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[ 15 de dezembro, quarta-feira ]



Pisco algumas vezes quando a venda é retirada dos meus olhos e sorrio. Confesso que achei que fosse alguma jogada sexual quando Castiel disse que me vendaria com uma bandana, mas eu estava enganada. Nós estamos no topo do mesmo morro em que ele me trouxe naquela vez, e a minha frente tem um lençol estendido na grama com uma cesta em cima. Um piquenique noturno surpresa, com direito a uma bela vista da cidade. Meu coração vai explodir. Me viro para o ruivo.

— Uau! Quem diria que você é do tipo romântico?

— Do que está falando? Eu sou puro romance, até te dei metade do chocolate que achei na minha gaveta de cuecas hoje de manhã.
 
— Ah, claro. Sou tão sortuda por ter você — digo com sarcasmo, passando os braços ao redor de seu pescoço. Castiel apóia as mãos em minhas costas, sorrindo. — Não entenda mal, eu adorei, mas por que tudo isso?

— Não sei. Achei que seria bom fazer algo diferente depois do estresse que aquela infeliz causou. E está bem quente pra uma noite de inverno, então, por que ficar em casa?

Sorrio, sentindo as borboletas se agitarem no meu estômago, e o beijo. Nós nos acomodamos no lençol, e eu abro a cesta para retirar a comida. Castiel trouxe dois hambúrgueres, uma porção de batata frita, uma caixa de chocolates, uma garrafa de vinho e dois copos de plástico. Não é nada que se costuma encontrar em piqueniques normais, mas quem quer frutas e sanduíches naturais? Coloco tudo sobre o lençol, e começamos a comer. 

— Quando vai sair a campanha com as fotos que você tirou? 

— Na sexta. Leigh disse que vão colocar até num outdoor, estou ansiosa — bebo um pouco de vinho. — É uma pena que foi tudo tão rápido, já sinto falta daquela câmera incrível. Gosto da minha instax, mas gostaria de ter mais opções. 

— Por que não compra uma igual? 

— Câmeras profissionais são caras, e as lentes também — suspiro. — Estou guardando dinheiro para a faculdade, então não posso gastar muito. Mas tudo bem; um dia vou poder comprar todas as câmeras e materiais que eu quiser. 

— Claro que vai, garotinha — Castiel sorri e estica o braço para limpar uma sujeira no canto da minha boca. — Você já está contratada para ser a fotógrafa oficial da Crowstorm, quando ficarmos famosos. 

Nós continuamos a comer, beber e conversar até depois de tudo acabar. Castiel fala mais sobre a banda e como eles fizeram uma audição num estabelecimento, para tocar lá nos fins de semana. Fico feliz que ele esteja tão contente estando na banda, e espero de todo o coração que a Crowstorm faça muito sucesso. Quando a garrafa de vinho também chega ao fim, ambos estamos deitados, rindo de alguma coisa boba da qual não consigo me lembrar muito bem.

Viro a cabeça para olhar o ruivo. Ele está olhando para o céu, com o cabelo ruivo espalhado no lençol e o desenho de um sorriso contente nós lábios; seus olhos brilham sob a luz do luar, assim como o piercing em sua sobrancelha. Castiel é tão lindo que dói. Estico o braço para pegar o celular, que deixei ao lado da cesta, e coloco na câmera. O aparelho emite um som quando capturo a imagem, chamando a atenção dele. Ele arqueia a sobrancelha.

— O que está fazendo? 

— Tirando uma foto sua. Tenho uma pasta cheia delas — sorrio, deixando o celular de lado. — Com senha, é claro, caso alguém tente xeretar.

— Por que? Tem fotos obscenas? 

— Não! — meu rosto esquenta, mas eu já estava vermelha por causa da bebida. 

Castiel ri, então se apóia em um cotovelo para ficar numa posição mais elevada. 

— Você é tão linda que dói.

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