Já no corredor chorando, vi que Alfonso não havia desistido. Ele simplesmente me abraçou, assim como Rodrigo havia feito antes, e da mesma forma, eu me encolhi nos braços dele procurando apoio. A diferença é que não senti repugnância em seguida, pelo contrário, me senti tão confortável e segura que não queria sair dali nunca mais.
Porém tive de soltá-lo.
Era o hospital de minha família. Não que me importasse com a fofoca dos funcionários, porém sabia o quanto meu pai odiava os murmurinhos dos empregados, principalmente quando o assunto era a família.
- Desculpe-me. – Murmurou enquanto eu saia relutante de seus braços.
- Tudo bem. – Não estava tudo bem, mas como já havia dito, não era um assunto ao qual gostaria de falar.
- Seja o que for, machuca muito não é? – Eu assenti somente.
Mais uns segundos calados. E ele voltou a fitar-me.
- Como está Miguel? – Perguntei tentando quebrar o silêncio.
- Está dormindo.
- Vamos tomar um café? Isto é, se não se importar que pague um para você. – Disse irônica, mesmo sem querer.
Ele abriu um sorriso apenas.
- Claro que não me importo. Assim como não vou me importar que Miguel fique em sua casa durante a recuperação. Embora eu ainda ache que seja muito trabalho, já que terei de trabalhar durante o dia e Julia tem aula.
- Linda não se importará de cuidar, já havia conversado com ela sobre a possibilidade.
- Quando? – Perguntou-me desconfiado.
- Não importa. – Sorri amarelo. – O que importa é que ela adora cuidar de Ana, e não se importará de cuidar dele.
- E com uma médica como você, ele com certeza estará bem cuidado. – Ele tentou soltar um ar divertido, mas foi em vão.
- Não atuo mais com medicina Poncho. – Disse já me direcionando ao elevador. – E não fico sozinha com crianças pequenas. – Falei desviando o olhar.
- Por quê? – O estranhamento em sua expressão era visível.
- Não levo jeito com crianças. – Expliquei simples. – Por isto, Linda sempre está comigo quando estou com Ana Paula, ou com qualquer outra criança menor que ela. Sinto-me confiante. Linda sim leva muito jeito.
Pegamos o café no primeiro andar do hospital, porém não quisemos ficar lá em baixo e deixar Miguel sozinho, subimos em seguida com o café na mão, ele estava em um copo de isopor que continha o logotipo da cafeteria. E assim que a porta do elevador se abriu, vi uma movimentação estranha. No meio do burburinho e de médicos e enfermeiros correndo para todos os lados no corredor, só pude prestar atenção em um nome: "Sophia".
O copo que estava em minha mão parou no chão, e antes que Alfonso pudesse perguntar qualquer coisa, segui a passos rápidos para o quarto que tanto hesitara em entrar. Não, aquilo não podia estar acontecendo. Eu não estava preparada.
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O mendigo ✖ AyA {finalizada}
RomanceAnahí é uma menina muito doce no meio de tanto tubarão. Querendo ou não as vezes sente-se afetada pelas amizades que tem em volta, e por vários momentos tem medo de perder sua própria essência. Em uma bela noite está brincando em uma praça em frente...