Capítulo 53

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Minha força de vontade fora maior do que imaginei, consegui segurar minhas lágrimas diante daquele sorriso. Sophia era um milagre, um milagre que ocorreria uma em cada mil crianças, talvez menos.

- Tu fome mãzinha. – Sophia murmurou, não tinha forças para falar, seu corpinho estava frágil.

Fitei meu pai, e deixei as lágrimas caírem, virando meu rosto para que Sophia não visse. Sophia me chamava de "mãzinha" desde o um ano e meio, que eu entendia como "mãezinha", era extremamente carinhoso e isso queria dizer que ela se lembrava de mim. Ela estava com fome, não sabia se isto era algo bom, mas eu estava feliz. Sequei as lágrimas, com meus olhos mareados, e voltei-me a minha filha.

- Vamos ver se o vovô deixa.

- O que ela quer? – Henriquei murmurou, todos falavam baixo, tínhamos medo de que a voz alta pudesse assustá-la.

- Soph está com fome. Ela pode comer algo antes do exame?

Henrique me fitou como se não tivesse certeza do que ouvira.

- Você deve ter ouvido errado, ela não deve ter dito que estava com fome.

- Não entendi nada errado. – Disse firme, mas ainda baixo. – Ela quer comer, não é meu amor? – Fitei novamente Sophia, que não respondeu, sem nem mexer o rostinho apenas fitava a mim e a seu avô.

- Rodrigo. – Meu pai se voltou a ele. – Peçam para trazer uma gelatina de morango para ela.

- De limão. – Interrompi. – Ela gosta de gelatina de limão.

Não demorou muito para que uma enfermeira chegasse com uma bandeja com um copinho de gelatina de limão. Ajustamos Sophia que estava de lado na cama, colocando ela de barriga para cima e levantamos a cabeceira a fazendo ficar sentada. Colocamos também vários travesseiros na volta já que ela não tinha forças para se manter ereta sozinha.

Ninguém acreditou quando, mesmo com dificuldade, Sophia conseguiu pegar um pouco da gelatina e engolir. Em seguida, dei-lhe a segunda colherada, e a terceira. Em uma das vezes, ela se engasgou, e acabou colocando tudo para fora, mas pacientemente fui dando pouco a pouco, e logo ela havia comido tudo.

- Estava bom? – Meu sorriso nos lábios era completamente bobo, ainda parecia um sonho ver minha filha assim, acordada, mesmo que fraquinha, sem nem metade da saúde de antes. Isso ela recuperaria com o tempo.

- Sim. – Disse com seu tom infantil.

Meu pai que havia ficado em uma cadeira mais distante nos observando o tempo todo, enfim se levantou.

- Agora ela precisa ir para o exame. Preciso que você vá junto, ela sempre fez esse exame dormindo e pode se alterar.

- Claro.


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Gente, Sophia ta até comendo *-*

O mendigo ✖ AyA {finalizada}Onde histórias criam vida. Descubra agora