Corei instantaneamente. Aquilo era uma cantada? Se era funcionou perfeitamente, apenas pude responder com um sorriso antes de ser interrompida por meu pai.
- Any... – Então ele percebeu a presença de Poncho. – Alfonso. – Disse duro. Havia algo estranho na expressão de meu pai, ele não costumava tratar as pessoas tão friamente. E ele também não pareceu se importar quando Poncho saiu de minha casa, ignorei no momento, agora não era hora.
- E Sophia?
- Era exatamente isso que queria falar Any, ela já foi anestesiada e está na sala de cirurgia. Vá para casa, essas cirurgias costumam levar horas. Descanse, preciso que você esteja bem para quando ela acordar.
- Pai, eu não... – Senti meus olhos marejarem naquele momento. – Não posso deixar ela... – Senti meu coração apertar. – Sozinha, não... Eu...
- Filha, se acalme. – Ele respirou profundamente tentando manter a calma por mim que já não falava coisa com coisa. – Ela está em ótimas mãos, Rodrigo vai ficar por aqui. Prometo te ligar assim que terminar. Fabio já está lá em baixo, e creio que Alfonso fará questão de acompanha-la. – Ele disse contra gosto.
Logo ele conseguiu me convencer, tinha que estar bem quando Sophia acordasse. Sabia disto, então respirei profundamente. No carro não tirei satisfações com Poncho, mas havia percebido que a relação dele com meu pai havia mudado e muito. Não tinha cabeça para isto no momento.
Chegando em casa me deparei com Julia e Miguel, sorri ao vê-los. Recordei-me que Poncho havia dito que ficaria em minha casa no dia da cirurgia. Miguel já caminhava perfeitamente bem, e não desengonçado como antes e veio correndo para meu colo.
- Mamãe. – Ele gritou, e me surpreendi que agora ele falava direito.
Antes que pudesse correr em minha direção, Julia segurou o irmão pelo braço, e com o cenho franzido foi enfática e dura com o pequeno:
- Ela não é nossa mãe.
Miguel sentou-se no chão então e posse a chorar. Eu não estava pronta para discutir agora, muito menos com uma criança, subi para o meu quarto sem dar explicações, precisava agarrar meus travesseiros.
Ouvi passos leves invadindo meu quarto alguns minutos depois, virei o rosto com a certeza que era Poncho entrando de fininho. Estava errada, mas a dona desses passos também tinha olhos verdes, ela se aproximou silenciosamente e sentou-se na cama com os pesinhos balançando para fora. Ela ficou em silêncio alguns minutos.
- Ju, não precisa vir. Sei que seu pai deve ter mandando você pedir perdão, mas eu já disse que te entendo e...
- Não foi papai que mandou vir aqui. – Ela disse com voz baixa. – Foi minha consciência. – Ela forçou um sorriso. – Eu tenho ciúmes. – Falou de repente. – Mas papai te ama, e ele fica infeliz longe de você... – Confessou contra gosto.
- Como? – Franzi o cenho.
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Bora jogar na rodinha Julia!
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O mendigo ✖ AyA {finalizada}
RomanceAnahí é uma menina muito doce no meio de tanto tubarão. Querendo ou não as vezes sente-se afetada pelas amizades que tem em volta, e por vários momentos tem medo de perder sua própria essência. Em uma bela noite está brincando em uma praça em frente...