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[ 04 de abril, sábado ]






    Leigh está encostado no carro quando saio de casa, guardando o celular no bolso. Ele me enviou uma mensagem para avisar que já havia chegado. Está vestido igual a um CEO, como sempre — os três primeiros botões da camisa social branca abertos, e as mangas enroladas até os cotovelos —, e o cabelo está penteado para trás, deixando seu rosto totalmente visível. Sob a luz da lua sua pele impecável parece porcelana. O maldito não tem uma cicatriz de acne sequer; provavelmente nem sabe o que é isso. O ar puro do interior deve fazer muito bem mesmo.

    — Andou fazendo compras no meu guarda-roupas? — ele brinca, acompanhando com os olhos cada passo que dou.

    — Como se eu tivesse grana pra pagar qualquer coisa que tem lá — retruco. — Até suas cuecas devem ser os olhos da cara.

    — Nem jantamos e já quer falar sobre minhas roupas íntimas?

    Sorrio. Leigh fazendo uma piadinha de cunho sexual é uma surpresa agradável. Na realidade, a roupa que estou vestindo — calça bege, camisa social creme, cinto preto e colete mostarda xadrez — foi comprada em um brechó que encontrei no centro da cidade, depois que Ariane me deixou. Exceto os tênis brancos, que já eram meus. Não tenho certeza do que aconteceu, mas acho que me saí bem. Pareço um mauricinho vintage e não paguei caro por isso.

    — As flores são pra mim? — pergunto, indicando o buquê em tons pastéis em sua mão. Ele é composto por três ou quatro tipos de flores diferentes, mas só reconheço as rosas brancas.

    — São. Tudo o que você tem direito, lembra?

    Esse cara está me fazendo corar como uma colegial.

    — Valeu, são bem bonitas — pego o buquê e levo ao nariz. Tem cheiro genérico de flor. Não entendo muito disso. — Quanto custou? Uma vez me cobraram quarenta pratas por *duas* rosas vermelhas.

    — Não se pergunta o valor de um presente, Keith. Onde estão seus modos?

    — Deixei como pagamento por essas roupas.

    — Engraçado. Bom, vamos? — ele abre a porta do carro para mim. — Não queremos perder a reserva.

    — Claro, eu só vou entrar e guardar as flores. Eu deveria colocá-las na água, ou elas vão morrer de qualquer jeito?

    Isso o faz rir, embora seja uma pergunta genuína. Não temos nenhum vaso sobrando em casa, e não me darei o trabalho de usar a jarra de suco se não for necessário.

    — Fica a seu critério.

    Deixo as flores sobre a minha cama. Leigh também fecha a porta do carro para mim depois que entro no veículo. Não pergunto aonde vamos; não conheço nenhum lugar chique por nome mesmo. Sequer presto atenção no caminho. Me distraio com o rádio, nossas conversas aleatórias e com o quão atraente Leigh fica dirigindo com uma mão só.

    Caramba, eu entrei de cabeça nisso. Em uma hora nem tenho certeza se curto homens também, e na outra quase fico com uma ereção só de ver um homem bonito dirigindo. Talvez eu seja um pouco intenso demais. Isso não é um problema, é? Pode ser que só seja Leighsexual.

    — Chegamos — ele anuncia, estacionando o carro e saindo rapidamente para abrir a porta para mim.

    — Ué, essa é sua casa.

    — Não, essa noite é o restaurante mais exclusivo e romântico da cidade.

    — Jura? E seu irmão vai ser nosso garçom?

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