Anahí ligou e não demorou muito para o Fábio estar nos aguardando, igualmente ele não entraria no bairro, desceríamos tudo a pé e somente lá embaixo entraríamos no carro. Ela recém havia pego suas coisas e estávamos prestes a sair de casa.
- Venha, esconda seu rosto em mim, eu te guio até lá em baixo. – Abracei-a.
- Como?
- Anahí, você não vai querer ver como está aqui fora. Não devem ter recolhido os corpos ainda. Por favor, me obedeça.
- Mas eu sou, ou melhor, já fui médica, não se lembra? Sei muito bem o que me aguarda. – Tentou impor autoridade ao mesmo tempo em que se mostrar forte, embora depois de tudo que aconteceu na noite anterior, eu sabia mais do que ninguém que ela não sabia nem um terço do que aguardava na rua.
- Não Anahí, você não sabe. – Disse autoritário. – Por favor, pode me obedecer?
Era difícil para Anahí seguir ordens, ela preferia muito mais mandar, inclusive na cama. Rendida se ajeitou em mim, e eu estava pronto para abrir a porta quando ela segurou com a mão, me soltando e me fitando com o olhar duro. Talvez tenha olhando um pouco em volta da casa, ela parecia um queijo suíço cravejado de balas, então respirou profundamente, sortuda por nenhum projetil ter atingido ela ou a mim.
- O que foi?
- Tenho mais uma pergunta antes de irmos.
- Pode fazer isso em sua casa, agora vamos. – Tinha pressa de tirar ela dali, sabia que ela estava exausta, precisava dormir, descansar e de uma refeição descente. Todo o divertimento que tinha ganhado vendo-a passar trabalho fora embora quando a coloquei em risco. Nunca me perdoaria por aquilo.
- Não. – Falou firme.
- Diga. – Respirei profundamente, impaciente.
- Por que você me ama? – Ela então olhou em meus olhos, como se dentro dele procurasse a verdade, a sinceridade.
Soei frio naquele momento. Estava preparado para outro tiroteio, mas não para aquilo. Como eu poderia responder uma pergunta que nem eu sabia a resposta? Poderia inventar um milhão de desculpas, então resolvi ser sincero.
- Eu não sei.
Aquilo não pareceu ser o suficiente para ela, ela ficou parada fitando-me, com a mão ainda apoiada na porta como se esperasse uma continuação. Respirei profundamente.
- Eu sinceramente não sei Anahí. Pode ser por que você é uma das mulheres mais lindas que eu já vi, e não digo só pela beleza externa que já é demais, mas você é linda por dentro também. Você é uma mulher guerreira, que não sabe amar pouco, que sabe ser sincera e direta, que é capaz de brigar com o mundo pelo que quer, alguém que daria a vida por quem ama. São todos os pequenos gestos, as pequenas coisas, que vão se juntando e formando um sentimento no coração que ninguém é capaz de superar, é involuntário. Não te amei do dia para noite e nem foi amor a primeira vista, o que sinto por você foi algo que cresceu pouco a pouco, como gelo colocado ao fogo, que vai derretendo e depois esquentando. Aquecendo meu coração.
- Porém um dia essa água no fogo aquece tanto que ebule, evapora. – Falou com descrença.
- E depois que carrega bem a nuvem, chove. Essa mesma água cai e rega as plantas, e elas florescem, e o ciclo continua, porém nunca tem um fim. – Sorri para ela. – Agora vamos?
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O que é esse homem? OMG!
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O mendigo ✖ AyA {finalizada}
RomanceAnahí é uma menina muito doce no meio de tanto tubarão. Querendo ou não as vezes sente-se afetada pelas amizades que tem em volta, e por vários momentos tem medo de perder sua própria essência. Em uma bela noite está brincando em uma praça em frente...