[ 11 de outubro, sexta-feira ]
Eu nunca cheguei a desejar que o Castiel tomasse um chá de sumiço e desaparecesse de vez da minha vida, mas também nunca cogitei que ficaria chateada caso isso acontecesse. Bom, eu estava errada. Nós não temos nenhum tipo de contato há quase uma semana e isso está me incomodando mais do que eu gostaria de admitir.
Depois do que rolou no sábado, eu esperava que as coisas ficassem estranhas por uns dois dias e depois voltassem ao normal, mas não foi isso o que aconteceu. Nos últimos seis dias o ruivo tem me evitado como se eu fosse algum tipo de praga. Não que eu tenha tentado me aproximar. Fiquei em lugares bem visíveis durante os intervalos para que fosse facilmente encontrada, e olhei ansiosamente para a porta a cada freguês novo que entrava, mas não me ouvirão confessar isso em voz alta. Esse comportamento não faz o menor sentido; eu não deveria estar feliz por finalmente poder ficar em paz?
Mamãe tem batido na porta do meu quarto toda madrugada, apesar de o ovo ainda estar no apartamento do Castiel, mas isso não tem nenhuma importância porque essa história está mexendo tanto comigo que mal tenho conseguido dormir. Juro que posso sentir meus neurônios fritando enquanto tento entender que droga está acontecendo. Castiel está bravo? Chateado? Por que? Sua atitude é tão confusa e irritante! Como ele ousa ignorar minha existência depois de eu ter me arriscado para vê-lo? E por que essa merda está me perturbando tanto?
Quer saber? Chega de ficar pensando nisso. Não posso ficar me torturando assim, principalmente por causa daquele ruivo idiota. É sexta-feira e já saí do trabalho há duas horas; deve haver jeitos melhores de aproveitar o resto do dia. Chuto os cobertores pra longe, visto um casaco e saio do quarto, pegando a chave do carro no caminho. Meus pais saíram há vinte minutos para comprar ingredientes para o jantar, e Ariana e Lysandre estão vendo televisão quando passo pela sala. Eles estão grudados como um casal de namorados, mas já estou irritada demais para me sentir afetada por essa cena.
— Vou sair um pouco — aviso. — Volto antes do jantar.
— Aonde vai? — minha irmã pergunta, levantando a cabeça que antes estava apoiada no peito de Lysandre.
— Não sei. Vou rodar por aí e ver se acho algum cenário legal pra tirar umas fotos.
— Legal! Não precisa de modelos, por acaso? Tem dois excelentes bem aqui.
Ambos assumem caretas e poses ridículas, me fazendo rir. Talvez seja uma boa ideia levá-los comigo. Apesar da leve amargura que costumo sentir quando os vejo juntos, creio que não existem pessoas melhores para me ajudar a me distrair. Assim que aceito a oferta, Ariana corre escada acima alegando que precisa se produzir. Peço que ela não demore para que possamos aproveitar a luz do sol. Lysandre e eu ficamos sozinhos no cômodo e, depois de alguns segundos em silêncio, ele chega mais perto.
— E aí, Ari, como anda seu ovo?
— Bem, eu acho. Ele está com o Castiel. E o seu?
— Como está meu ovo? — ele zomba, abrindo um sorriso ligeiramente malicioso. Rio de puro espanto por ouvir uma piadinha suja sair da boca do Lysandre. — Ele está bem. A Lizzie o batizou de Elliot, então só o chamamos assim agora. O seu tem nome?
— Ovo — dou de ombros. — Ou bebê.
— É justo. Você e o Castiel estão se entendendo bem?
— Tanto quanto é possível.
Não é bem uma mentira, embora também não seja verdade. Nós poderíamos estar nos entendo melhor, mas não quero me aprofundar nesse assunto. Se nem eu mesma entendo o que está acontecendo, não é o Lysandre que vai entender. Ele não nos conhece o suficiente para conseguir formar uma opinião. Além do mais, não seria tolice contar sobre o quase beijo para o garoto que eu gosto?

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Fiksi PenggemarNOTA: ESSA HISTÓRIA CONTÉM ERROS DE DATA QUE SERÃO CONSERTADOS POSTERIORMENTE - Você me ignorou a semana inteira - reviro os olhos. - Sua amiga deve estar te esperando. Vai embora. Tento fechar a porta, mas meus movimentos estão lentos demais, ent...