusive um que não havia até agora pouco, para ajuda-la a respirar.

O mendigo ✖ AyA {finalizada}Onde histórias criam vida. Descubra agora