150

550 48 18
                                    

[ 10 de junho, terça-feira ]




  — Não acredito que vai perder a colação de grau.

  Observo da cama enquanto Castiel escolhe uma roupa; gotas de água se desprendem do cabelo recém lavado e escorrem pelas costas. Os fios já passam do ombro e o azul está começando a desbotar. Ele escolhe peças escuras, como sempre, e se vira para mim enquanto deixa a toalha cair no chão.

  — Não tenho escolha, Greene — diz, vestindo a cueca. — Estamos planejando o show ao ar livre. Posso pegar meu diploma depois.

  — Eu sei, mas seria muito bom se você estivesse lá — faço um bico. — Queria uma foto de nós dois com a beca e o capelo para colocar numa moldura na estante da sala.

  — E eu sou brega?

  — Não é nada brega, é uma lembrança legal para guardarmos.

  — Sei disso, sinto muito. Preciso trabalhar se quiser te dar uma aliança de noivado digna, com um diamante enorme.

  — Não preciso de um diamante enorme, Chase, não quero ser assaltada. Um ladrão poderia levar meu dedo e tudo, sabia? — me sento na cama, segurando o lençol para que ele não escorregue e revele meus seios.

  — Eu te amaria mesmo com um dedo faltando.

  — Não acredito que não podem te dar uma folga no dia da sua formatura. Você pode se situar de tudo depois, os meninos te atualizam.

  — Sinto muito, meu amor — ele se aproxima para beijar minha testa e eu me jogo no colchão. Castiel ri. — Não seja dramática, garotinha. Não estou indo para a guerra, vamos nos ver à noite.

  — Oh, mil perdões por querer estar com meu noivo em um dia importante como esse.

  — Agora está me chamando de noivo porque sabe que isso me amolece.
 
  — Está me acusando de chantagem emocional? — levo a mão ao peito, assumindo uma expressão ultrajada.

  — De jeito nenhum, sei que você seria incapaz disso — ele cruza os braços com uma expressão sabichona. — Eu prometo que vou tentar ser liberado a tempo da colação. Que horas vai rolar mesmo?

  — Às quatro.

  — Certo. Não quer tomar café comigo? Não precisa nem se vestir.

  Estreito os olhos e torço os lábios. Visto uma roupa confortável e chinelos antes de me juntar ao Castiel na cozinha. Eu faço o café enquanto ele prepara alguns waffles de mirtilo congelados — que não são tão bons quanto os frescos, mas poupam um bocado de tempo. Decido acompanhá-lo até o estacionamento para que possamos aproveitar mais alguns minutos juntos, e me despeço com um beijo longo.

  A manhã está agradável ao que parece, por isso decido voltar pela entrada principal em vez do elevador. Dou de cara com o Nathaniel com uma sacola de padaria na mão. Ele está usando jeans e camiseta, mas o cabelo está despenteado como se tivesse acabado de sair da cama. Seu sorriso brilhante contrasta com o meu, que é amigável porém discreto. Nós paramos por um momento em frente às portas de vidro.

  — Bom dia, flor do dia — Nathaniel cumprimenta, passando a mão pelo cabelo charmosamente. — Eu teria me arrumado melhor se soubesse que te encontraria tão cedo.

  — Não tem porque tentar me impressionar.

  — Parece que tenho, sim — ele tira um papel dobrado do bolso e me entrega. É um panfleto sobre o show da Crowstorm; não sabia que divulgariam assim. — Achei isso no caminho. A competição é forte.

YouOnde histórias criam vida. Descubra agora