Capítulo 122

736 36 0
                                    

Respirei profundamente, virei-me para Anahí e vi ela ali sentada, inocente e alheia ao que ia acontecer. Ela olhava para mim, mas pareceu não ter entrado na conversa.

"Bela ideia Alfonso Herrera". Pensei me recriminando. Acabava de ter trazido Anahí para o fogo cruzado, e se antes ela achava que eu vivia no meio de bandidos e criminosos sem ter argumentos, naquele momento em diante ela teria todo e qualquer argumento.

- Anahí... – Suspirei.

- Quem era? – Ela perguntou, talvez minha expressão ainda estivesse calma e ela não havia notado, mas por dentro eu estava com medo, minhas veias pulsavam como se tremessem. Com medo por mim, por ela. Céus, eu traumatizaria ela por toda sua vida.

- Era o Piolho. Ele veio me falar algo importante, e eu preciso agora mais que tudo que você me responda uma pergunta Anahí.

- Qual? – Agora o semblante de Anahí pareceu preocupado, talvez ela neste momento tivesse percebido meu nervosismo, e estivesse ficando nervosa também.

- Você confia em mim?

- Poncho, você está estranho? O que está acontecendo? – A voz dela começava a ficar levemente alterada, percebi que suas mãos suavam, de algum modo ela estava com medo de algo e ela não sabia explicar o que era. Talvez fosse sua reação natural ao ver que eu também tinha medo.

- Confia em mim Anahí? – Tentei manter somente a calma, para tentar tranquiliza-la também.

Ela somente assentiu.

- Então venha comigo para o quarto, e me ajude com umas coisas...

- E a louça? – Ela disse aproximando-se da mesa para juntar os pratos.

- Não importa Anahí. – Disse quase como um grito, não queria gritar com ela, não queria assustá-la mais. Então tratei de baixar meu tom de voz. – Desculpe. Deixe isso aí e venha para o quarto comigo.

Ela seguiu-me em silêncio, e com sua ajuda coloquei o colchão da cama que eu dividia com Julia para o chão. Também pegamos o colchão do berço de Miguel e colocamos ali.

- Anahí agora se deite aí. E me prometa uma coisa: Haja o que houver, ouça o que ouvir me prometa que se manterá deitada.

- Poncho, por favor, me explique o que está havendo. – Ela suplicou, sua voz estava embargada, tinha medo, percebi seus olhos marejarem.

- Primeiro deite-se e eu explicarei. – Ela se deitou e eu fiz o mesmo ficando bem perto dela. – As coisas não saíram como eu planejava Any, aconteceu algo aqui no bairro e as coisas vão ficar um pouco... – Procurei uma palavra amena para dizer a Anahí, mas nada vinha. – Assustadoras.

- Poncho... – Ela disse chorosa. – O que vai acontecer?

- Vai haver uma briga de gangues para disputar o ponto de trafico que foi liberado. Nós não somos alvos, nenhum dos moradores são. Eles vão brigar entre eles, matar uns aos outros, porém serão muitos tiros, muitos...


---------

Céus! E esses dois no meio disso! :( , coitadinha da Any, não ta acostumada com isso! :O

O mendigo ✖ AyA {finalizada}Onde histórias criam vida. Descubra agora