Capítulo 125

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- Vamos.

Ela escondeu seu rosto em meu pescoço, senti sua respiração ali me arrepiando. Saí da casa trancando-a. Deixei que os cabelos dela tapassem ainda mais seu rosto, não queria que ela espiasse. A visão ali era de guerra, como médica ela provavelmente havia visto muitos mortos, mas nunca um cenário como aquele. Definitivamente ela não estava preparada para aquilo, nem eu estava. Era a visão do inferno.

Quando chegamos na casa de Anahí, a irmã dela e as crianças ainda dormiam. Achamos melhor assim, a primeira coisa que ela fez fora tomar um banho não sem antes de dizer:

- Depois quero conversar com você.

Esperei ansiosamente o fim deste banho, não que por algumas vezes não senti vontade de juntar-me a ela. Não o faria, ela precisava relaxar, descansar. Ela demorou no banho, deveria estar exausta, não dormiu a noite inteira, tudo que ela havia passado era algo traumatizante. Depois de meia hora ela foi para o quarto e eu estava deitado em sua cama quase me entregando ao sono que queria me abater.

- Estou bem melhor. – Disse com um sorriso no rosto, realmente parecia renovada. Infelizmente já estava vestida.

Ela sentou-se na cama, e passou a mão suavemente pelo meu rosto, depois entre meus cabelos enleando seus dedos em meus cachos já crescidos. A loira sabia ser carinhosa quando queria, e eu simplesmente adorava sentir o toque de suas mãos macias em minha pele.

- Você deveria tomar um banho. – Ela sorriu ainda me acariciando, falando calmamente, nem parecia a mesma mulher tensa da noite anterior como se houvesse esquecido tudo.

- Estou fedendo tanto assim?

Ela aproximou-se de mim com um sorriso sapeca, baixou a cabeça até meu pescoço e deu uma cheirada forte. Arrepiou-me, confesso.

- Sim. – Disse ela quando se afastou. – Um pouquinho. – Fez então uma careta franzindo o nariz e enrugando a testa.

- Pensei em me juntar ao banho contigo, mas achei que precisava tomar um banho sozinha, relaxar um pouco.

- Deveria ter se juntado. Ou acha que não poderia me relaxar ainda mais? – Perguntou maliciosa.

Trocamos um olhar lascivo por alguns instantes. Calados.

- Bem, se não se importa, vou tomar um banho então. – Quebrei o silencio por fim, já levantando da cama.

- Me importo sim. – Falou autoritária. – Quero falar contigo.

Sentei-me na cama ficando de frente para ela. Observei seus olhos, seu olhar era profundo e tenso, sentia a mesma tensão de seu corpo. Mas não era pavor como a noite, porém um certo receio.

- Diga.

- Sabe... Eu nunca abri meu coração, mas sinto que te devia algo...

- Você não me deve nada Anahí.

- Devo sim. – Enfatizou. – Então, por favor, me deixe falar. – Fiquei calado com sua ordem, esperando que ela continuasse, não costumava contraria Anahí. – A mais ou menos cinco anos atrás pensei que iria me casar, pensei que amava um homem, que ele seria meu por toda vida. Decidi que casaria dentro daquilo que a religião permitia, me entregaria a ele depois do matrimonio, e teríamos um amor que cresceria ainda mais. Quando ele me traiu, ficando com várias mulheres em sua despedida de solteiro, acabando com toda aquela promessa de castidade e me senti muito mais que traída. Foi quando procurei Rodrigo e aconteceu tudo que te falei. A questão é que depois do nascimento de Sophia, qualquer sentimento que cheguei a sentir por Rodrigo e inclusive por meu ex-noivo, pareciam tão ínfimos tão pequenos, que cheguei a acreditar que jamais senti amor por qualquer homem na vida. O amor que sentia por Sophia era tão intenso, tão forte, que não sei se conseguiria sentir metade disso por qualquer outra pessoa.

- Mas o amor de um pai ou uma mãe por um filho é muito diferente do que um homem sente por uma mulher, ou vice-versa.

- Eu sei, e é por isso que eu acho... – Respirou profundamente. – Eu acho – enfatizou – que eu amo você.


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Como assim acha Anahí? Herrera vem pra cá que eu tenho certeza! u-u' kkkkkkkkk

O mendigo ✖ AyA {finalizada}Onde histórias criam vida. Descubra agora