[ 30 de janeiro, domingo ]
Passei o resto do sábado inteiro chorando de raiva e tristeza e lutando contra a vontade de ir atrás do Castiel. Minha família tentou especular, e eu fiz um pequeno resumo: problemas no relacionamento. Acordo no domingo por volta das dez da manhã, mais tarde do que costumo despertar normalmente, e confiro o celular; nada. Me arrasto até o banheiro e paro na frente do espelho. Meu rosto está inchado, meus olhos estão vermelhos e doloridos, e pareço tão arrasada por fora quanto estou por dentro.
Não me preocupo em ficar mais apresentável antes de descer para tomar café. Depois da confusão de ontem, mal tive fome. Lysandre e Ariana estão na cozinha quando entro; minha irmã está inspecionando um hematoma roxo na bochecha esquerda do amigo. Paro na mesma hora.
— O que aconteceu? — pergunto, pulando os cumprimentos.
— A-ah, eu caí e bati o rosto no canto da banheira — Lysandre responde, parecendo um tanto agitado.
Ele não me olha nos olhos, e de alguma forma sei que não é porque não nos falamos desde o beijo. Lysandre está mentindo. Minhas mãos se fecham em punhos ao lado do corpo.
— Foi ele, não foi? — questiono entredentes.
Não preciso de uma resposta verbal, sua expressão diz tudo o que preciso saber. O que havia sobrado de sono e cansaço dá lugar à raiva novamente. Isso não vai ficar assim, não dessa vez. Sem dizer mais nada, volto para o quarto e visto a primeira roupa que encontro pela frente, depois pego a chave do carro e saio sem falar nada para ninguém.
Castiel não demora para atender a porta. Sua aparência é tão ruim quanto a minha, mas não espero tempo o suficiente para que isso me afete. Empurro seu peito com o máximo de força que consigo reunir.
— Seu grosso, imbecil! — esbravejo, entrando no apartamento e fechando a porta com o pé. — Como se atreveu a bater no Lysandre?— Como me atrevi?! O cara beija a minha namorada e quer que ele saia impune?
— Você nem sabe como as coisas aconteceram! Não é assim que se resolve os problemas, Castiel!
— É sério? Vai mesmo ficar do lado dele?— Vou. Você está errado e sabe disso.
— Não fui eu quem mentiu.
— Ninguém mentiu — grito. — Eu errei, sim, por não ter te contado logo de cara. Lysandre errou, sim, ao me beijar. Mas você também errou ao fazer aquele show na padaria, também errou ao me acusar sem me ouvir primeiro e errou de novo quando foi atrás do Lysandre. Tem alguma ideia do quão humilhante foi ter aquela briga em público? — ele abre a boca para retrucar, mas eu não permito. — Eu estou cheia desse seu comportamento! Você é esquentado e impulsivo, e precisa aprender a escutar e pensar antes de agir e falar. Eu não vou mais tolerar isso, inclusive o jeito como você trata pessoas que não te fizeram nada.
Estou ofegante quando termino de falar, e minha garganta dói um pouco por abusar do volume da voz. Castiel engole em seco, e ouço apenas medo e tristeza em sua voz quando pergunta:
— O que quer dizer com isso?
— Quero dizer — pisco para tentar conter as lágrimas. — que talvez seja melhor nós darmos um tempo, para pensarmos nas nossas atitudes.
Dizer isso dói mais do que ouso admitir. Castiel fica sem reação por tempo, mas posso ver o quanto minhas palavras o machucam.
— Você não... me ama mais?
— Amo. Eu te amo profundamente. No entanto, a menos que repense algumas coisas, não poderemos ficar juntos.
Ficamos em silêncio pelo que parecem horas. Abro a porta, e estou quase saindo do apartamento quando quando ele finalmente diz alguma coisa.
— Eu não acredito em dar um tempo, Greene — sua voz sai falhada e chorosa. — Ou estamos juntos, ou não estamos.
É como levar uma flechada bem no peito, só que não do Cupido. Perco o ar, e sou obrigada a respirar fundo algumas vezes antes de me virar para olhá-lo nos olhos. Traços molhados marcam um caminho em suas bochechas.
— Então não estamos — determino com um nó na garganta.
Saio do apartamento e caminho rapidamente até o elevador, sentindo que meu peito pode explodir a qualquer segundo. Essa é a pior dor que já senti. Assim que as portas metálicas se fecham, minhas pernas cedem e eu caio no chão, soluçando alto.
Oh, a dor! Meu peito chora!

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أدب الهواةNOTA: ESSA HISTÓRIA CONTÉM ERROS DE DATA QUE SERÃO CONSERTADOS POSTERIORMENTE - Você me ignorou a semana inteira - reviro os olhos. - Sua amiga deve estar te esperando. Vai embora. Tento fechar a porta, mas meus movimentos estão lentos demais, ent...