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[ 22 de janeiro, sábado ] 



  De novo, eu mal dormi a noite toda. Foquei tanto no meu aniversário de namoro que, por um momento, esqueci qual é o real propósito dessa viagem à São Francisco: a possibilidade de trabalhar para a i-D. Quando me lembrei, no entanto, fiquei ainda mais ansiosa. Eu espero mesmo que eles me dêem uma oportunidade. Ter minhas fotos em uma revista famosa seria uma divulgação incrível, poderia abrir outras portas ótimas. 

  A reunião acontecerá às nove e meia, então novamente me levanto antes de o sol nascer. Tomo um bom banho, visto a roupa que separei ontem à noite e confiro minha pequena bagagem antes de descer para tomar café. Eu assegurei a mamãe de que ela não precisava acordar de madrugada por minha causa, que eu poderia me virar sozinha e que enviaria uma mensagem quando chegasse em São Francisco, então sou a única desperta agora. 

  Alguém bate na porta no exato momento em que passo por ela, então interrompo meu caminho até a cozinha para abri-la. Castiel chegou primeiro, é claro. Leigh passará aqui antes de sairmos porque vou seguir seu carro durante o trajeto, para não acabar me perdendo. Eu poderia usar o GPS, mas não será necessário nesse caso. O ruivo está usando calça preta, coturnos pretos, camiseta vermelha e uma jaqueta preta de couro. Há um bracelete também de couro preto no pulso direito e uma corrente prateada em volta do pescoço, fora o permanente anel do humor. Seu cabelo está molhado. 

  — Puxa vida! — assobio. — Você se empenhou. 

  — Você pediu para eu me vestir como se fosse fazer um show, então foi o que eu fiz — ele faz um gesto com a mão. — Estou gostoso ou não estou? Dê a resposta certa e ganhará um prêmio. 

  — Você está tão gostoso que me fez salivar. 

  — Muito bem, garotinha — ele sorri de canto, leva a mão às costas e revela uma rosa amarela. — Feliz aniversário. 

  — Obrigada — sorrio, levando a flor ao nariz. — Posso perguntar uma coisa? Por que são sempre rosas amarelas? 

  — Uma vez eu vi que rosas amarelas podem significar amor, respeito e alegria. Eu te amo, eu te respeito e você me faz feliz, então é apropriado. E rosas vermelhas são clichês demais. 

  Sinto meu peito aquecer até meu coração se derreter e virar uma poça de pura adoração aos meus pés. Dou um passo adiante, envolvo seu pescoço com meus braços e lhe dou um beijo lento e carinhoso. Castiel apóia uma mão um pouco acima do meu bumbum e usa a outra para acariciar minhas costas. Ele está cheirando a sabonete e perfume; um aroma tão reconfortante que me dá vontade de abraçá-lo por horas. 

  — Eu te amo tanto! — digo, lhe dando alguns selinhos. — Te darei seu presente em São Francisco. 

  — Não tem que me dar nada. 

  — Mas vou dar. 

  — É por isso que pediu para eu me vestir assim? Pode me dar uma dica do que é, pelo menos? 

  Nego com a cabeça.

  — Acho que você vai gostar. Até comprei uma roupa especial pra ocasião. 

  Castiel afasta a cabeça, franzindo as sobrancelhas com desconfiança. 

  — Não é um casamento surpresa, é? 

  — Na verdade, é. Assim que eu sair da reunião, vou te levar direto para uma capela. 

  — Hum, alguém está querendo me ver descalço e grávido. 

  Jogo a cabeça para trás, rindo, então entramos para tomar café. 

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