O mendigo ✖ AyA {finalizada}

Capítulo 30

Era domingo de manhã e eu ainda não havia ido ver Julia, apenas tinha telefonado e pelo visto estava tudo bem já que Ana Paula pode dormir novamente na casa da tia. Então como Miguel pegara no sono, fui ver Anahí. Ela não havia saído do quarto de Sophia, não havia comido absolutamente nada desde sábado de manhã, não consegui convencê-la de modo algum a jantar comigo no restaurante do hospital.

Pedi autorização para trazer algo para ela comer no quarto, eles normalmente não deixariam, mas de algum modo todos sabiam que se eu não levasse algo para ela, ela não comeria nada.

- Bom dia Anahí. – Cheguei com um sorriso nos lábios e vi sua olheira de quem não havia dormido a noite inteira.

- Bom dia. – Forçou um sorriso.

- Seu café da manhã. Por conta de Henrique Portilla. – Pisquei.

- Não quero comer nada.

- E eu não queria aceitar sua ajuda, mas como você mesma disse, não aceito não como resposta. Anda, come. – E lhe entreguei o sanduíche e o café quentinho.

- Obrigada.

Anahí começou a comer, e fiquei satisfeito quando vi que terminou todo o sanduiche e tomou metade do café que tinha no copo de isopor. Não trocamos uma palavra se quer. Então Rodrigo entrou no quarto acompanhado de Henrique. Ambos me cumprimentaram.

- Como está minha filha? – Virou-se para Anahí.

- Estou bem. – Mentiu claramente, pelo menos sabia que o costume de mentir não era apenas comigo. – E comi algo.

- Obrigado Alfonso. – Henrique fitou-me e eu assenti.

Quando Anahí viu que Rodrigo e Henrique iriam mexer em Sophia, ela quase deu um pulo da cadeira.

- O que vão fazer?

- Vamos ver se ainda há necessidade dos tubos para respiração, e também queremos fazer uma tomografia do cérebro para ver se houve alguma mudança, depois do quadro que apresentou ontem.

Anahí levantou-se assim que eles começaram levar a cama para fora do quarto junto com todos os aparelhos que eu mal sabia para que serviam. Porém quando Anahí levantou-se, Henrique foi bem incisivo em dizer que ela não poderia acompanhar Sophia nos exames. Ela se sentou desolada.

- Quer desabafar, ou ainda não quer falar sobre isso?

- Tudo começou há quatro anos, eu estava recém-formada em medicina e com um namoro indo por água abaixo. Flertava muito com Rodrigo durante minha residência e ele foi um ótimo consolo na época, um consolo de uma noite. Depois dele não houve mais ninguém, e três meses após descobri que estava grávida, com certeza era dele. Protegemo-nos, mas algo falhou. – Suspirou. – Ele não acreditou que o preservativo tivesse furado, e disse que não assumiria Sophia, e então não contei a ninguém de quem ela era filha. Meu pai ficou irritado comigo, porém ganhei o apoio de minha mãe, que assim como minha irmã também se chama Marichello. Quando Soph nasceu, era tão parecida com Rodrigo que ninguém teve dúvidas, nem meu pai que logo foi tirar satisfação com ele.

A voz de Anahí estava embargada, como se fosse voltar a chorar a qualquer momento. Fiquei calado apenas ouvindo o relato.

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Coitada da Any, sério... Sofro com ela! </3