O mendigo ✖ AyA {finalizada}

Capítulo 61

- Lola, eu sinceramente estou sem tempo hoje, o que você quer? – Sei que já estava perdendo o pingo de educação que me restava. Mas ela merecia.

- Tem algo a fazer?

Odiava dar satisfações da minha vida, ainda mais para Lola que era tão intrometida. Geralmente a ignorava, assim como ignorava seu veneno, mas hoje. Hoje eu estava com pressa e precisava ver minha filha.

- Tenho que ver minha irmã no hospital.

- Mas ela acabou de sair de sua casa não? Vi ela saindo quando você chegou. – Lola não dava ponto sem nó.

- Sim, eu sei. – Falei obvia. – Vou encontrar com ela lá, e é importante. – Disse fria.

- Tudo bem, eu serei breve então. – Lola por fim percebeu que não era bem vinda. – Queria confirmar sua presença na festa beneficente, e saber se irá levar alguém. – A última oração tinha um sarcasmo tão grande que se tivesse força lhe daria um soco e lhe faria engolir os próprios dentes.

- Claro, pode marcar para duas pessoas. Irei acompanhada, e aliás, muito bem acompanhar. – Lembrei-me da promessa de Poncho, agora mais que nunca ele teria de cumprir.

Lola parecia surpresa, talvez não esperasse essa resposta já que todos os anos após os destroços do meu noivado, que acabara na véspera do casamento e que Lola fazia questão de remoer sempre que tinha oportunidade, eu ia sozinha, mas não este ano, este ano Poncho iria comigo. Se ele achava difícil sobreviver um dia inteiro na pobreza, queria o ver sobreviver uma noite apenas no meio de tantos tubarões.

Livrando-me de Lola, e sem mais tempo nem vontade de falar com ninguém fui direto para o hospital, queria ver minha filha, precisava estar com ela, principalmente agora que acordara. Ainda bem que Fábio me levou se não teria dirigido como uma louca para chegar mais rápido.

Entrei no elevador e subi para o andar dela, a passos lentos vi uma criança sorrindo na cama, do lado estava Rodrigo brincando com ela. Fiquei do lado de fora da porta observando os dois, e não contive meu sorriso. Por mais que meu primeiro pensamento fora arrancar Rodrigo dali de qualquer maneira e afastá-lo para sempre de Sophia não podia ser injusta.

Ele errou muito comigo e com Sophia, ele nem se quer apareceu para conhecê-la nos primeiros dois anos de vida, até a data de seu aniversário. Depois insistira tanto para poder ficar perto dela, e por mais que eu o culpe pelo acidente, a culpa era minha. Ele não estava lá, e eu quem me distraí. O fato é que durante esses dois anos que Sophia esteve em coma ele não saiu do lado dela, ele era um médico excelente e fez por ela o que eu, com o mesmo diploma, não consegui fazer.

Se dependesse de meus cuidados como médica minha filha estaria morta, e ele quieto e do modo dele, lutou dia a dia para que isso ocorresse. Querendo ou não essa vitória também era dele, e a filha também, também era dele.

Suspirei.

Entrei no quarto e vi-o já se ajustando para se retirar. Apenas movimentei a cabeça, como se dissesse que podia continuar. Gostava de ver Sophia sorrindo e ele fazia um ótimo trabalho.

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Hm... Será que ele vai se aproveitar disso e tentar reconquistar ela?!