Capítulo 43

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Ao terminar de comer algo, passei em um consultório médico. O bom de ser filha do dono é que podia furar filas, não que eu fizesse isso o tempo todo, mas hoje era uma exceção e como não estava cheio, não me senti muito culpada. Fiz um exame de sangue, e peguei uma nova dieta para recuperar o peso perdido com saúde.

Passei no quarto e novamente olhei Sophia, imóvel. Dei um beijo em sua testa.

- Mamãe já volta meu amor.

"Será que ela me ouve". Pensei. Muitos estudos apontam que em alguns casos pessoas em coma podem ouvir. Andei pesquisando sobre isto na semana anterior, e desde então pedi para Linda trazer livros infantis e leio para ela todas as noites antes de dormir, também pedi que Linda trouxesse musicas apropriadas para a idade e brinquedos que fazem sons.

Não sei se ela assimilaria algo, mas quem sabe ela realmente podia ouvir. Imagina que tortura, poder ouvir durante dois anos, deitada em uma cama e sem poder mexer um músculo. Não podia pensar nisto ou botaria tudo a perder.

Então fui para casa ver Miguel e Julia. Confesso que principalmente Miguel.

Chegando à minha casa me deparei com Julia brincando com Aninha – que nem sabia que também estava lá -, meu pai estava vindo da cozinha – também não imaginava que estivesse ali – e Miguel, o pequeno que uma vez me pedia colo já andava com os próprios pés.

Cumprimentei todo mundo, por último Miguel. Quando chegou a vez dele me abaixei ficando de joelhos no chão. Como ele havia crescido, havia perdido três meses da vida dele.

Percebi que ele caminhou até mim me analisando, vestia uma camiseta que havia enviado através de Fábio para ele de aniversário, coubera direitinho. Então ele deu dois passinhos em minha direção até tomar confiança e correr para meus braços e eu o abracei.

- Mamãe. – Balbuciou de maneira infantil, e meu coração disparou. Ao contrário da primeira vez eu havia gostado muito de ouvir aquilo, embora não sei se Alfonso fosse concordar com isto.

Algumas lágrimas escorreram de meu rosto, mas eram de felicidade. Levantei-me com Miguel no colo, e quando olhei em direção ao corredor Alfonso estava vindo em minha direção com um sorriso no rosto.

- Você não paga imposto para chorar não? – Ele sorriu.

Foi quando prestei atenção nele. Havia algo de diferente nela, aliás, havia muitas coisas de diferente nele. A começar pela barba feita agora feita, o cabelo molhado e penteado para trás, a roupa era a mesma que Fábio havia lhe dado há meses atrás. E aqueles olhos verdes, cheios de vida. Engoli seco. Fiquei calada.

- Veio comer algo minha filha. – Henrique fitou-me, desviando minha atenção.

- Na verdade não, eu comi algo no hospital.

- Não minta para mim.

- Não estou mentido. – Largando Miguel de volta no chão, tirei a nota fiscal da minha bolsa e alcancei para ele. Ele realmente tinha motivos para desconfiar, então não fiquei braba.

Vendo a nota fiscal ele me lançou um sorriso. 



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Anahí recuperando a vida <3

O mendigo ✖ AyA {finalizada}Onde histórias criam vida. Descubra agora