Capítulo 67

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- Anahí, você encontrará todos os tipos. – Explicou-me. – Desde os que não sabem o próprio nome, aos que poderiam estar em qualquer outra posição social se dependessem somente da inteligência. Outros têm inteligência restrita, somente a algum assunto específico, mas o que realmente importa é que as maiorias dessas pessoas estão aí por conta do destino.

- Como assim?

- Existem os que não têm condições de fazer qualquer outra coisa, por conta de seu estudo e confesso que é maioria. Existem outros que foram muito inteligentes e até bem sucedidos, e acabam por se entregar as drogas em algum momento de sua vida. Existem os que não têm meio de fazer o que querem, por ciladas da vida. Acredite minha vida já fora melhor antes de Judy partir. E existem aqueles que estão no meio, e por isto não conseguem se livrar.

- Estão no meio?

- Crianças como Julia e Miguel, que nascem lá, não tem perspectiva de vida. Não tem um pai ou uma mãe, as vezes ambos, sofrem influencia dos demais moradores, dos traficantes, alguns são levados as drogas, outros ao tráfico, outros morrem antes de chegar a adolescência. É por isso que mantenho todos afastados de meus filhos.

- E por que eles te respeitam tanto? Respeitam teus filhos?

- Isto é algo complicado de explicar, Anahí. É questão de imposição e hierarquia. Eles sabem que eu seria capaz de matar um a um caso encostem um dedo se quer em um de meus filhos. Mas isso ainda não os livra de todos os males, como uma bala perdida por exemplo.

- É tudo muito complicado Poncho.

- Nem todos tem sua sorte Any, nascer em berço de ouro.

- Chama isso de sorte? – Suspirou por fim. – Você ao menos tem amizades sinceras, pessoas que se importam, uma família. Isso nem todo dinheiro do mundo pode comprar.

- Segurança também não.

- Poncho, nada impede de eu sair na rua agora, e me matarem por conta de meu carro, ou me sequestrarem por ser filha de quem eu sou. Você poderia ser até uma vítima aleatória, mas eu seria escolhida. Os parâmetros são diferentes, mas no fim é tudo a mesma coisa. – Suspirei. – Só queria que entendesse que não somos tão diferentes assim.

- E não somos. – Ele concordou finalmente abrindo um sorriso. – Só tem uma coisa?

- O que?

- Você terá de me ensinar a usar os talheres, não quero passar vergonha na festa. – Ele mudou completamente o assunto, provavelmente vendo o quão pesado estava ficando. Ambos rimos.

- E você irá as compras?

- Eu o que? – Exaltou-se.

- Sim, as compras. Quero meu acompanhante muito bem vestido, então pode se preparar, que querendo ou não fará uma visita ao shopping.

- Anahí eu...

- Sem "mas" nem "mais". Não quero saber sua opinião, irá ao shopping sim, comigo, e fará compras. Eu irei pagar, e se houver discussão ficarei mais que chateada. – Vi Poncho bufar rendido, sabia que iria me divertir muito no shopping com ele.


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Imagina esses dois no shopping! KKKKKKKKKKkk

O mendigo ✖ AyA {finalizada}Onde histórias criam vida. Descubra agora