Anahí Giovanna Puente Portilla
Logo já estávamos no consultório do Doutor Rodrigo, e eu me sentia completamente desconfortável estando em uma mesma sala que ele, ainda mais seu consultório, parecia tão pequeno quando ocupado por nós dois, precisava de mais espaço entre mim e ele. E por incrível que pareça essa aversão era culpa minha e não dele.
Alfonso sentava ao meu lado, e o Doutor Rodrigo a nossa frente do outro lado da mesa. Por algum momento agradeci por haver uma mesa entre nós dois.
- Então, os exames saíram, e foi confirmado meningite.
Vi que Alfonso ficou pálido no momento.
- Ele está sendo tratado e respondendo bem ao tratamento, dentro de alguns dias se o quadro seguir estável ele poderá seguir tratamento em casa.
Rodrigo então olhou para Alfonso e disse sincero:
- O menino não pode ficar em lugar sujo, ou com alto índice de umidade. Ele está com a imunidade baixa, então o ideal é que ele fosse para um lugar confortável e limpo.
- E quanto a ele ficar no hospital? – Intrometi-me.
- Não seria ideal para uma criança de quadro estável ficar no hospital, as chances de adquirir outro vírus ou bactérias são altos. O ideal seria estar em casa, sendo bem cuidado e medicado.
- Quanto tempo para receber alta? – Foi a primeira vez que Alfonso abriu a boca naquele consultório e por um momento percebi que Rodrigo ficou tão estático quanto eu ao perceber que o tal homem de família humilde falava tão bem.
- Isto depende do quadro dele, se ele se mantiver estável até o fim da semana que vem, caso contrário teremos que reavaliá-lo.
- Posso vê-lo.
- Claro, ele já subiu para um quarto. E já pode ter acompanhante.
Alfonso e Rodrigo conversaram mais um pouco. E estranhamente surgiu algum tipo de afinidade entre os dois, logo Alfonso e Rodrigo se levantaram, ele iria levar Alfonso até o quarto de Miguel.
Quando chegamos ao andar, eu sabia exatamente que andar era aquele. Um aperto veio em meu coração.
- Rodrigo, leve ele para o quarto. Eu já venho.
E saí dali para um lugar que eu conhecia bem. Quebrando a promessa que havia feito a mim mesma, eu a passos lentos e trêmulos fui me aproximando daquele quarto. E por que ainda tinha esperanças no meu coração? Todos sabiam o que ia acontecer, inclusive eu. Todos esperavam apenas a morte cerebral para que os aparelhos fossem desligados. Olhei pelo vidro sem coragem de entrar, e de alguma forma para mim ali ainda havia vida.
Fechei meus olhos e deixei as lágrimas escorrerem.
Coloquei a mão na maçaneta para entrar no quarto, mas parecia que havia queimado minha mão apenas de encostar, afastei-me novamente. Quando iria parar de doer? Algum dia a dor passaria? E a culpa de tudo era minha.
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Vixi, quem será que está lá dentro?! :O
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O mendigo ✖ AyA {finalizada}
RomanceAnahí é uma menina muito doce no meio de tanto tubarão. Querendo ou não as vezes sente-se afetada pelas amizades que tem em volta, e por vários momentos tem medo de perder sua própria essência. Em uma bela noite está brincando em uma praça em frente...