[ 27 de setembro, sexta-feira ]
Por mais que eu tenha apreciado as caronas que Lysandre me deu nos últimos quatro dias, tenho que admitir que é muito bom voltar a dirigir meu fusquinha querido outra vez. Não me sentava atrás do volante desde sábado à noite e estava morrendo de saudade! Estaciono na primeira vaga disponível que encontro, que fica bem ao lado da vaga reservada para um dos jogadores do time de basquete, e me certifico de que peguei tudo antes de sair do carro. Antes de ir para o colegial eu achava que essa história de vagas de estacionamento reservadas eram pura lorota, uma coisa inventada só para deixar os filmes adolescentes mais dramáticos ou sei lá, mas elas são bem reais — ao menos na minha escola. Nosso diretor é um grande fanático por esportes, então o capitão de cada um dos times possui tal privilégio. É meio injusto, acho, mas não reclamo; nenhum dos capitães nunca mexeu comigo, então não mexo com eles também. Além disso, tem vagas o suficiente para todo mundo.
Pego os materiais da primeira e da segunda aula no armário, depois compro meu café matinal na cantina e vou para o refeitório. Normalmente dou preferência para o pátio exterior, mas hoje está especialmente frio e o sol está bem fraco. Os dias vão ficando mais e mais gelados a medida que o inverno se aproxima. Estaremos congelando quando o fim de novembro chegar. Eu costumava ser uma grande fã da neve e dos ventos frios, mas agora prefiro climas mais amenos; é por esse motivo que a primavera é minha estação preferida do ano. A concentração de alunos no refeitório é grande, então demoro um pouco para encontrar uma mesa desocupada. Acesso um site de histórias no celular para ler enquanto aprecio meus trezentos ml's de bebida quente, e estou no terceiro capítulo de uma fanfic sobre Jikook quando alguém se junta a mim. Bloqueio a tela e levanto os olhos, esperando encontrar Lysandre, mas é claro que o universo não seria tão generoso comigo.
— Os dedinhos finalmente se curaram? — Castiel caçoa, tomando um gole do seu próprio café. — O que aconteceu? Atingi sua consciência?
— Por que sempre começa as conversas destilando veneno? Não pode começar me desejando um bom dia ou perguntando se está tudo bem?
— Bom dia, Greene! Tudo bem?
Reviro os olhos diante de seu tom debochado.
— O que é que você quer, hein?
— Muitas coisas. Nada que possa me dar.
— Por que está aqui, então?
— Porque eu adoro sua companhia. Nada é mais revigorante do que esse seu jeitinho frio. É como tomar um banho gelado logo pela manhã — ele sorri.
— Digo o mesmo! — sorrio de volta. — Seu jeitinho amargurado e azedo de ser é o que me dá energia para enfrentar o dia.
— Lindinha! — ele segura meu rosto com uma mão, apertando minhas bochechas enquanto balança minha cabeça de um lado pro outro. Empurro seu braço para longe. — Na verdade, Greene, quero te pedir um favor. Vou tirar o dente do siso hoje e preciso que me leve ao dentista e depois pra minha casa. Sabe como é, não posso pilotar estando dopado de anestesia.
Olho para Castiel por cima da borda do meu copo de café, arqueando as sobrancelhas. É bem raro ele me pedir alguma coisa, e um favor como esse era algo que eu jamais pensei que fosse ser dirigido a mim.
— Por que eu? Um dos seus amigos não pode fazer isso? Ou você não tem nenhum?
— Eles dirigem motos e preciso de alguém que tenha um carro. Foi a recomendação que deram — explica, ignorando minha provocação.
— Não pode ir e voltar de Uber? Eu tenho que trabalhar à tarde.
— Quer que eu ande de Uber dopado? Eu posso ir parar no México! — assumo uma expressão de indiferença, então Castiel se levanta. — Tá legal, Greene, eu peço esse favor pra um dos meus amigos. Mas saiba que se eu cair da moto, bater a cabeça no asfalto e morrer, a culpa vai ser toda sua. Vai conseguir viver sabendo que me matou?

VOCÊ ESTÁ LENDO
You
أدب الهواةNOTA: ESSA HISTÓRIA CONTÉM ERROS DE DATA QUE SERÃO CONSERTADOS POSTERIORMENTE - Você me ignorou a semana inteira - reviro os olhos. - Sua amiga deve estar te esperando. Vai embora. Tento fechar a porta, mas meus movimentos estão lentos demais, ent...