- Não foi ideia de Any. – Ela me corrigiu e confesso que fiquei meio surpreso. – Quando o vi com Gabriel comentei com ela que não conseguia ninguém que cuidasse de Gabriel daquele jeito, que o convencesse a fazer as coisas sem birra ou choro. A única coisa que ela me disse é que você era um homem que buscava emprego e que era de confiança. Ela não me pediu nada, não é você que precisa de mim senhor Alfonso – ela deu uma pausa e corrigiu – quer dizer Poncho. Sou eu que preciso de você. Você não tem noção de tudo que tenho passado nos últimos anos.
- Eu... Eu não entendo. – Disse pasmo.
- A questão Senhor... Poncho... – Ela riu. – Ainda me acostumo. – Suspirou. – É que contratei milhares de pessoas, profissionais, muitos formados em diversas áreas, ás vezes mais de um profissional para me ajudar a tomar conta dele, e na realidade tem sido difícil. Alguns que observam de fora acham que é birra do menino, mas somente quem está com ele sabe o quanto ele sofre nesta maratona de tratamentos, idas e vindas do hospital. Ele é uma criança que gostaria de correr, jogar bola, brincar, e no fim tem a vida de um idoso doente.
- Deve ser algo muito difícil para ele. – Disse com pesar.
- E é, mas ele não precisa de pessoas que sintam pena ou de pessoas que o chamem de birrento. Ele precisa de alguém que o veja como uma criança, e o trate de tal forma, que entenda sua condição. José e eu fazemos isto, tentamos isto. Só que infelizmente temos que trabalhar, ele precisa ficar pelo menos seis horas longe da gente, as vezes um pouco mais. E não tenho em quem confiar. – Ela pegava a colher que estava recostada sobre o pires e começou a passar pelo cappuccino, visivelmente sem vontade de toma-lo.
- E você acha que eu sou essa pessoa?
- Por que não?
- Anahí lhe contou tudo sobre mim? Disse-lhe que moro em uma vila pobre, que atualmente sou um mendigo e catador, que luto para sustentar duas crianças e que não tenho estudo. – Comecei a listar.
- Não parece isso. – Disse sinceramente.
- Mas é a verdade.
- E o que importa? Pessoas formadas não conseguiram levar ele a uma quimioterapia, você não apenas o convenceu como o fez aguentar toda a sessão com um lindo sorriso no rosto.
- Eu tenho de pensar nisto. Tenho que pensar como ficarão as crianças, e...
- Você pode levar as crianças consigo. Gabriel não convive muito com outras crianças e isso faria muito bem a ele. O salário será muito bom, eu prometo, poderá manter seus filhos em boas escolas, eu realmente preciso. – O olhar de Alessandra era suplicante. – Dentro de um mês eu terei de voltar a trabalhar com José na empresa, atualmente estamos nos revezando, mas está se tornando algo pesado para nós dois.
Não demorou muito mais para Alessandra me convencer, pude ver em seus olhos o quanto precisava da minha ajuda, e não posso negar que a oferta dela era tentadora. Era um bom dinheiro, justo pelo trabalho e ainda teria meus filhos comigo. Não dependeria da ajuda de Anahí, não que não a quisesse, mas ela tinha de gastar seus esforços com Sophia agora e não seria justo ela ter de arcar com os meus problemas depois de tudo que havia feito. Concordamos em fazer um tempo de experiência, quando o marido dela voltasse, então seria definitivo e teria até uma carteira de trabalho assinada.
Confesso que fiquei empolgado. Finalmentepoderia dar uma vida mais digna aos meus filhos. Junta dinheiro, comprar umacasa em um lugar melhor, tirar eles do meio das más influencias que continhamnaquele local, embora fosse sentir muita falta de muitas pessoas boas quehaviam ali como a "Tia" Milena, que sempre fora tão boa para meus filhos.
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Ebaaaa, aceitou *-*
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O mendigo ✖ AyA {finalizada}
RomanceAnahí é uma menina muito doce no meio de tanto tubarão. Querendo ou não as vezes sente-se afetada pelas amizades que tem em volta, e por vários momentos tem medo de perder sua própria essência. Em uma bela noite está brincando em uma praça em frente...