Capítulo 54

890 55 5
                                    

Depois do exame, levamos Sophia para o quarto. Ela mal se mexia, mal falava, mas seus olhos se mantinham abertos, era incrível como ela lutava para ficar bem. Meu pai me chamou e conversamos do lado de fora do quarto, encostados à porta.

- Então?

- É incrível como os tecidos se regeneraram bem, mas ainda temos um pouco de inchaço e o coágulo não absorvido. Esse coágulo está em um ponto complicado, e isso quer dizer que ela ainda corre riscos, e ela pode entrar em coma novamente em qualquer momento.

- Não – me alterei – isso não irá acontecer.

- Filha, fique calma. – Ele me segurou os ombros. – Soph está lutando tanto, e agora as chances dela são ainda maiores que antes. O coágulo está diminuindo, assim como o inchaço do cérebro, ela irá ter dor de cabeças muito fortes, então ela tomará muitas medicações que darão sono, ou que a deixarão um pouco desorientada. Se as coisas continuarem evoluindo como estão, já é possível cogitar uma cirurgia, ou até mesmo uma cura sem nenhuma interferência nossa.

Abracei-me em meu pai e chorei tudo que queria chorar desde que havia visto Sophia acordada, ele me abraçou, e percebi que também chorava. As perspectivas eram completamente novas, e Sophia tinha ainda mais chances, mas só de pensar a ideia de que ela poderia voltar ao coma e que ainda havia risco de morte, eu me desesperava.

- E o que eu faço agora?

- O mesmo que estava fazendo: Cuide-se e cuide-a. Ela irá ficar sem dor por mais algumas horas, depois daremos uma medicação que lhe fará dormir toda a noite. Mesmo em coma durante todo esse tempo, seu corpo está cansado e necessita dormir bastante. Quando isto acontecer vá para casa, descanse e tente dormir um pouco, assim que ela acordar te chamarei para ficar com ela durante o dia.

- Tudo bem. – Não iria discutir naquele momento, embora não tivesse vontade nenhuma de ficar longe de minha filha. Porém para mim realmente era melhor ficar com ela quando acordada do que dormindo.

Voltei para o quarto de Sophia, ver ela acordada me deixava revigorada. Algumas horas mais tarde, já de madrugada, consegui dar-lhe o que comer. Era difícil, pois sua coordenação motora estava afetada, e acabava por ficar irritada por não conseguir fazer o que queria. Consegui fazer com que comesse um pouco, até que ela cansou do esforço e desistiu. Meu pai havia dito para não forçar, ela ainda recebia soro e se necessitasse passaríamos novamente a sonda. Isto também a incomodava, sua garganta devia estar machucada por estar tanto tempo com a sonda.

Troquei sua fralda, e tudo parecia direito.

Ao final de tudo, contei algumas histórias, e ela ficou me olhando, como se prestasse atenção em tudo que eu falava, até que caiu no sono. Quinze minutos após o sono, acordou gritando e chorando, colocando suas pequenas mãos na cabeça, e eu sabia o que aquilo significava, tudo já estava pronto, como médica meu pai já havia me entregue tudo, bastava abrir a tampa da seringa, colocar a agulha no cateter e injetar calmamente. O calmamente era o problema, eu tremia muito. Então respirei profundamente e tentei ignorar o choro compulsivo de Sophia.

- Filha, meu amor, isso vai passar... Vai passar. – Por fim consegui dar a medicação, sentei-me na cama hospitalar e ela encostou a cabeça sobre meu peito. O choro foi amenizando, e logo ela caiu no sono.

Não fiquei mais que o necessário, dando um beijo sobre sua bochecha, fui para casa, ansiando por vê-la melhor no outro dia.


------------

Coitadinha da pequena, sofrendo tanto em tão pouco tempo :/ , pelo menos agora está acordada <3

O mendigo ✖ AyA {finalizada}Onde histórias criam vida. Descubra agora