Capítulo 32

914 59 0
                                    

Anahí Giovanna Puente Portilla

Aquele beijo fora tão intenso que me entreguei em alguns minutos. Permaneci com meu corpo imóvel, sem coragem de encostar minhas mãos nele, porém senti suas carícias em meu rosto. De repente longos pensamentos vieram a minha cabeça, e principalmente Rodrigo. Não, eu não sentia mais nada por Rodrigo, mas tudo começou por impulso, e depois em efeito dominó explodiu toda minha vida.

Tive de parar de beijá-lo, mas não foi como eu imaginava que seria, achei que terminaria seco, cortando aquele beijo, mas o terminei de modo tão suave e relutante que nem mesmo Alfonso percebeu que eu não queria mais beijá-lo. Ele tinha um lindo sorriso nos lábios.

- Desculpe meu descontrole. – Ele falou baixo.

- Não se desculpe, não por isso. – Sorri tentando amenizar a situação.

- Tenho que ir ver Miguel. Acompanha-me? – Convidou já se levantando da cadeira.

- Não. – Recuei instantaneamente. – Sophia...

- Sophia está fazendo exames, provavelmente demorará em voltar, prometo que te deixarei voltar antes que ela volte. – Ele então estendeu a mão para mim.

Sorri contra gosto, mas de alguma forma confiei nele, levantei dando a minha mão e ele. E fomos ver Miguel. Lembrei-me ontem, quando vi ele pela primeira vez acordado, e percebi seus olhos tão diferentes do de Alfonso. Sempre imaginei que fossem verdes.

Hoje ele estava ainda melhor, de pé, brincando, e segundo Alfonso provavelmente amanhã de manhã poderia ir para casa. Para minha casa. Vi então Miguel no berço, de pé, me chamando para pegá-lo no colo. Brinquei com ele, porém não o peguei.

- Por que não o pega?

- Eu, eu não levo jeito com crianças. – Comecei a tremer. – Não os pego desde... – Iria dizer desde o acidente de Sophia, mas creio que não precisava completar. Doía muito.

- Não será algo tão mal assim Any. – Sorri ao ouvir ele me chamando pelo apelido. – Por que não tenta? Estarei aqui do seu lado, nada irá acontecer.

- Realmente não quero. – Disse relutante, já não conseguia parar de tremer.

- Está certo, está tudo bem. – Ele então tentou me acalmar, em vão.

Depois de alguns minutos de conversa eu estava calma. Descemos até o saguão e ele me fez pegar algo para comer. De algum modo Henrique havia liberado que Alfonso pegasse qualquer coisa do refeitório para ele ou para mim.

Subimos no elevador, e eu até sorria um pouco enquanto conversava com Alfonso, em seguida como ele me havia prometido, caminhamos pelo corredor até chegar ao quarto de Sophia. Estávamos passando pela porta quando vi meu pai empurrando a cama para dentro. Ele me olhou com um sorriso no rosto.

- Isto é um milagre? – Então ele olhou para Alfonso. – Achei que ninguém conseguiria tirar Any de dentro deste quarto, quem dirá ainda fazê-la comer. – Disse vendo o lanche na mão dela.

Ignorando o comentário de meu pai, olhei para Sophia, e agradeci por já ter terminado o lanche, ou não comeria mais nada.

- Então papai, alguma mudança nos exames? – A pergunta que fiz deixou meu pai com uma expressão tão estranha que me assustei.

O mendigo ✖ AyA {finalizada}Onde histórias criam vida. Descubra agora