Capítulo 113

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No final da tarde estava na casa de Anahí, não somente eu, Marichello e Ana Paula também. O que era muito bom, afinal Ana Paula e Julia tinham se tornado amigas inseparáveis. Saindo sorrateiramente subi as escadas e busquei o quarto da moça dos olhos azuis, abri a porta e ela estava lá, com uma pequena mochila aberta sobre a cama e mexendo em seu guarda roupas.

- Nós vamos a pé ou de ônibus? – Perguntei sabendo do espanto que causaria.

- Pensei que Fábio fosse nos largar lá. – Ergueu as sobrancelhas.

- Pensou errado. Saindo dessa casa você será igual a mim, e eu não tenho um carro e muito menos um motorista particular, hoje você será povão.

- O que? – Ela franziu o cenho e confesso que me diverti com sua expressão. – Está tarde e...

- E eu te protegerei. – Pisquei.

- Oh, obrigado meu herói. – Disse cinicamente.

- De nada minha donzela em apuros. – Pisquei novamente.

- Está pronta?

- Oh, estou sim. Só me deixa fazer uma coisa. – Então pude vê-la colocar o celular por baixo da blusa dentro do sutiã.

- Para quê isso?

- Caso nós sejamos assaltados pelo menos levam somente minhas roupas. – Ela franziu o cenho.

- Anahí, deixe de ser exagerada. Você não vai para o meio de um bando de marginais, vai somente para um lugar humilde. Vamos?

- Vamos... –Disse sem convicção.

- Olha Any, se você não se sentir preparada e quiser desistir...

- Anahí Giovanna Puente Portilla não desiste nunca. – Interrompeu-me. – Apenas fico pensando nas crianças, elas vão estranhar de eu não dormir em casa, e você também.

- Elas ficarão bem com Linda e sua irmã.

Anahí visivelmente não tinha mais argumentos, e pelo visto não iria desistir por puro orgulho. De algum modo ela tinha medo, preconceito, e estava tensa por sair de seu mundinho. Era natural, entendível. Não posso dizer que não me assustei ao sair do meu mundo para entrar no de Anahí, mas se eu estive disposto a isto ela também estaria.

- Anahí você está bem? – Decidimos ir a pé, ainda era cedo, mas quanto mais nos aproximávamos da minha casa, mais Anahí ficava tensa em certo momento, quando as casas mais humildes se aproximaram, ela varria todo o local com os olhos.

- Claro. – Disse em meio a um gaguejo.

Mantivemo-nos silenciosos o resto do caminho, senti-a grudar em mim quando entramos em meu bairro, e envolvi meu braço em sua cintura juntando-a mais a mim para que se sentisse protegida. Quando finalmente chegamos a minha casa senti que ela relaxou assim que eu tranquei a porta.

- Cheguei viva. – Comemorou sem muita animação. 


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Morta kkkkkk, mas tadinha da Any...   

O mendigo ✖ AyA {finalizada}Onde histórias criam vida. Descubra agora